De presença familiar em terras goianas há cerca de 250 anos, minha especial confreira no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, arquiteta urbanista, escritora e ambientalista, Narcisa Abreu Cordeiro, traz nos seus genes, muitas estradas, muitos caminhos, incontáveis construções dos seus entes de sangue. Destacadas presenças da historiografia goiana - para timidamente lembrar - apenas alcanço seu tio-avô João D´Abreu, político memorável e primeiro odontólogo formado em Goiás e seu pai Antero Batista de Abreu Cordeiro (Doca), pioneiro defensor da causa ambiental e indígena, no então norte-goiano, atual estado-irmão do Tocantins.
Há 31 anos, Narcisa Abreu Cordeiro teve um insight, no nordeste goiano, da possibilidade de se estabelecer um macrozoneamento com rotas de grandes percursos em Goiás, com características do Caminho de Compostela.
Em 1987, não havia nenhum caminho no Brasil com a tônica do caminho basicamente espanhol. A proposta foi considerada inadmissível por muitas pessoas que diziam que aqui, no Brasil, não existiam relíquias do Apóstolo São Tiago.
Entretanto, Narcisa, sabia da importância desta proposta que não se limita ao encontro de relíquias, mas que tem um objetivo mais amplo no percorrer do próprio caminho, ou seja, o autoconhecimento através da reflexibilidade.
De forma exaustiva e voluntária, foi desenvolvendo um trabalho, de baixo para cima, em relação aos grupos oficiais de governos. Foramrealizadaspesquisas, viagens, palestras, artigos em revistas, jornais, participações em concursos e outras mídias.
Narcisa guarda a sete chaves, em Goiânia, um precioso documento fundador da proposta de implantação no Brasil, de caminhos com características de Santiago de Compostela.
A idealização desta proposta consta nas publicações, registros, produções áudios-visuais a seguir:
Publicação no jornal O Popular, texto: “Estrada Alto Paraíso – Arraias”, de Narcisa Abreu Cordeiro, em 28 de fevereiro de 1989;
Registro na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, “Caminho de Compostela do Brasil”, nº do Registro:187.337, Livro:319, Folha:491, Ano 1999;
Livro publicado: A Trajetória de uma Maga numa Região Mística do Brasil, das autoras Narcisa Cordeiro e Chantal Dugué, Goiânia: Kelps, 2000. É considerado o “livro mãe”, assim como um “Códex Calixtinos”, estabelece uma região de Trindade a Natividade, contendo várias ramificações, que foi posteriormente traduzido em um projeto de macro zoneamento gráfico, estruturante, com a denominação de “Caminho Místico Ambiental do Brasil Central”;
Registro na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, “Caminho Místico do Brasil Central”, nº do Registro: 298.661, Livro: 542, Folha: 321/2003;
Registro do projeto no CREA-GO, nº A.R.T. 0000000007540 00001 09, Processo nº 29.362/2003, em nome de Habitar Projetos e Construções LTDA, a qual apresenta expressivo currículo de planejamento, urbanismo e consultoria, fazendo também parte da diretoria a Dra. Jacira Rosa Pires, professora da Escola de Arquitetura, e do Mestrado de serviço social da PUC de Goiás, com doutorado em planejamento urbano em Barcelona – Universidade Politécnica da Catalunha;
Participação no concurso do CREA/ GO, inscrito diversas vezes;
ProjetodepositadonoInstitutoNacional de Propriedade Industrial (INPI), em 2003;
Protocolos em órgãos governamentais Federais, Estaduais e Municipais, desde 2003;
Extensa matéria da TV Brasil Central com divulgação do Projeto “Caminho de Compostela do Brasil” / “Caminho Místico”’, de Trindade à Natividade, sendo anunciado o projeto pelo ex-prefeito de Trindade/GO George Moraes, com a aprovação da comunidade, durante a Festa de Trindade, em 2003;
Publicação na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), nº18, páginas 107-114, em 2004,;
Apresentação do Projeto na Frente Nacional dos Prefeitos, no Evento Cidades Limpas, em 2006;
Apresentação de proposta do plano diretor, como uma das diretrizes para o turismo do município de Trindade, em 2006;
Filme “Caminho Místico do Brasil Central”, documentário com premiação no FICA 2008, com a direção do cineasta Pedro Diniz;
Revista da Academia Feminina de Letras de Goiás (AFLAG), nº4, ano 2007/2009, páginas 97-101;
Livro: História Eclesiástica de Goiás, Volume 3, da Irmã Áurea Cordeiro Menezes (Colégio Santa Clara), páginas 758 - 773, ano 2013, prefaciado e chancelado pelo Arcebispo Metropolitano de Goiânia, Dom Washington Cruz, o qual considerou “ uma pérola da história eclesiástica em Goiás”;
Várias averbações em Cartório de Registros de Títulos e Documentos;
Em 2013, ocorreu o pré-lançamento de um segmento do Caminho, em Goiás, com uma comitiva que se deslocou pela espinha dorsal do macrozoneamento de Goiânia a Cavalcante, no nordeste goiano. Esta comitiva foi constituída por membros da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiá e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, sob a coordenação da turismóloga Virgínia Castelo Branco, sendo divulgado nos jornais Diário da Manhã e em O Popular.
