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Em 2024, o universo das séries televisivas atingiu novos patamares, com produções que variaram do Japão feudal a universos de fantasia, quadrinhos e adaptações literárias de grandes clássicos. A Folha de S.Paulo reuniu sete profissionais que cobrem televisão para fazerem suas apostas e compor uma lista das séries ou temporadas inéditas que mais brilharam neste ano. Confira, a seguir, a seleção das 20 produções destacadas, em ordem alfabética, acompanhadas dos comentários e impressões de cada um desses especialistas.
Beatriz Izumino (editora-adjunta de impresso)
Xógum – A gloriosa saga do Japão
(Disponível no Disney+)
Essa megaprodução se passa no século 16 e retrata a luta pelo poder no Japão, tudo isso sem recorrer a criaturas mágicas. O respeito pela cultura local e a grandiosidade da batalha política rendem um espetáculo envolvente, que prova que grandes histórias podem ser contadas sem dragões ou elfos.
Alguém em Algum Lugar
(Disponível no Max)
Na contramão dos cancelamentos rápidos, esta comédia chegou ao fim no auge. A trama abraça a vida cotidiana e as relações humanas de forma tão terna que deixa um sentimento de plenitude, mesmo com a despedida precoce.
True Detective: Terra Noturna
(Disponível no Max)
Sob comando de Issa López, a nova temporada traz um mistério sólido e atuações de peso, com Jodie Foster em grande forma. Além de entregar um clima denso, a série questiona o clichê do “crime investigado por detetives machistas” e ainda exibe um visual primoroso em cenas noturnas.
Hacks
(Disponível no Max)
Jean Smart e Hannah Einbinder brilham na terceira temporada. Com a dupla em sintonia, a narrativa explora com mais profundidade a influência mútua das duas personagens – seja para o bem, revisitando piadas do passado de Deborah, seja para o mal, com reviravoltas no fim da temporada.
John Mulaney Apresenta: Todo mundo em LA
(Disponível na Netflix)
Com total liberdade criativa, John Mulaney inova o formato de talk show e entrega um produto incrivelmente excêntrico. Os destaques ficam para as participações de Bill Hader e David Letterman, em momentos hilários e inusitados que só poderiam surgir de um comediante do calibre de Mulaney.
Guilherme Luis (repórter da Folha)
Acima de Qualquer Suspeita
(Disponível no Apple TV+)
Uma das várias joias que a Apple TV+ apresentou em 2024, esta série jurídica coloca Jake Gyllenhaal num papel complexo e cheio de nuances. O suspense implacável e a alta qualidade de produção reforçam a reputação do streaming de ser tão confiável quanto a HBO.
Agatha Desde Sempre
(Disponível no Disney+)
Depois de um período de altos e baixos, a Marvel acerta em cheio. Kathryn Hahn, como a carismática bruxa Agatha, e John Locke, como um feiticeiro gay, formam a dupla que traz um brilho diferente ao universo de super-heróis, tornando-o mais colorido e envolvente.
Bebê Rena
(Disponível na Netflix)
Surgiu timidamente, mas em pouco tempo dominou as redes sociais e as rodas de conversa. Ácida e incômoda, a história sobre obsessão e limites psicológicos consagrou Jessica Gunning, que levou o Emmy por sua interpretação de Martha, uma personagem capaz de tirar o sono de qualquer espectador.
Disclaimer
(Disponível no Apple TV+)
Em um trabalho conjunto de Alfonso Cuarón, Cate Blanchett e Kevin Kline, a série combina atuação primorosa e direção impecável. O resultado é um quebra-cabeça que prende do início ao fim e deixa o público cheio de questionamentos.
Pinguim
(Disponível no Max)
Com Collin Farrell irreconhecível e Deirdre O’Connell brilhando, esta adaptação de um dos vilões de “Batman” surpreende pela atmosfera sombria e realista. O clima de gangues, traições e violência se destaca e culmina em um final impactante, comprovando que os “malvados favoritos” ainda têm muito a oferecer.
Leonardo Sanchez (repórter da Folha)
Agatha Desde Sempre
(Disponível no Disney+)
Prova de que o Universo Cinematográfico Marvel ainda tem cartas boas na manga, mesmo após tantos lançamentos. A leveza unida ao humor maduro faz desta uma das grandes surpresas, impulsionada pela performance irresistível de Kathryn Hahn.
