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Medo de ficar sem celular não é vício, é uma doença e tem nome: Nomofobia

Pessoas que não conseguem ficar sem celular podem sofrer ansiedade típica da modernidade; 35% dos brasileiros mexem no celular a cada dez minutos
A nomofobia é o nome dado à sensação de medo ou agonia que um indivíduo tem de se sentir incomunicável por estar sem o aparelho celular ou computador. Seu nome vem do inglês “no more phone phobia”, que significa “medo de ficar sem telefone”. Essa fobia vem se tornando cada vez mais frequente no mundo atual devido a necessidade de velocidade de que adquirimos com o passar dos anos. Enquanto nossos ancestrais esperavam meses para receber extensas cartas vindas de outros continentes, hoje não conseguimos ficar quietos por nossas simples mensagens não chegarem ao outro lado do mundo em menos de um minuto.
Um grande difusor da nomofobia nos dias de hoje são os famosos smartphones. Esses pequenos aparelhos, que podem caber na palma de nossas mãos, vêm conquistando o mundo e prendendo cada vez mais pessoas em suas telas e incentivando não só a nomofobia como também o Transtorno de Dependência a Internet (TDI).
A estudante de Direito Ana Laura Dias, 18, diz que só consegue largar o celular no período em que está dormindo. Ela está com o celular ao seu lado enquanto dorme, trabalha, e não o larga nem mesmo quando está comendo: “Até na hora de comer, estou com ele na mão. Só quando estou digitando algo no computador para o escritório ou quando estou conversando com clientes é que deixo ele no bolso. Não fica longe de mim não”.
Ana Laura admitiu que o curto período de tempo que passa sem o celular a deixa chateada e que ela tem de manter a mente bastante ocupada para não sentir falta do aparelho. A estudante disse se sentir solitária e nervosa. “Chego a ficar triste”, explica. Ana Laura até mesmo comprou uma capa impermeável para não se afastar do celular nem mesmo na hora de tomar banho e disse ter perdido noites de sono respondendo mensagens pelo aparelho.
Segundo a psicóloga Ana Carolina, a nomofobia é bastante comum em pessoas ansiosas, ligadas à tecnologia e que tenham dificuldade em se comunicar: “Aqueles que não conseguem se enturmar muito bem em uma roda de conversa, puxar assunto e estabelecer novas amizades, se sai muito bem nesse ambiente virtual, uma vez que essa dificuldade não aparece nesse ambiente”.
A psicóloga, no entanto, afirma que todos somos um pouco nomofóbicos, pois a versatilidade que os smartphones proporcionam instiga as pessoas a permanecerem conectados a eles. Ana Carolina diz que estar conectado a tudo e a todos fascina os usuários dos smartphones. E ainda compara: “É como darmos um brinquedo encantador a uma criança e depois tirarmos dela. É lógico que ela vai sentir falta! E é o que acontece com a gente”.
CONTROLE
A nomofobia, segundo Ana Carolina, fica fora de controle quando as pessoas perdem a barreira do presencial com o virtual. Por exemplo, quando o usuário começa a dar mais atenção para as conversas que está tendo via WhatsApp do que para as pessoas a sua frente, trazendo prejuízos para a vida pessoal e social da pessoa. A psicóloga também conta que para prevenir seria necessário tomar cuidado com a frequência que usuário do celular permanece conectado no aparelho, “Perceba a relação com seu smartphone, você dá mais importância às redes sociais ou a pessoa que está a sua frente? Saiu com amigos? Deixe o celular de lado um pouco, aproveite o momento que esta ali para ser vivido. Em momentos de lazer e descanso, se policie quanto ao uso destes aparelhos”, aconselha. Ana Carolina ainda cita a genialidade da evolução tecnológica e da conveniência que os smartphones trazem para facilitar a vida das pessoas, porém relembra que todo progresso também traz consequências negativas e que  são essas que devem ser evitadas.
Para se tratar a nomofobia, é necessária a colaboração do usuário para que junto com o profissional para determinarem se a quantidade de tempo gasto no celular é saudável e, caso não seja, mostrar ao paciente sua dependência e guia-lo para que compreenda o exagero assim como estabelecer limites de uso para que o aparelho “deixe de ser parte do corpo da pessoa” e volte a sua condição original de aparelho eletrônico.
Pesquisa mostra que 35% dos brasileiros mexem no celular a cada dez minutos
Uma pesquisa feita pela revista Time e pela Qualcomm, com cinco mil participantes, mostrou um resultado surpreendente ao indicar que 79% dos entrevistados se sentem mal quando não estão com o celular por perto. A pesquisa também indicou que no Brasil 58% dos entrevistados admitiu verificar o celular a cada 30 minutos enquanto 35% verifica o aparelho de dez em dez minutos.
A Phd Anna Lúcia Spear King, pesquisadora do Laboratório de Pânico e Respiração do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez da nomofobia seu tema de doutorado no ano de 2012. Seus estudos indicaram 34% dos entrevistados afirmaram ficar ansiosos sem aparelho, e que 54% disseram ter “pavor” de passar mal no meio da rua e não portar o aparelho.
Exagero
No ano passado, um instalador de ar-condicionado reagiu a um assalto, em Vitória, capital de Espírito Santo, e tirou uma selfie, acompanhado do assaltante. Em testemunho o rapaz afirmou que estava andando pela rua quando foi abordado pelo homem, que estava em cima de uma bicicleta, que o mandou entregar o celular. Após negar duas vezes a condição imposta, o jovem empurrou a bicicleta do homem, que ao tentar correr caiu na calçada, o imobilizou com uma chave de braço e tirou a foto enquanto a polícia chegava ao local.
Selfie no México
Óscar Otero Aguilar, um jovem mexicano de 21 anos, morreu no meio do ano passado quando tentou fazer uma selfie para postar na rede social Facebook. O rapaz tentou fazer uma foto em que apontava uma das armas que possuía para sua cabeça, porém Óscar estava embriagado e acidentalmente puxou o gatilho da arma invés de tirar a foto. Segundo a revista “Excelsior” quando os policiais chegaram ao local chamaram de imediato os paramédicos que confirmaram a morte imediata do rapaz

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