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Refugiados pode ajudar economia europeia, diz FMI

WASHINGTON — Além da questão humanitária, o recebimento de refugiados pela Europa pode, no fim das contas, ser uma vantagem econômica para os países receptores. O estudo “Onda de refugiados na Europa - desafios econômicos”, publicado na manhã desta quarta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma, contudo, que os benefícios somente serão sentidos se os refugiados forem rapidamente integrados à sociedade e ao mercado de trabalho.

O estudo indica que, em 2015, o fluxo de refugiados deve ter acrescentado 0,15% da população europeia. Nos doze meses encerrados em outubro, o total de pedidos de asilos tinha sido de 995 mil, um novo recorde, superando os 670 mil de 1992, após a queda do Muro de Berlim e da desintegração da Iuguslávia. Para o FMI, no curto prazo, o efeito é pequeno no crescimento da economia, nas mesmo assim tende a ser maior que o aumento de gastos públicos.

“Despesas dos requerentes de asilo nos países da União Europeia poderiam crescer de 0,05 a 0,1 ponto percentual do PIB em 2015 e 2016”, afirma o texto, lembrando que os dados são experimentais. Em alguns países, o impacto poderá ser bem maior, como na Suécia (de 0,2 a 0,7 ponto percentual do PIB) e da Alemanha (de 0,12 a 0,27 ponto percentual do PIB).

“Já o PIB deverá crescer cerca de 0,05% (2015), 0,09% (2016) e 0,13% (2017)”. Novamente, o impacto será diferenciado e a Áustria pode ver seu PIB 0,5% maior, a Suécia um incremento de 0,4% e da Alemanha de 0,3% nestes anos. Mas, no longo prazo, os impactos tendem a ser positivos, se estas populações forem bem integradas. “Em 2020, o nível do PIB ficaria 0,25% maior na União Europeia como um todo, e o incremento pode ser de 0,5% a 1,1% nos três países que mais recebem refugiados (Áustria, Alemanha, Suécia)”, diz o documento.

Além do impacto na demanda de produtos e serviços, como habitação, a chegada dos imigrantes pode rejuvenescer a força de trabalho de diversos países e trazer novas criatividades para as nações europeias. Um estudo recente mostrou que 21% dos sírios que estão migrando para a Alemanha possuem curso superior completo, percentual próximo ao dos alemães (23%). A integração social, laboral e de educação é apontado como fundamental pelo estudo de 50 página.

O levantamento do FMI leva em conta que alguns países, como a Suécia, já contam com 14,8 refugiados para cada grupo de 1.000 habitantes. Nos países vizinhos à Síria, contudo, o número é muito maior: 323 por mil no Líbano e 87 por mil na Jordânia.

O FMI alerta ainda que a crise dos refugiados deve aumentar. O fundo contabilizou que em 2014 60 milhões de pessoas foram deslocadas à força em todo o mundo, sendo o maior número desde a Segunda Guerra Mundial. Destes, 14,4 milhões eram refugiados. Além do problema sírio, conflitos na África devem continuar ampliando a onda migratória. O estudo indica, contudo, que o continente mais pobre do mundo foi o que mais recebeu pedidos de refugiados -- sobretudo de fugidos de países vizinhos: 39% em 2014. Na sequência, aparecem a Europa (32%), a Ásia (14%), a América do Norte (11%), a América Latina (2%) e a Oceania (1%).

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