“Goiânia Vida Verde”, INPInº 903520966 e 903521083, Biblioteca Nacional Registro: 436.233, Livro: 817, Folha: 393, tornando Goiânia uma “Cidade Modelo para o mundo”, caracterizando uma região piloto no centro do país com fóruns de discussões permanentes sobre a problemática do clima no planeta, para o desenvolvimento de políticas, visando o alcance de uma nova consciência ambiental;e intercâmbio científico, com desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.
“Caminho Escola”, INPI n° 901242152; com turismo ambiental, cultural e educacional, promovendo melhorias na área da educação, com novos paradigmas.
A dimensão da proposta é de conhecimento de toda a intelectualidade goiana, incluindo Lena Castelo Branco, Hélio Rocha, PX Silveira, Maria Abadia Silva, Bento Jaime Fleury, pelo autor da coluna, bem como inúmeros políticos.
O “Caminho Místico Ambiental do Brasil Central” está situado no Cerrado, importante bioma do Planalto Central do Brasil e estende de Trindade (GO) a Natividade (TO). No percurso, têm ramais incluindo cidades históricas, cidades com atrativos naturais e outras consagradas pela fé.
Este Caminho reúne características como: igrejas, peregrinações, festas religiosas, museus, parques temáticos, módulos educacionais (Caminho Escola) e locais místicos ambientais com cavernas, serras, rios, cachoeiras, lagos, veredas, em regiões ainda sem poluição, que por si mesmas levam à contemplação e autoconhecimento, na descoberta dos valores essenciais do homem holístico responsável pela comunidade e sobrevivência do planeta.
A proposta também sintoniza com o sonho profecia de Dom Bosco, que aqui, na região central do Brasil, entre o paralelo 15 e 20, nasceria a nova civilização do terceiro milênio.
A médica e escritora Ana Carolina D`Abreu Carvalho Pires (coautora deste projeto) muito colaborou com a divulgação, protocolos em secretarias do Estado de Goiás e tomando inúmeras outras providências, assim como a ampliação do projeto com possibilidade de passar por São Domingos, Posse, Mambaí e outras cidades, sem haver extensão para o Estado do Tocantins, restringindo apenas ao estado de Goiás, e a inclusão dos subprojetos:
O projeto “Caminho Místico Ambiental do Brasil Central”, em sua totalidade, tem como objetivo:
Turismo em nível internacional; preservação ambiental e desenvolvimento sustentável;
Inclusão social; aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH);
Importante fortalecimento da cadeia produtiva da economia local;
Economia criativa;
Preservação do patrimônio material e imaterial; parcerias público-privadas;
Geração de grande desenvolvimento econômico para o Estado de Goiás;
Compatibilizar com os eixos do mapa estratégico de ações da Secretaria de Planejamento e de Desenvolvimento Econômico do Estado, para Goiás se tornar protagonista no cenário turístico nacional e internacional.
A proposta é de caráter Laico, pois Místico não se trata de Misticismo, e está além de todas as religiões, em um aspecto maior de elevação da espiritualidade, o que está de acordo com as propostas do Papa Francisco, constadas na Encíclica Verde (Laudato Si), desenvolvendo uma política de paz entre as religiõesinterligadas ao longo do caminho, na busca de conscientização da proteção e cuidado com a natureza.
Busca-se também atingir as metas propostas pela ONU, com soluções para uma política de paz mundial, abrigando diversas manifestações de cultura de paz, filosóficas, doutrinárias, de forma harmoniosa.
A abrangência é maior que o próprio Caminho de Santiago de Compostela na Espanha, pois é uma rota que abrange não só o catolicismo, mas diversas religiões. Não se trata, também, de apenas um roteiro turístico, mas da caracterização de um local específico no planeta, para discussões de novos paradigmas para o mundo.
No ano de 2000, com a obra intitulada: Peregrinação, Turismo e Nova Era - Caminho de São Tiago de Compostela do Brasil, de autoria de Carlos Alberto Steli e Sandra de Sá Carneiro, determina-se o início do panorama das peregrinações realizadas no Brasil, com a entrada das novas rotas que têm por inspiração o Caminho de Compostela.
Existe, portanto, anterioridade de datas que tornam Narcisa Cordeiro e Chantal Dugué, as precursoras da inovação dos Caminhos de Compostela no Brasil, pois seus estudos iniciais datam desde 1987.
Um verdadeiro processo da divulgação da ideia funcionou numa reação em cadeia, de forma extraordinária. Hoje, vários Estados adotaram a referida proposta como: O Caminho da Luz, O Caminho das Missões, do Sol, da Fé, de Passos de Anchieta e outros.
Agora, em Goiás, seja bem-vindo o recente caminho “O Caminho de Cora Coralina”, com as cidades que se encontramdentro dos ramais do macrozoneamento do projeto maior “Caminho Místico”, detalhadas no terceiro volume do livro História Eclesiástica de Goiás.