Empresários goianos que participam da missão comercial a três países do leste europeu avaliam como positiva a etapa russa das rodadas de negociações encerrada na sexta-feira (26). Os eventos aconteceram em Moscou e em São Petersburgo. Eles enxergam possibilidades de alavancar ou ampliar as atividades comerciais. A comitiva chefiada pelo vice-governador e secretário de Desenvolvimento (SED), José Eliton começa nesta segunda-feira (29) a segunda fase dos encontros, desta feita em Minsk, capital de Belarus, maior cidade do país e sede da Comunidade de Estados Independentes (CEI).
“A Fieg vai fazer a aproximação entre o setor produtivo goiano e a Rússia, para que aproveitem as oportunidades, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, Pedro Alves. “Foi uma ótima surpresa perceber que há um grande interesse daquele pais em ampliar as relações comerciais e industriais com o Brasil e, em especial, Goiás”, afirma. Ele ainda ressalta o fato de a Rússia ter uma grande influência em todo o leste europeu.
De acordo com Pedro Alves, a Rússia tem crescente interesse em comprar dos goianos alimentos como carnes (aves, bovinos, suínos), grãos (soja, milho, derivados) e também açúcar. O país, por sua vez, tem em abundância adubos e fertilizantes que interessam diretamente aos produtores goianos. O presidente da Fieg informa que os russos vão agendar visita ao Estado e a Fieg irá promover esse encontro.
Com um dos resultados da primeira etapa da missão, o presidente da Fieg assinou carta de intenções com o Conselho de Negócios Rússia-Brasil, seção do Distrito Federal Noroeste, por intermédio do chefe da Representação Regional, Evgeny Zhikh e Associação para a Promoção e Desenvolvimento de Negócios de São Petersburgo – Informações Interregionais e Centro de Negócios, por intermédio da presidente Lidia Alexeevna. As partes se comprometeram a desenvolver cooperação nos âmbitos comerciais, econômicos, financeiros, científicos e técnicos, apoiando as iniciativas das autoridades públicas, sociais e outras organizações pertinentes aos setores mencionados.
Pedro Alves acredita que poderá haver reciprocidade de cooperação grande e citou setores importantes como unidades de ensino voltadas para alimentação, automação e fármaco. “Acredito que a missão trará resultados positivos para Goiás e a Rússia”, avalia. Outro aspecto que julga importante é a interação entre o setor privado e o governo do Estado. “Os objetivos são convergentes”, diz.
Francisco Tomazini, dirigente da Nutriza Agroindustrial de Alimentos S.A., observa que sua companha já atua há bastante tempo na Rússia. Ele acredita que a demanda será crescente. “O Brasil se tornará cada vez mais importante para abastecer o mundo de alimentos, em especial proteína animal”, diz.
Gilberto Lucena Júnior, do setor comercial do Centro Logístico de Apoio à Exportação (Claex), celebra o fato de a missão ter resultado em novos parceiros nos setores de fertilizantes e adubos. “Com a nova logística multimodal, aproximamos Goiás das fronteiras marítimas”, observa. Segundo ele, a comitiva coordenada pelo Governo do Estado, em parceria com entidades goianas, vem de encontro à tendência mundial dos grandes armadores, o aproveitamento do frete retorno. “A Claex agradece ao vice-governador José Eliton e às autoridades por abrirem as fronteiras com a Rússia, Belarus e Polônia”.
Segundo Hugo Leonardo Spenciere, também dirigente comercial da Claex, a companhia que integra executa estudos necessários à implantação deste aproveitamento do frete retorno: containers que integram a rota do comércio não voltariam vazios.
Ele cita um caso, no que se refere ao comércio entre Brasil e Rússia: os containers saíram do Brasil com carnes e retornariam com fertilizantes, por exemplo. Situações similares, envolvendo os demais produtos, teriam a mesma lógica.
“A Claex executa estudos de inteligência de mercado para mapear o sistema de importação/exportação de mercadorias entre o Brasil e os países onde temos atuação”, explica. “Queremos casar esse processo para que não haja perna vazia e, com isso, reduzirmos de maneira significativa os valores do frete”.
Ele avalia que, no caso de Goiás, todo processo que envolve importação/exportação no raio de mil quilômetros nesta região, a logística seria mais eficiente, e com custos mais atrativos, se fosse realizada via Porto Seco de Anápolis, com quem a Claex possui uma parceria.
Hugo também fez questão de agradecer o governo do Estado, na pessoa do vice-governador José Eliton, pela iniciativa de promover as potencialidades do Estado e produtos goianos no mercado internacional.
Aroldo Silva Amorim Filho, presidente da Bonasa, companhia voltada para a produção de alimentos (aves, suínos) cita as experiências enquanto exportador para nações e continentes como Hong Kong, África e América Latina. “Considero extremamente importante celebrar acordos com países do leste europeu”, observa. “Percebemos que os russos foram muito receptivos, em especial no que diz respeito às carnes. Eles já são grandes importadores de alimentos do Brasil mas, frente ao embargo imposto pelos EUA e Comunidade Europeia, aumentam ainda mais as possibilidades, já que não são autossuficientes”, completa. O empresário também considera importante o ingresso de Goiás na Câmara de Indústria e Comércio de São Petersburgo.
Roberval Dias Martins, diretor comercial da Alca Foods, espera novas oportunidades de negócios e acredita que, especialmente na Polônia, poderá formalizar parceiros importantes para a distribuição dos produtos. Sua empresa se destaca por popularizar o consumo de cereais matinais entre todas as classes sociais.
A Alca Foods, Indústria de Cereais Matinais, foi fundada em Itumbiara em 1995, com início das atividades operacionais em fevereiro de 1996. A empresa possui cerca de 280 colaboradores internos em três turnos de trabalho. O complexo industrial possui área construída de 4800 m², em que são realizadas a fabricação e distribuição de cereais matinais à base de milho, arroz, trigo, soja, mel e aveia.
Também participaram da primeira etapa da missão, na Rússia, Marçal Henrique Soares, presidente executivo do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás e Alexandre Moura, diretor comercial da Sotrigo.