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Led Zeppelin tem carreira revisitada em tributo oficial no teatro da PUC

Elogiado lá fora pela capacidade com que interpreta clássicos do Zeppelin, Letz Zep revisita apoteótica carreira do quarteto inglês

Led Zeppelin, clássico do rock - Foto: Divulgação Led Zeppelin, clássico do rock - Foto: Divulgação

Blues pesado, o Led Zeppelin nocauteia na primeira faixa. A banda, bons tempos, tempos ruins, precisa de quatro segundos. Abençoado pelo rock’n’roll, o riff de Jimmy Page escorrega entre bateria-baixo, numa resposta genial às frases cantadas por Robert Plant.

“Good Times Bad Times” abre elepê debutante do Zeppelin, lançado em 69. Ouvidos em frangalhos, destroçados! Então espera-se, se não for pedir demais, claro, que esse hino seja interpretado neste sábado no Centro de Convenções da PUC, a partir das 21h30.

Sim, a lendária banda inglesa recebe justíssima homenagem. Goiânia enlouquecerá numa celebração zeppelinianamente chancelada. Ou, melhor, numa celebração plantianamente chancelada. Plant tranquiliza seus admiradores. “Eu entrei, eu me vi”, avisa o vocalista.

Letz Zep exibe, digamos, títulos credibilizantes. É reconhecido lá fora como “tributo oficial” ao Zeppelin, dado que os diferencia dos abundantes grupos covers existentes. Na bateria, responsa total, senta-se Jake Blackwell. E olha só: ele é filho de Chris Blackwell, batera que tocou com Plant durante período Now and Zen Manic Nirvana e Fate of Nations.

Fissurados por Zeppelin, os fãs-músicos têm talento. Todos, ali, apresentam currículo respeitado, com participações em turnês de Ozzy Osbourne, Roger Daltrey, Debbie Bonham, Guy Chambers, Bad Company e Steve Hackett — o que lhes assegura, veja, habilidade necessária para interpretar solos gigantes, viradas alucinadas e grooves abusados.

O repertório, com base naquilo que foi apresentado em 40 países, abrange toda a apoteótica carreira do Led Zeppelin. Iniciada em 69, assim que a banda colocara nas lojas elepê homônimo, resultou transgressora: primeiro disco atualizou musicalidade do supergrupo Cream para criar novo tipo de rock’n’roll. Falar de Zeppelin é também falar de Jimmy Page.


		Led Zeppelin tem carreira revisitada em tributo oficial no teatro da PUC
Letz Zep: tributo aos mestres. Foto: Divulgação


Prodígio em desvendar os mistérios da guitarra, Page destacou-se nos anos 60 pela capacidade em estúdio. Seus dedilhados, temas e riffs se fazem eternos em elepês gravados nessa época pelo The Who e The Kinks, até que chutara tudo pro alto e, blueseiro devoto (às vezes surrupiador), aceitara juntar-se ao guitar hero Jeff Beck no inesquecível The Yardbirds.

Três deuses das seis cordas elétricas, em diferentes momentos, participam do grupo histórico, como o próprio Page, o mítico Eric Clapton e, claro, o brilhante Jeff Beck. Quando blues-rock do Yardbirds se silenciara, o jeito era mesmo apostar num som novo, um blues mais aceleradão, com guitarras distorcidonas, pesadonas e, ao mesmo tempo, complexas.

Para a empreitada inventiva, Page escalou um tal Robert Plant, fácil, fácil um dos maiores vocalistas do rock’n’roll, e John Bonham, batera demencial com baquetas em punho. O outro é John Paul Jones, baixista e tecladista, que, tal qual o ex-Yardbirds, era hábil em estúdio — ouça o belíssimo arranjo de cordas dele para “She´s a Rainbow”, dos Rolling Stones.

Primeiro disco

Então, você veja, esses caras juntos só poderiam criar uma coisa como “Led Zeppelin”, o discaço de 69. A guitarra estilosa de Page costura músicas com frases sensuais, a exemplo dos blues “You Shook Me” e “I Can´t Quit You Baby”, as duas de Willie Dixon. O grupo antecipou ainda a sonoridade dos anos 70 nas soberbas “Dazed And Confused”, com linha de baixo descendente, e “Communication Breakdown”, de riff à moda Pete Townshend.

Meses depois, a banda publicou “Led Zeppelin II”. Fica evidente, aqui, que a falta de grana, paradoxalmente, melhorou disco. A base blueseira, tal qual antecessor, se mantém vivíssima na arrogante “Whole Lotta Love”. Desaforado, Plant teve a pachorra de usar trechos da letra escrita por Dixon sem lhe creditar. Já a delicada “Ramble On” (essa sem plágio, imagino) revela toda a desenvoltura acústica do grupo. Em suma, o álbum transita entre luz e sombra.


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Robert Plant, Kimmy Page, John Paul Jones e John Bonham nos anos 70. Foto: Divulgação


Se o estilo doidão consagrou Bonham em “Moby Dick”, Plant se revela vocalista devastador no single “Immigrant Song”, lançado em “Led Zeppelin III”, de 1970. Essa composição levou o elepê para o topo das paradas britânicas e, depois, inseriu-o em lugar igual nos EUA.

Mesmo que “III” tivesse êxito, Page e Plant não pararam de trabalhar em canções novas. Os músicos desistiram de meter pé na estrada para divulgar obra recém-lançada, afastando-se da civilização no sul da Inglaterra. Entre jams intermináveis e reuniões criativas, os quatro enfrentaram o inverno, fizeram (boas) oito faixas e as gravaram entre dezembro de 70 e fevereiro de 71, sob a produção de Jimmy Page — no famoso estúdio móvel dos Stones.

Page tinha tretado com a lógica: não haveria título nem nome da banda na capa. No lugar desse detalhezinho, cada músico escolheria um símbolo. “IV” (apelido que segue a sequência dos anteriores) começa com a guitarra se esparramando pela bateria, enquanto o baixo agressivo de Paul Jones conduz a faixa. O riff, aliás, é desse grandioso instrumentista.


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Capa do quarto disco lançado pelo Led Zeppelin. Foto: Divulgação


Em seguida, meio Chuck Berry, “Rock And Roll” convoca pés e mãos a se rebelarem contra o sossego. É desse disco ainda “Stairway to Heaven”. Embora tenha problemas (Zeppelin acabara parando nos tribunais após a banda Spirit apontar plágio), foi música mais pedida nas rádios estadunidenses durante os anos 70 e, chuta só, é a mais ouvida do grupo no Spotify.

Até Bonham morrer, em 80, o grupo garantiu lugar no folclore do rock. Seus membros protagonizaram orgias em quartos de hotel, com peixes (!) utilizados como objetos sexuais. Mas o Zeppelin lançaria ainda discos tão bons quanto os primeiros: “Houses Of The Holy”, de 73, “Physical Graffiti”, 75, “Presence”, 76, “In Through the Out Door”, 79. Vamos ouvi-los?

LETZ ZEP

Sábado, 14, às 21h30

Teatro da PUC

Av. Engler, 507, Jardim Mariliza

A partir de R$ 80

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