Cem Anos de Solidão
(Disponível na Netflix)
A difícil missão de adaptar o clássico de Gabriel García Márquez ganhou contornos majestosos nesta produção. A direção de arte caprichada e a narrativa fiel ao espírito do livro têm tudo para agradar tanto aos fãs da obra quanto aos novatos curiosos pela história dos Buendía.
Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba
(Disponível no Crunchyroll e na Netflix)
Os animes conquistam cada vez mais destaque fora do nicho, e “Demon Slayer” cumpre o papel de embaixador dessa tendência. A beleza da animação e a progressão da história de Tanjiro Kamado credenciam a série entre as melhores do ano, aclamada tanto no Japão quanto no Ocidente.
Pedaço de Mim
(Disponível na Netflix)
Cumprindo a promessa de ser a “novela” da Netflix, a produção conquistou o público brasileiro com um enredo recheado de reviravoltas e melodrama. A mistura do formato de série com a essência de telenovela funciona perfeitamente, agradando fãs de ambas as linguagens.
Ripley
(Disponível na Netflix)
Com Andrew Scott à frente do elenco, esta nova versão da história de Tom Ripley, criada por Patricia Highsmith, traz frescor e sofisticação visual. A fotografia elegante e a condução sombria do protagonista conquistam tanto quem já conhece o enredo quanto quem chega pela primeira vez ao universo do vigarista mais charmoso da ficção.
Luciana Coelho (secretária-assistente de redação da Folha)
Cem Anos de Solidão
(Disponível na Netflix)
A adaptação de Natalia Santa recria Macondo de forma tão palpável que quase é possível sentir o calor e o cheiro da fictícia vila colombiana. A equipe teve a ousadia de manter a essência do romance de García Márquez, sem cair na armadilha de esterilizar a trama para o grande público.
O Urso
(Disponível no Disney+)
A terceira temporada da história sobre o chef em busca de um novo propósito continua envolvente. Com foco na família (biológica e escolhida) e em momentos marcantes, como o episódio “Lascas de Gelo”, a série mantém a qualidade em alta, mesmo com quem discorda sobre a força desta temporada.
Pinguim
(Disponível no Max)
Se você achava que não aguentava mais adaptações de quadrinhos, talvez seja hora de repensar. A minissérie pilotada por Lauren LeFranc humaniza o vilão de um jeito que remete a “Família Soprano”. A presença de Cristin Milioti como antagonista é a cereja do bolo.
Bebê Rena
(Disponível na Netflix)
Protagonizada, roteirizada e dirigida por Richard Gadd, a minissérie desafia fronteiras ao contar uma história inspirada em fatos reais sobre assédio, limites e a dor humana. O caráter quase documental causou polêmica, mas o impacto cultural é inegável.
True Detective: Terra Noturna
(Disponível no HBO)
Issa Lopez revigora a série antológica após duas temporadas que dividiram opiniões. A presença de Jodie Foster, em talvez uma de suas melhores atuações recentes, garante a densidade necessária para um retorno triunfal da franquia, que volta a suas raízes de investigação sombria.
Bônus: Segura a Onda
(Disponível no Max)
Larry David encerra sua comédia com uma dose de sarcasmo político e um piscar de olhos para “Seinfeld”. A acidez e a autossátira se mantêm, reforçando o status de “Segura a Onda” como uma das melhores sitcoms pós-anos 2000.
Mauricio Stycer (jornalista, crítico de TV e colunista da Folha)
O Jogo que Mudou a História
(Disponível no Globoplay)
Focada em um enredo sobre as origens das facções criminosas cariocas, a série dirigida por Heitor Dhalia e idealizada por José Júnior não poupa o espectador de cenas violentas. A brutalidade incomoda, mas é inerente à realidade retratada, oferecendo um retrato duro das favelas.
Os Quatro da Candelária
(Disponível na Netflix)
Reconta o assassinato de oito jovens na noite de 23 de julho de 1993, sob o ponto de vista de quatro vítimas que viviam nas ruas. A narrativa é marcada pela tristeza e funciona como um lembrete de problemas sociais que persistem nas grandes metrópoles brasileiras.
MC Daleste: Mataram o Pobre Loco
(Disponível no Globoplay)
O funk é tema deste documentário que investiga o assassinato do MC Daleste, morto em 2013 durante um show. A produção analisa a apuração policial e as falhas que deixaram perguntas sem resposta, num convite à reflexão sobre a justiça e a marginalização do funk.
