Reconhecida como uma das maiores vozes da chanson francesa, Édith Piaf é também um dos grandes nomes da cultura francesa do século XX. Viveu com intensidade 47 anos, marcados por uma infância sofrida e pela luta contra a depressão, que incluía grandes doses de morfina e álcool. Foi descoberta como cantora de rua, aos 20 anos, apesar de manter uma relação com a música desde a infância. Recebeu a ajuda de compositores e produtores para estabelecer sua carreira. Durante sua carreira também fez participações no cinema. Em 2007, o filme La vie en rose, uma cinebiografia da artista, levou a estatueta do Oscar na categoria Melhor Atriz, pelo desempenho de Marion Cotillard.
Sua interpretação mais conhecida, a da canção Non, je ne regrette rien, escrita por Charles Dumont e Michel Vaucaire, já rendeu versões em mais de 12 línguas. Hymne à l’amour, Milord, La foule e Padam... Padam... são alguns dos outros sucessos interpretados pela diva, que ficou conhecida como Pequeno Pardal. “Piaf ficou famosa mundialmente após a [Segunda] Guerra. Por outro lado, sua vida pessoal teve vários altos e baixos. Sua paixão morreu em 1949 em um acidente de avião, e nos anos 1950 teve três acidentes quase fatais de carro. Tornou-se viciada em morfina e álcool. Em 1961 gravou sua canção famosa, Non, je ne regrette rien, uma das últimas que cantou”, conta biografia publicada no site Famous People Lessons.
INFÂNCIA
Reza a lenda que, apesar de ter em sua certidão o Hospital Tenton como local de nascimento, a menina Édith Giovanna Gauson teria nascido em uma calçada na Rua Beville 72, em Paris, quando sua mãe procurava ajuda, já em trabalho de parto. Recebeu este nome em homenagem a uma enfermeira que ajudava prisioneiros da Primeira Guerra Mundial a fugir. Seus pais tinham envolvimento com a arte: o pai era um artista de rua, enquanto a mãe cantava em um café no subúrbio da cidade. Ela foi abandonada por eles logo que nasceu, e deixada aos cuidados da avó materna, que era dona de um bordel, que negligenciava cuidados básicos à menina, como higiene e afeto.
Aos sete anos ficou temporariamente cega devido a uma ceratite. A doença mobilizou as prostitutas do bordel em busca de recursos para salvar a visão da menina. Para voltar a ver, passou a orar insistentemente diante do túmulo de Thérèse of Lisieux, a Santa Terezinha, devoção da cantora durante o resto de sua vida. Aos 16 anos conheceu seu primeiro homem, Louis Dupont. Aos 18 anos deu à luz sua primeira e única criança. Marcelle, que foi abandonada pela mãe e cuidada pelo pai, e morreu aos dois anos de idade de meningite. O nome do pai de sua filha, descrito nas biografias como “um moço que fazia entregas”, nunca foi revelado à posteridade.
CARREIRA
Louis Leplée foi o primeiro mentor de Édith como cantora. Deu a ela o nome artístico de “La Môme Piaf”, que significa “pequeno pardal”. O motivo do apelido era a voz potente combinada à estatura baixa de 1,42m. Em 1936, após o lançamento do primeiro disco de sucesso de Môme Piaf, Laplée foi assassinado e as suspeitas caíram sobre a cantora, pois ela tinha ligações com os criminosos da época em que cantava na rua. Foi inocentada, mas sua imagem ficou abalada na mídia. Raymond Asso conseguiu reerguê-la mudando seu nome artístico para Édith Piaf.
No fim da década de 1940, Edith já era conhecida mundialmente, e fez uma série de apresentações nos Estados Unidos, onde conheceu aquele que seria perpetuado em suas biografias como ‘o grande amor de sua vida’: o pugilista Marcel Cerdan, nascido na Argélia. O romance, no entanto, durou cerca de um ano, pois Marcel morreu em 1949, vítima de um acidente de avião, quando voava de Paris a Nova Iorque para encontrar-se com Édith. Na época também sofreu vários acidentes automobilísticos. Num deles, o mais grave, quebrou um braço e duas costelas. A cantora ficou tão arrasada com a sequência de acontecimentos que adquiriu um vício de injetar doses de morfina que durou até o fim da vida.
A vida de Édith foi de vários envolvimentos românticos, quase todos com pessoas do meio artístico. Em 1963 faleceu, aos 47 anos, com uma saúde frágil devido a seus excessos e traumas. O diagnóstico foi hemorragia interna, depois de passar por um período em coma. O fim da vida de Édith nada lembrou o início, marcado por pobreza e dificuldades. Em uma casa de praia alugada, com mais de 25 cômodos, passou os últimos meses. Foi um período de fartura: almoços e jantares para 30 a 40 pessoas todos os dias, regados a champagne e uísque.