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COTIDIANO

Qual é a de Daniel Ortega?

  •  Breno Altamann aponta eleições regulares e liberdades e diz que o que há é uma situação “insurreicional de direita”, o que provocaria conflitos
  •  Erotides Borges, que colheu café na Nicarágua, vê EUA, não aceita a violenta repressão nem a indicação de sua mulher à vice, Rosario Murillo
  •  É a tradição totalitária, uma herança do stalinismo, analisa o professor Heitor Cláudio e Silva, do Estado de São Paulo. Marxista, em sua variante trotskista

Preso político à época da Ni­carágua de Anatasio Debayle Somoza, em 1974, Daniel Or­tega, filho de um homem que lutara ao lado de Augusto Cesar Sandino, triunfou, de armas nas mãos, com a Frente Sandinista. Ao lado de cuba­nos, soviéticos e de uma brigada de trotskistas, em Manágua. Em 19 de julho de 1979. Era a última revolu­ção armada na América Latina do século XX. Caía a ditadura civil e militar. O ditador morreria, fuzilado, no Paraguai. De Alfredo Stroessner, que depois se refugiaria no Brasil. Trinta e nove anos depois, ele mes­mo vira alvo de protestos de massas. Com centenas de mortos e feridos. Uma decepção para as esquerdas.

- Um mal-estar. Gauche.

Assim define Erotides Borges. Ex-guerrilheiro urbano da VAR-Pal­mares, a Vanguarda Armada Revo­lucionária Palmares, fundada em 1969, que adotara a estratégia de luta armada contra a ditadura civil e militar, no Brasil, após o golpe de Estado militar de 31 de março e pri­meiro de abril de 1964. Um cenário desolador de imagens que chegam de Manágua. Ele colheu café no País. Apesar de acreditar em cons­piração da CIA, FBI e da Secretaria de Estado dos EUA, como em Hon­duras, 2009, Paraguai, 2012, Argen­tina, 2015, Brasil, 2016, e Venezuela e Equador, 2018, não aceita a vio­lenta repressão. Nem a indicação de sua mulher à vice, Rosario Murillo.

AJUSTE FISCAL

- Daniel Ortega adotou um duro ajuste fiscal.

É o que informa ao Diário da Manhã, Douglas Diniz, sindica­lista de Belém, do Estado do Pará, um especialista em Política In­ternacional & Socialismo. Qua­dro da Luta Socialista, a LS, uma dissidência à esquerda da CST, a Corrente Socialista dos Trabalha­dores, com vínculos com a IV In­ternacional, classifica Daniel Or­tega, hoje com 72 anos de idade, como um “ditador”. Sanguiná­rio, qualifica-o. Um presidente da República que determina o assassinato dos trabalhadores, dos estudantes, homens e mu­lheres opositores, em seu País, desabafa o dirigente. O ex-líder da Frente Sandinista teria negó­cios de família oriundos da cor­rupção, diz.

- Não há ditadura. Mas, sim, o ca­pital nacional, o imperialismo e as direitas políticas e religiosas nas ruas.

O diretor editorial do site www. operamundi.uol.com.br, jornalis­ta Breno Altman é quem contes­ta. O periodista afirma que Daniel Ortega teria sido eleito e reeleito com mais de 70% dos votos váli­dos. Em eleições regulares e trans­parentes. Com observadores internacionais. Plenas liber­dades, individuais e coletivas, vigoram, hoje, na Nicará­gua, observa. O que há é um situação insur­reicional de direita, denuncia o pesqui­sador. O que pro­voca conflitos, ob­serva. Violência e mortes, de par­te a parte, subli­nha o velho mar­xista. Mesmo com a admissão de er­ros, ele alerta que o que estaria em curso, hoje, seria um golpe de Estado civil e militar.

HERANÇA TOTALITÁRIA?

- É a tradição totalitária. Uma herança do stalinismo.