Um dos Nossos: David Chase e a Família Soprano
(Disponível no Max)
Dividido em duas partes, o documentário expõe o processo criativo de David Chase, criador de “Família Soprano”, e mostra como a série revolucionou a TV. Dirigido pelo premiado Alex Gibney, “Um dos Nossos” é uma imersão que todo fã de Tony Soprano deveria conferir.
A Mulher no Lago
(Disponível na Apple TV+)
Uma das provas da força do catálogo da Apple TV+ em 2024. O drama ambientado nos anos 1960 conta com Natalie Portman e Moses Ingram discutindo racismo, antissemitismo e sexismo em Baltimore. A criação de Alma Har’el traz frescor e profundidade ao panorama das produções do ano.
Teté Ribeiro (repórter especial da Folha)
Bebê Rena
(Disponível na Netflix)
Série que foi da obscuridade ao auge em poucas semanas, coroada pela crítica e o público. Inspirada na história real de Richard Gadd, a produção fala sobre obsessão, trauma e superação, e consegue surpreender mesmo quem já leu muito a respeito.
Ripley
(Disponível na Netflix)
Um novo olhar sobre “O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith, que enfrenta a sombra de uma adaptação cinematográfica clássica (1999). Dirigida por Steven Zaillian e estrelada por Andrew Scott, a produção consegue atualizar a trama e realçar ainda mais o charme inquietante do personagem.
Monstros: Irmãos Menendez
(Disponível na Netflix)
Ryan Murphy retorna ao formato true crime com um caso recente e cheio de elementos pop – incluindo menções à boy band Menudo. O suspense faz parte do pacote, e a série ainda abre espaço para questões de abuso, privilégio e justiça, típicas da abordagem de Murphy.
Disclaimer
(Disponível no Apple TV+)
Dirigida por Alfonso Cuarón e estrelada por Cate Blanchett e Kevin Kline, a produção brinca com o desconforto do espectador ao abordar vingança, moral e segredos do passado. Leila George e Sacha Baron Cohen completam o elenco, numa narrativa que não se preocupa em oferecer conforto, mas sim provocar.
Hacks
(Disponível no Max)
A veterana Deborah Vance (Jean Smart) e a jovem Ava (Hannah Einbinder) seguem com uma química afiada. A busca de Deborah por um programa de entrevistas na TV gera conflitos que, entre uma piada e outra, trazem reflexões sobre carreira, juventude e indústria do entretenimento.
Thiago Stivaletti (jornalista e crítico de cinema, TV e streaming, colunista do F5)
Renascer
(Disponível no Globoplay)
Embora não tenha repetido o estrondo de “Pantanal”, o remake da obra de Benedito Ruy Barbosa oferece paisagens deslumbrantes e um ritmo mais contemplativo, relembrando a força da teledramaturgia brasileira. Juan Paiva, Irandhir Santos e Sophie Charlotte se destacam em um elenco sólido.
The New Look
(Disponível no Apple TV+)
A ocupação nazista de Paris no contexto da alta costura dá o tom deste drama histórico. Juliette Binoche rouba a cena como a icônica Coco Chanel, confrontada com questões éticas e escolhas controversas durante um dos períodos mais sombrios da Europa.
Bebê Rena
(Disponível na Netflix)
A unanimidade do ano. A história de um barman perseguido por uma fã ultrapassa os limites do simples “stalkeamento” e reflete temas universais como solidão e fracassos pessoais. Richard Gadd e Jessica Gunning formam o núcleo que carrega a intensidade dessa trama.
Pinguim
(Disponível na Max)
Em um ano de saturação dos filmes de super-heróis, a aposta no vilão de Gotham surpreendeu ao evocar a atmosfera de um filme de máfia, repleto de intrigas e violência urbana. Cristin Milioti dá vida à mafiosa Sofia Gigante, ampliando o leque de personagens femininas marcantes do ano.
Justiça 2
(Disponível no Globoplay)
A segunda temporada da antologia de Manuela Dias aborda desigualdades e corrupção em Brasília. Entre as quatro tramas, temas como abuso sexual e chantagem dão o tom dramático. A produção se destaca pela ousadia e pela presença de atrizes como Paolla Oliveira, Alice Wegmann e Belize Pombal.
Com gêneros que vão do terror policial à fantasia épica, de documentários sobre crimes reais a histórias de bruxas da Marvel, 2024 foi um ano notável na televisão. Dos grandes streamings aos canais mais tradicionais, não faltaram títulos capazes de prender a atenção de quem busca drama, ação, suspense ou humor. E você, já escolheu a sua preferida entre as melhores séries de 2024?
