Octávio Muller e Alessandra Negrini foram melhores no Festival do Rio de 2012 por O Gorila. Ele venceu como melhor ator, ela foi melhor coadjuvante, ambos no filme que José Eduardo Belmonte adaptou da história de mesmo nome, no livro O Voo da Madrugada, de Sérgio Sant’Anna. Só para lembrar, o grande vencedor do Rio, naquele ano, foi O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho. Passados quase três anos, somente agora O Gorila está estreando nos cinemas. No intervalo, Belmonte fez (e estreou) Billi Pig, também com Octávio Muller em papel de destaque, e Alemão, policial com Cauã Reymond e grande elenco. E o diretor conclui um terceiro filme, Tudo Bem Quando Acaba Bem, road movie com Ingrid Guimarães e Alice Braga. Quem viu, e o filme ainda não está 100% finalizado, garante que é o melhor Belmonte.
O brasiliense Belmonte, na faixa dos 40 anos, é um dos diretores mais interessantes de sua geração. É autor de uma obra consolidada e que gosta de arriscar a cada trabalho. Belmonte reinventa gêneros e é atraído por personagens em busca de uma/ou em crise de identidade. O tema volta em O Gorila. Muller faz um ex-dublador, aposentado precocemente. E o que ele faz. Usando as diferentes modulações de sua voz, preenche o tempo aplicando trotes em mulheres. O golpe do sedutor acaba quando ele próprio começa a receber ligações misteriosas. O ‘gorila’, que é como se identifica, recorre a uma de suas ‘vítimas’, Alessandra, e faz uma descoberta inesperada, senão totalmente surpreendente.