Ely Assis Da editoria de Economia
O interesse pela tecnologia nuclear no Brasil começou na década de 50, com o pioneiro, nesta área, Almirante Álvaro Alberto, que entre outros feitos criou o Conselho Nacional de Pesquisa, em 1951, e que importou duas ultra-centrifugadoras da Alemanha para o enriquecimento do urânio, em 1953.
A decisão da implementação de uma usina termonuclear no Brasil aconteceu de fato em 1969, quando foi delegado a Furnas Centrais Elétricas SA a incumbência de construir nossa primeira usina nuclear. É muito fácil concluir que em nenhum momento se pensou numa fonte para substituir a energia hidráulica, da mesma maneira que também após alguns anos, ficou bem claro que os objetivos não eram simplesmente o domínio de uma nova tecnologia. Estávamos vivendo dentro de um regime de governo militar e o acesso ao conhecimento tecnológico no campo nuclear permitiria desenvolver não só submarinos nucleares mas armas atômicas. O Programa Nuclear Paralelo, somente divulgado alguns anos mais tarde, deixou bem claro as intenções do país em dominar o ciclo do combustível nuclear, tecnologia esta somente do conhecimento de poucos países no mundo.
A energia nuclear é uma das principais fontes produtoras (sendo as outras duas a hidrelétrica, que utiliza a energia dos rios e a termoelétrica, que utiliza combustíveis fósseis, como o carvão, petróleo e gás natural). Empregada dentro e fora do Brasil, seu uso é sempre envolto em controvérsias e o risco tanto à população quanto ao ambiente é o principal temor da opinião pública.
O programa brasileiro abrange um amplo uso da energia nuclear, sempre voltado para fins pacíficos. Há cerca de 3 mil instalações em funcionamento em todo país (não são usinas, são instalações que exploram de alguma maneira a energia nuclear) que utilizam material ou fontes radioativas como combustível para setores da produção industrial, ou no campo da saúde ou ainda pesquisa, principalmente na área química. Ainda assim, a energia produzida por meio de combustível nuclear é ínfima, muito pequena em relação, por exemplo, à energia hidrelétrica e, em menor proporção, à termoelétrica.
Ao mesmo tempo é importante considerar que o Brasil é um grande consumidor de energia elétrica, ficando atrás de Alemanha, Suíça, Estados Unidos e outros países, o que equivale dizer que boa parte da sua população tem acesso a esta de maneira precária ou não tem qualquer acesso à mesma. Desse modo, a questão da utilização da energia nuclear como opção para aumentar a disponibilidade da energia elétrica à população se impõe, mesmo ante considerações de que apenas cerca de 25% do potencial hidrelétrico do território nacional é aproveitado. Por outro lado, especialistas lembram que o Brasil possui a sexta maior reserva mundial de urânio, o elemento indispensável à produção de energia nuclear, além de dois terços do território nacional permanecerem inexplorados em relação ao mesmo. É ainda lembrado que a exploração de energia hidrelétrica cobra um alto preço no aspecto ambiental, devido à implantação de suas fundações, alteração de curso de rios e o desmatamento do entorno da área.
Mas a energia nuclear também guarda um problema sério, o incômodo problema dos resíduos radioativos, ou seja, os restos da fissão nuclear que é a fonte para produzir energia. O armazenamento desse lixo não é questão das mais simples, e qualquer que seja o seu destino final corre sérios riscos de degradação, sem mencionar o risco à população que tenha contato com aquele perímetro.
O Brasil possui duas usinas em operação atualmente: Angra 1 e Angra 2, instaladas no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, com potencial de geração de 2 mil megawatts. A inauguração da usina de Angra 3 está prevista para 2015, adicionando mais 1080 megawatts de energia elétrica à disposição.