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Inflação de 2024 estoura o teto da meta e registra alta de 4,83%

Alimentação, transportes e saúde foram os principais responsáveis pela elevação

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, registrou uma alta de 0,52% em dezembro de 2024, acumulando um aumento de 4,83% ao longo do ano. Com isso, o índice superou o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 4,5%.

Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que o Brasil não conseguiu alcançar a meta de inflação para 2024, que tinha como objetivo uma variação de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (entre 1,5% e 4,5%). Este é o oitavo ano, desde a implementação do sistema de metas de inflação no Brasil em 1999, em que o alvo para o IPCA não é cumprido.

Impactos no IPCA de 2024

O aumento no IPCA de 2024 foi fortemente influenciado pelos preços de alimentos e bebidas, que avançaram 7,69%, gerando um impacto de 1,63 ponto percentual no índice anual. A seguir, destacam-se os grupos Saúde e Cuidados Pessoais (6,09%) e Transportes (3,30%), com impactos de 0,81 ponto percentual e 0,69 ponto percentual, respectivamente. Juntos, os três grupos responsáveis por alimentação, saúde e transportes representaram aproximadamente 65% da variação total do índice.

Dentro do grupo Alimentação e Bebidas, a alta foi impulsionada principalmente pelos preços da alimentação no domicílio, que subiram 8,23%. As carnes, com aumento de 20,84%, o café moído (39,60%), o leite longa vida (18,83%) e as frutas (12,12%) foram os principais itens responsáveis pela pressão sobre os preços. Embora tenha ocorrido uma desaceleração nos preços das carnes em seis meses de 2024, o café manteve um aumento constante ao longo do ano.

Outro destaque foi o aumento de 6,29% nos preços da alimentação fora do domicílio, com variação de 5,70% nas refeições e 7,56% nos lanches. Já o grupo Saúde e Cuidados Pessoais teve sua maior contribuição vinda dos planos de saúde, que subiram 7,87%, após um reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A variação também incluiu aumento de 5,95% nos preços dos produtos farmacêuticos e 4,22% nos itens de higiene pessoal.

No setor de Transportes, a gasolina teve a maior influência no aumento do IPCA, com uma alta de 9,71%, contribuindo com 4,96% do total da inflação anual. Outros itens do setor de transportes que também impactaram o índice foram o etanol (17,58%), o conserto de automóveis (5,88%) e o preço de automóveis novos (2,85%).

O grupo Habitação, com alta de 3,06%, registrou aumentos no aluguel residencial (3,45%), taxas de água e esgoto (5,17%) e no gás de botijão (7,04%). Por outro lado, a energia elétrica teve uma variação negativa de 0,37% no ano, apesar das bandeiras tarifárias de energia elétrica que vigoraram ao longo de 2024.

Projeções do mercado e do Banco Central

De acordo com o último relatório Focus, divulgado em dezembro de 2024, os analistas financeiros estimaram que o IPCA encerraria o ano com uma alta de 4,89%, superando a meta de 4,5%. A previsão era de que os preços de bens e serviços aumentassem 0,58% em dezembro.

O Banco Central (BC), responsável por controlar a inflação por meio da taxa básica de juros (Selic), também reconheceu que a meta de inflação seria descumprida em 2024. Em um relatório publicado no mesmo período, a autoridade monetária indicou que a probabilidade de a inflação ultrapassar o teto da meta era de 100%, um aumento considerável em relação à estimativa anterior de 36%, feita em setembro. O BC também ajustou suas projeções para os anos seguintes, elevando as estimativas de descumprimento da meta de inflação para 2025 e 2026. Para 2025, a probabilidade de descumprimento subiu de 28% para 50%, e, para 2026, passou de 19% para 26%.

Carta aberta ao Ministro da Fazenda

Com o descumprimento da meta de inflação, o Banco Central é obrigado a enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda e presidente do Conselho Monetário Nacional, Fernando Haddad, explicando os motivos para o desvio da meta.

Mudança na metodologia da meta de inflação

Em 2024, o Brasil passou a adotar uma mudança significativa na forma como a meta de inflação é definida. O sistema, que antes considerava a meta anual, agora adota a "meta contínua", que será definida com três anos de antecedência e se baseará na inflação acumulada em 12 meses, calculada mês a mês. A partir de janeiro de 2025, a verificação da inflação será feita mensalmente, com base na comparação entre a inflação acumulada nos últimos 12 meses e a meta estabelecida para o período. A meta de inflação será considerada descumprida apenas se a inflação permanecer fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos. Essa alteração visa trazer maior flexibilidade no acompanhamento da inflação e reduzir os impactos de variações temporárias nos preços, como choques alimentares.

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