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Mulheres querem trabalho, e não assédio!

O Diário da Manhã colheu relatos de vítimas tanto de assédio moral quanto de assédio sexual, e se deparou com a vulnerabilidade das mulheres nestas situações

O mês de março é considerado o mês das mulheres, e são elaboradas várias campanhas de conscientização como reflexão sobre o papel da importância feminina na sociedade. Seja campanha para admirar sua força, determinação e empoderamento, seja para alertar sobre ações preventivas. Pensando nisso, o Diário da Manhã irá tratar sobre o crime de assédio moral.

Já ouviu alguma dessas frases? “Não está satisfeito, pede demissão”, ou do tipo: “Pessoas como você, está cheio aí fora”. Segundo pesquisa da Catho Marketplace de Tecnologia, que conecta empresas e candidatos, 38,7% das participantes afirmam ter sofrido assédio moral dentro das empresas. Estes dados são preocupantes, e para impulsionar essa posição de liderança o protagonismo feminino não se cala.

"Querido chefe, eu te vendo minha força de trabalho, mas não a minha dignidade".

O assédio moral, muitas vezes, é praticado de forma dissimulada, por meio de situações dificilmente identificadas no início. Frequentemente, os colaboradores não conseguem se identificar como vítimas de assédio, quando no início a intenção é de baixar a autoestima, subestimando a capacidade profissional dos colaboradores, e desestabilizar o emocional da vítima no local de trabalho.

Para entender melhor este assunto, o Diário da Manhã foi em busca de relatos por meio de um grupo de Amigas (Café, Batom e Bate Papo), onde se mulheres se reúnem semanalmente para conversar sobre vários assuntos. Entre os assuntos, os mais discutidos são sobre Assédio Moral.

A recepcionista Pamella Alvarenga relata que em um antigo local de trabalho, ocorreram situações constrangedoras com ela, onde sofria assédio moral por parte de sua gestora, pelo simples fato de Pamella ser muito magra, ela chegou a ser apelidada de “muriçoca”, sendo ridicularizada perante seus colegas de trabalho.

A vendedora de televendas, Cleide Duarte relata que sua supervisora põe pressão no departamento para bater metas, e que em um dia de trabalho houve gritos e palmas aleatórias da supervisora nos corredores dizendo: “Se não bater meta terá trabalho dobrado sem horas extras”. Ao ouvir essa situação, Cleide levantou-se, pegou sua bolsa e foi para casa.

A secretára do lar Nelma Pereira relata que em um dia de trabalhou realizou suas atividades diárias, e que sua patroa disse que ela havia limpado o fogão de sua casa como o “nariz dela”, que o chão estava "seboso como o cabelo dela”. O medo do desemprego faz com que situações constrangedoras como esta sejam "toleradas".

A assistente administrativa Julia Nascimento disse que não deu continuidade no seu período de experiência de trabalho, pois sua gestora perguntou qual seria sua crença religiosa, e Julia relatou ser de outra denominação. Dias seguintes a mesma foi dispensada de sua função por não ser da mesma denominação religiosa que a empresa. Muitas vezes o assédio moral e praticado ainda na fase de busca pelo trabalho.

A discriminação e o assédio moral no mercado de trabalho entre as mulheres ocorre no salário, que é mais baixo do que o de um homem que ocupa o mesmo cargo, além do menor acesso às promoções nas empresas. As mulheres, muitas vezes, além de alvo das condutas se deparam com exigências rígidas, devido às suas aparências pessoais. Historicamente discriminadas nos locais de trabalho, as mulheres são as primeiras a serem demitidas quando há cortes de gastos nas empresas, deixando-as sem oportunidades de crescimento profissional e financeiro.

Além do Assédio moral, há também o assédio sexual

No final da conversa entre Amigas (Café, Batom e Bate Papo), houve relato sobre assédio sexual. A vítima deste tipo de assédio foi a promotora de merchandising Renata Medeiros,que disse ter sofrido assédio sexual na empresa que trabalhava. Segundo ela, um colega de trabalho a assediou sexualmente, e afirmou que na época ela "passou da situação de vítima para vilã”, por ter levado em o caso aos seus superiores para que eles tomassem as providências sobre o ocorrido, pois ela queria apenas resguardar sua conduta e segurança dentro do local de trabalho.

Depois que expôs a situação, Renata descobriu que outras colegas também haviam sofrido assédio sexual por parte do mesmo colega, mas que elas se calavam por medo, ou por ficar desempregada, ou por responsabilidades financeiras a serem cumpridas fora do trabalho como faculdade, prestação de carro, aluguel entre outros fatores que poderiam deixá-las vulneráveis sem perspectivas financeiras.

Mas Renata foi adiante e se juntou com suas colegas onde o colega foi desligado da empresa. A voz feminina não pode se calar, pois a primeira e mais decisiva forma de defesa das mulheres no local de trabalho é a prevenção. Prevenir e denunciar situações contra o assédio moral é fundamental e necessário, A voz feminina deve ser ouvida independente da sua posição profissional.

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