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Testosterona não é tudo, nem para homens e nem para as mulheres. Somos seres biopsicossocioculturais e o desejo sexual é multifatorial.
O organismo masculino precisa de uma quantidade maior de testosterona não só para manter um bom desejo sexual, mas também para que os caracteres sexuais secundários se desenvolvam, como barba, pêlos em região genital, pernas, axilas. A testosterona será importante também na ereção, força muscular, timbre de voz.
Nos homens, uma diminuição de testosterona impacta diretamente na libido, diminuindo a mesma. Porém o aumento acima de níveis supra fisiológicos não trará mais desejo que o habitual e poderá ainda causar disfunção erétil e infertilidade. Fica aí o alerta para quem exagera no uso inadequado desse hormônio para fins estéticos ou com o intuito de ganhar massa muscular. Tem muita gente “bombada” por aí e isso é um risco tanto para a sexualidade quanto para o coração.
Nas mulheres, os níveis de testosterona sanguíneos não têm uma correlação direta com o desejo sexual, pois vários outros fatores emocionais e relacionais podem estar envolvidos.
O desejo masculino e interesse por sexo sempre pareceu ser maior, mas não é só pela testosterona. Os homens foram treinados para pensar em sexo, enquanto as mulheres foram reprimidas. Fatores culturais têm um papel fundamental na forma como homens e mulheres se relacionam com o sexo e com seus próprios corpos. O genital masculino está mais visível, facilitando uma melhor relação do homem com essa parte do seu corpo. Além disso, o pênis sempre simbolizou o poder masculino e está diretamente ligado à masculinidade, fertilidade e virilidade desse homem.
A cobrança por uma performance masculina exímia quando o assunto é sexo é histórica e traz uma carga pesada para os homens além de associar o desempenho sexual à sua masculinidade.
A ideia de que para o homem funcionar bastava ligar um botão enquanto as mulheres precisariam acionar vários botões, vem sendo desconstruída através dos tempos.
Pensar que basta para um homem olhar uma mulher nua e seu pênis estará ereto pode não ser verdade. Os homens também precisam de estímulos, e não são só estímulos visuais.
Tem sido cada vez mais comum homens com diminuição da libido e que não procuram por sexo há meses ou até anos.
E por que o desejo sexual masculino diminui?
Sempre que isso acontece precisamos avaliar questões físicas, emocionais e relacionais:
1 - Uma consulta com o urologista é fundamental para verificar como estão as dosagens hormonais não só da testosterona, mas também dos hormônios da tireóide e prolactina, que quando estão alterados podem levar a uma diminuição da testosterona.
2- Avaliar a saúde mental. O Brasil é hoje o país com o maior número de ansiosos no mundo e ansiedade e depressão impactam diretamente no desejo sexual. Tratar essas doenças com um psiquiatra experiente e que esteja atento às questões sexuais é importante, pois alguns medicamentos para ansiedade e depressão também podem diminuir a libido. Porém existem antídotos que podem equilibrar essa libido e ao mesmo tempo permitir a melhora da ansiedade e depressão.
3- Relacionamentos conturbados levam à diminuição do desejo sexual. Cultivar esses relacionamentos de forma saudável com afeto, diálogo, respeito à individualidade de cada um é importante para que o relacionamento se mantenha e traga satisfação aos envolvidos, alimentando o desejo.
4- Doenças cardiovasculares e diabetes podem impactar a função sexual interferindo na ereção. É comum que homens com falhas na ereção procurem menos por sexo para não passarem pelo constrangimento de falharem na “hora H”. E com isso acabam tendo seu desejo diminuído.
5-Alguns medicamentos podem interferir no desejo sexual e é sempre importante verificar com seu médico.
6- Sedentarismo, obesidade, tabagismo e uso excessivo de álcool também impactam o desejo e a qualidade da ereção. Hábitos de vida saudáveis são fundamentais para uma boa vida sexual.
Um outro grave problema relacionado a esse mito de que os homens estão sempre prontos para sexo é o aumento no número de jovens de vinte e poucos anos dependentes de medicamentos à base de Sildenafila ou Tadalafila (Viagra, Cialis, etc…). A cobrança na performance leva esses jovens a desenvolverem “Ansiedade de Desempenho” liberando muita adrenalina na corrente sanguínea e atrapalhando a ereção. Por medo disso acontecer, eles usam a medicação para melhorar a ereção e acabam dependentes da mesma. E em alguns casos chega uma hora que nem a medicação resolve mais.
Em todos esses casos, os aspectos emocionais precisam ser trabalhados. A masculinidade de um homem não pode ser medida apenas pela sua capacidade de ter uma ereção. Um homem não é apenas o seu pênis e não está sempre pronto para o sexo e não é obrigado a estar.
Homens também precisam de estímulos adequados, precisam de carícias, precisam de contato, precisam se sentirem desejados, admirados.
Eles também precisam de ajuda e acolhimento quando apresentam alguma disfunção sexual e precisam de espaço para falarem disso sem serem julgados ou ouvirem dos amigos e das companheiras - Você é “broxa”, um “impotente”.
Um olhar mais amplo para a sexualidade e a desconstrução de muitos desses mitos se faz necessária para que possamos vivenciar o prazer de uma forma mais plena e satisfatória, pois afinal O PRAZER É TODO SEU!
@drajoicelima
