por Leon Carelli
No dia 14 de outubro de 1964, há exatos 51 anos, o pastor protestante e ativista político Martin Luther King consagrou-se a pessoa mais jovem a receber o prêmio Nobel da Paz pela luta contra a segregação racial nos Estados Unidos. “Eu tenho um sonho”, discurso pronunciado por ele em 28 de agosto de 1963 em Washington para 250 mil pessoas tornou-se um marco na história dos Estados Unidos, contribuindo para o fim de leis que proibiam os negros de votarem e o casamento entre brancos e negros.
O pronunciamento de Luther King foi um grande impulso para que as questões de direito civil fossem levadas ao congresso. No ano seguinte, o então presidente do país, Lyndon Johnson, conseguiu fazer com que os atos de direito civil e de voto fossem aprovados. Àquela altura, 16 estados norte-americanos ainda mantinham leis que proibiam o casamento entre brancos e negros. O assassinato de Luther King em 1968, ocorreu pouco antes de uma marcha na cidade de Memphis, motivado pelo ódio dos segregacionistas do sul do país.
Rosa Parks
No ano de 1955 uma cidadã estadunidense tornou-se um dos símbolos da luta pelos direitos civis dos negros. A costureira Rosa Parks, uma mulher negra, foi presa em 1955 após se negar a dar lugar a um branco no ônibus. Ela ocupava a primeira fileira do veículo, quando subiu um homem branco. Imediatamente o motorista ordenou que os negros que ocupavam os primeiros lugares pulassem para a fileira de trás, para que uma nova fileira de brancos fosse formada.
Enquanto todos os negros acataram a ordem, Rosa Parks permaneceu em seu lugar, convicta, recusando-se a obedecer ao motorista. Ela foi presa. Na época, a legislação do estado do Alabama concedia poderes ao motorista para escolher os lugares dos passageiros. Era uma forma implícita de legalizar a segregação racial. Negro não podia sentar ao lado de branco, se não quisesse ser preso. A luta de Parks desencadeou um boicote aos ônibus da cidade de Montgomery. A campanha durou um ano e seis meses, co-liderada por Luther King.
Casamento
As leis anti-miscigenação, que datam do início do século XVIII, proibiam nos Estados Unidos o casamento entre brancos e negros. Alguns estados estendiam a proibição para nativos americanos e asiáticos. Era um esforço racista explícito que afirmava que os direitos constitucionais só deveriam contemplar os brancos. Em 1967 as leis foram consideradas inconstitucionais, enquanto 16 estados daquele país ainda as mantinham.
Efetivamente, esse tipo de lei só desapareceu das escrituras legais norte-americanas no ano 2000, quando o Estado do Alabama foi o último a aprovar a retirada das palavras racistas de sua constituição. A maioria venceu com 59% dos votos. Em todo estado, no início do novo milênio, 526 mil pessoas ainda acreditavam na a lei anti-miscigenação promovia benefícios à sociedade, e votaram contra a queda. Leis semelhantes foram adotadas na Alemanha (regime nazista, de 1935 a 1945) e na África do Sul (durante o apartheid, de 1949 a 1985)
Em um momento histórico conhecido como “Verão de 64”, durante as férias escolares daquele ano nos Estados Unidos, três estudantes foram assassinados por membros do Ku Klux Klan durante uma manifestação a favor do direito de voto para os negros. O caso foi amplamente coberto pela mídia. Luther King liderou passeatas em prol do direito dos negros de votar, e a indignação que as mortes levaram à opinião pública fez com que o presidente Lyndon Johnson aprovasse no ano seguinte, junto ao congresso, a lei do direito de voto.
Luther King foi premiado com o Nobel da Paz naquele ano, aumentando a pressão para que os Estados Unidos tornassem o direito de voto para os negros uma realidade. Em 1965, na ocasião da aprovação da nova lei, o presidente Johnson balbuciou uma lamentação que entrou para a história, no mal sentido: “Com essa assinatura, acabo de perder os votos do sul na próxima eleição”. Essa assinatura revolucionou a política dos EUA, e em 1966 foram eleitos no Mississipi, estado mais racista do sul do país, mais de 100 negros para mandatos públicos.