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Pânico 2

Da agência o globo

Há uma série de bons jogadores no futebol brasileiro e na seleção que foi ao Chile. Talvez não sejam tantos quanto o desejável, talvez exista apenas um grande craque, ausente na reta final. Mas é possível formar um ótimo time. Nesta Copa América, a seleção anda longe, justamente, de ser um time. Coletivamente, é um arremedo.

Se a evolução dos amistosos era uma impressão equivocada, se os desfalques comprometeram e se Dunga será capaz de formar um time competitivo, só o tempo dirá. Na Copa América, o Brasil não evoluiu. Pelo contrário. Abusou do direito de jogar mal ontem, contra o Paraguai. Foi dominado de forma indiscutível. O 1 a 1 foi lucro. O desastre se consumou nos pênaltis: 4 a 3 Paraguai, repetindo o resultado da Copa América de 2011.

O Brasil perde muito mais do que a vaga nas semifinais. Sofre outro duro golpe em sua autoestima, em sua credibilidade. A reconstrução pós 7 a 1 dá alguns passos atrás. Como há quatro anos, o Paraguai tira o Brasil da Copa América.

Eram 14 minutos do primeiro tempo quando várias lições surgiram num só lance. A troca de passes começou na esquerda, com Philippe Coutinho, Filipe Luís e Elias. Foi parar na direita, no cruzamento de Daniel Alves para o gol de Robinho. Um gol à brasileira, com grife. Um exemplar do que se convencionou chamar de escola brasileira.

Era inquietante o sofrimento do time para sair jogando desde a defesa. Thiago Silva e Miranda, quando recebiam a bola de Jéfferson, quase sempre se viam sem opções. Bastava o Paraguai adiantar a marcação para o Brasil se ver absolutamente sem alternativas para fazer a saída de bola. Eventualmente, Filipe Luís surgiu como boa opção. Os volantes não davam linhas de passe. Restava se desfazer da bola, dar um passe longo com pouca probabilidade de acerto, ver a bola ser perdida e voltar aos pés paraguaios. A seleção não produzia volume. As jogadas terminavam mal porque raramente começavam bem.

Menos mal que a defesa se saía bem. Não dava ao rival uma jogada clara de gol. Mas tampouco o Brasil transmitia boas sensações com o seu jogo. Afinal, de tanto rondar a área, é sempre justificável o temor de que uma bola acabe entrando.

A melhor solução para o Brasil era uma roubada de bola mais à frente, mas o time ainda não é compacto. Quando acontecia, era possível agredir. Mas era raro. Foi só aos 30 minutos que surgiu outra boa jogada, mas Robinho, o melhor da seleção, errou o último passe. Philippe Coutinho mostrou evolução e Elias tentou se infiltrar mais. Só que a má atuação de Roberto Firmino não ajudava a conservar a bola na frente.

Num segundo tempo em que os erros se repetiam, a diferença era que o Paraguai começara a assustar. Em 15 minutos, duas cabeçadas de Valdez e de Paulo da Silva obrigaram o inseguro Jéfferson do primeiro tempo a mostrar eficiência. O enredo era o mesmo: o Paraguai com a bola e o Brasil sem saída. Só que com o passar do tempo, a seleção se impacientava com a própria incapacidade de tomar a rédea da partida e ensaiava um constrangedor antijogo. O Brasil perdia a calma e, de vez, ficava sem qualquer simpatia do estádio em Concepción, majoritariamente ocupado por chilenos que torciam pelo Paraguai.

O cenário que pedia equilíbrio acabou contando com o surto periódico de Thiago Silva. Repetindo as oitavas de final da Liga dos Campeões, decidiu, sabe-se por que razão, colocar a mão numa bola disputada no alto, sem risco iminente de gol. Eram 26 minutos quando Derlis González bateu o pênalti e empatou. Eram 34 quando o mesmo González recebeu pela direita e parou em Jéfferson. O Brasil já estava no lucro. Dunga trocara Willian por Douglas Costa e Firmino por Tardelli, mas o time não funcionava. Nos pênaltis, Éverton Ribeiro e Douglas Costa erraram.

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