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Sertanejo goiano nos anos 1960

A cidade de Goiânia adquiriu, principalmente no início da década de 1990, a alcunha de ‘capital do sertanejo’. Apesar de a música sertaneja não originar-se especificamente no território de Goiás, a forte cultura agrícola e a vivência diária do homem do campo fez com que as modas sertanejas fossem espalhadas por todas as direções, adquirindo as mais diversas influências, desde música negra, indígena e cantigas de folia de reis.

A dupla Marrequinho e Nuvem Negra, formada na capital na década de 1960, deixou dois registros importantes que, quando executadas, transportam o ouvinte para uma jovem Goiânia, que nem de longe imaginaria sediar o maior palco do mundo, entrando em 2015 para o Guinness Book com o evento Villa Mix. O EP homônimo lançado em 1964 traz quatro canções que são verdadeiros resgates históricos para quem tem curiosidade de conferir a cena local antes de toda a explosão do gênero no fim do século.

Compositores


Marrequinho é um dos compositores goianos que mais contribuíram com a cultura do sertanejo no estado quando Goiânia não passava de uma jovem de 20 e poucos anos, e quando a cidade não tinha mais do que 200 mil habitantes. Nasceu em Orizona (antigo Campo Formoso) em 1940, mudando-se para a capital apenas sete anos depois. Nuvem negra também trabalhou como compositor, sendo dele a autoria da canção ‘Se a lua contasse’, presente no EP da dupla.

Uma das figuras mais respeitadas da cultura goianiense. Segundo o site ‘Garagem Mp3’, Marrequinho é responsável por “mais de 150 composições de Marrequinho foram gravadas por artistas sertanejos tanto de Goiás quanto de São Paulo e de outros estados do Brasil. Por exemplo: Trio da Vitória: Meu Erro, Falso Amigo, Mil Mulheres, Amor Volúvel”.

Ainda segundo o site, suas composições já foram gravadas pela maioria dos grandes artistas do gênero no país, incluindo “Belmonte e Amaraí, Lindomar Castilho, Zé Vidal e Vidalzinho, Creone e Barreirito, Amilton Lelo, Bandeirinha e Goianinha, Duduca e Dalvan, Poeta e Trovador, Pedro Bento e Zé da Estrada, Trio Parada Dura, Matogrosso e Mathias, Barreirito em duas vozes, Muniz Teixeira e Joãozinho”, e muitos outros. O Blog do Marrequinho, mantido pelo próprio, foi criado para catalogar e preservar lançamentos da música sertaneja do estado e dos arredores.

Em 2010 o compositor lançou o livro “Marrequinho – O menino de campo formoso”, que traz histórias biográficas que revelam bastante coisa da tradição sertaneja, tanto no interior do estado quanto na capital. Segundo o garagem MP3, o livro teve apoio da AGEPEL (Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira), “que considerou essa obra de grande importância cultural e de grande valia para os pesquisadores, historiadores, estudiosos da história da música sertaneja e particularmente aos admiradores da obra e da vida do compositor”.

Boemia


Um ditado popular bastante presente no imaginário do goianiense é “Não tem mar? Vamos pro bar”. Conhecido como um gênero musical que flui melhor se ouvido em uma mesa de boteco, o sertanejo de Goiânia já carrega consigo o peso da sofrência alcoólica desde a década de 1960. No EP ‘Marrequinho e Nuvem Negra’, duas canções trazem logo no título o refúgio dos bares na cura dos males do amor.

A canção “Ergam as taças” conta a história de um amor afetado pela diferença de classes entre um homem e uma mulher. O eu lírico da canção fala de sarjeta e de bebedeira em bares, onde ele segurava com os amigos de farra a dor de ter sido traído pela amada. “Adeus á Boemia”, terceira música do álbum, traz a crise de um homem que tem como costume o refúgio do álcool, mas que encontra-se perdido na própria confusão alcoólica.

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