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Paulo Miklos leva show acústico ao Teatro Sesi

Cantor retorna a Goiânia pela segunda vez neste ano. Surgido na cena brasileira há quatro décadas, artista se notabiliza pela voz rasgada e impactante

Miklos durante gravação no Blue Note, em São Paulo, de disco ao vivo - Foto: José de Holanda / Divulgação Miklos durante gravação no Blue Note, em São Paulo, de disco ao vivo - Foto: José de Holanda / Divulgação

Paulo Miklos, o ex-titã de voz rasgada, sobe nesta quinta, 31, às 20h, ao palco do Teatro Sesi (Av. João Leite, 1013, Santa Genoveva) para show desplugado. Essa é a segunda vez que Miklos vem à Capital goiana neste ano. Dessa vez, o artista traz repertório de disco novo.

Não se preocupe: clássicos se farão presentes. E, além do mais, trata-se de registro fonográfico em que músico repassa carreira iniciada nos anos 1980 como um dos Titãs. Sim, é álbum ao vivo, conciliador, constituído por hits de sua ex-banda e da carreira solo.

Lançado em maio deste ano pela gravadora Deck, “Paulo Miklos — Ao Vivo” foi gravado na casa Blue Note, em São Paulo. É o quinto trabalho da (boa) discografia posta em pé por Miklos faceta artista solo. O repertório, interessantíssimo, traz composições do último trabalho publicado pelo cantor, o emocionante “Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém” (2022).

Muita gente vai às lágrimas logo na primeira faixa: “Ao Teu Lado”. “Eu estarei sempre aqui, ao teu lado, ó meu filho. E quando chorares sem solução, as tuas lágrimas colho pra mim”, declama o artista, após bela introdução tocada no piano elétrico. É como se fosse pedido de casamento, desejo de marcha nupcial, ou simplesmente manifestação amorosa em essência.

Essa decisão — casar com alguém — costura o repertório. Cantando que irá trocar alianças, Miklos se revela apaixonado, gosta de estar assim e, amando, burila versos de linhagem docemente romântica. Uma explicação para a escolha dessa temática está na vida pessoal do artista, já que o titã — de cuja banda saíra em 2016 — queimou-se nas chamas do amor.

Sua paixão a essa altura da vida é Renata Galvão, com quem se casou há quase cinco anos. Todavia, a barra não foi fácil para Miklos, que chorou na década passada partida da ex-mulher, vitimada por câncer. A vida lhe apresentou novas cores e lhe indicou novos sabores. E, claro, recita a (re) descoberta da paixão, ao falar que seus olhos procuram a amada, seus ouvidos escutam a voz dela e, no vestido, delicia-se com a pele apaixonada.

“Fica pra sempre, só uma noite, eu descobri”, suplica. A vocação crítica surge em cena na canção “País Elétrico”, parceria de Miklos com o tremendão Erasmo Carlos. “Raio que parta o mentiroso/ Arrogante e vaidoso, sociopata/ Rei da mentira, um projeto de bufão/ Um bosta sem noção, um nefasto cidadão”, metralha, acompanhado por Michelle Abu (bateria e vocais), Michele Cordeiro (guitarra e vocais) e Otavio Carvalho (baixo e vocais).

“Paulo Miklos — Ao Vivo” revisita sucessos dos Titãs, como “Sonífera Ilha”, “Comida” e “Flores”. A não ser que haja protesto de Miklos, serão essas as composições executadas, talvez com acréscimo de “Bichos Escrotos” — apoteótica ao vivo, dada sua altíssima energia. É capaz de o público levantar-se de suas cadeiras e, dançando, dizer aquilo lá que você sabe.

No mais, o show soa convidativo para os apaixonados. Mas é coisa boa também para os fãs, já que Miklos, ator dos bons, cantor daqueles bichos e instrumentista multifacetado, sempre vai da new wave colorida titânica à porrada na cabeça dinossauro, da poesia romântica ao estado violência daquele jesus sem dentes no país dos banguelas. Que tal?

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