Essa é a análise do professor Hei­tor Cláudio e Silva. Do Estado de São Paulo. Marxista, em sua variante trotskista. Um adepto das ideias de Liev Davidovich Bronstein, líder da Revolução Russa de 26 de outubro de 1917, dissidente da Ordem So­viética construída por Josep Stálin e morto, com um golpe de piolet, pi­careta, em 21 de agosto de 1940, no México. O historiador afirma que a herança do passado transforma líderes revolucionários e popula­res em ditado­res. Cama­radas do Combate Pelo Socialismo, a mi­nha organização política e revolu­cionária internacional, intervém na Nicarágua e são submetidos à per­seguição política e pessoal, ataca.

- A Nicarágua é um novo fracas­so dos governos chamados de pro­gressistas.

A avaliação é de Frederico Fra­zão, historiador. Trata-se de uma rebelião popular liderada pela ju­ventude do País contra o governo sandinista, com Daniel Ortega e sua mulher, a vice-presidente da Repú­blica, Rosario Murillo, que possui amplos poderes, e à aprovação de uma Reforma da Previdência, que seguia os cânones e princípios do Fundo Monetário Internacional. O professor cita Miguel Angel Hér­nandez e afirma que o repúdio dos trabalhadores e dos estudantes che­gou a ser massivo e levou o Estado a recuar nas mudanças do Institu­to Nicaraguense de Seguro Social. Um ataque contra os trabalhadores e os aposentadores, fuzila.

-É a dêbacle dos supostos gover­nos progressistas ou de centro-es­querda...

NÃO CUSTA LEMBRAR

A República da Nicarágua é um País da América Cen­tral. Com 5,7 milhões de habitantes. A sua prin­cipal fonte econômi­ca é a agricultura. O seu território ocupa uma área de 130 mil quilômetros qua­drados. A nação é dividida em 15 de­partamentos. Com duas regiões autôno­mas. A sua capital é Manágua. Daniel Or­tega, o seu presidente. Rosario Mulher, mulher de Daniel Ortega, que ha­via sido acusado de pe­dofilia pela enteada, é a vice-presidente da Re­pública. A língua é o es­panhol. A moeda oficial, Córdoba. O PIB, Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no País, é de 15.912 bilhões. De dólares. O IDH é de 0,565. Médio.

- A Nicarágua possui jazidas de ouro, cobre, prata e sal.

Renato Dias, 50 anos de ida­de, é graduado em Ciências Sociais, pela Universidade Federal de Goiás. Mais: pós-graduado em Políticas Públicas, pela mesma instituição de ensino superior, a UFG. Em tempo: com curso de Gestão da Qualidade, pela Fieg, Sebrae-GO e CNI. Além de jornalista pela Faculdade Alves de Faria, a Alfa. O repórter especial do jornal Diário da Manhã é também mestre em Direito, Relações Inter­nacionais e Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica, a PUC de Goiás. É autor de 13 livros­-reportagem, premiado por obras investigativas e reportagens de direi­tos humanos.

 Conspiração da CIA, FBI e da Secretaria de Estado dos EUA, como em Honduras, 2009, Paraguai, 2012, Argentina, 2015, Brasil, 2016, e Venezuela e Equador, 2018 Erotides Borges   O que estaria em curso na Nicarágua seria um golpe de estado civil e militar de direita Breno Altman   Trinta e nove anos depois, ele vira alvo de protestos de massas. Com centenas de mortos e feridos. Uma decepção para as esquerdas Renato Dias   Um presidente da República que determina o assassinato dos trabalhadores, dos estudantes, homens e mulheres opositores, em seu País Douglas Diniz

Cronologia

1934 Morre Augusto César Sandino

1974 Daniel Ortegasai da cadeia

Anos na prisão ficou sandinista

1979 A revolução na Nicarágua

1980 Assassinado Anastasio Debayle Somoza

1984 Daniel Ortega é eleito presidente

1990 Violeta Chamorro derrota sandinistas

1996 Daniel Ortega sofre derrota

2000 Daniel Ortegaamarga derrota

2006 Daniel Ortega éeleito presidente

2011 Daniel Ortega é reeleito presidente

2016 Daniel Ortega é reeleito presidente

2018 Explosão social na Nicarágua

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