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Exposição

Exposição “Teologia Natural” é imersão nas memórias da artista Alina Duchrow nas relações históricas entre homem e meio ambiente

Mostra está aberta à visitação, na Galeria Antônio Sibasolly, até 13 de agosto

Nesta complexa teia de acontecimentos, Alina Duchrow traz uma nova leitura do tempo e da vida no planeta, onde o visível e o invisível se entrelaçam, resgatando memórias náufragas e histórias de corpos em constante deslocamento Nesta complexa teia de acontecimentos, Alina Duchrow traz uma nova leitura do tempo e da vida no planeta, onde o visível e o invisível se entrelaçam, resgatando memórias náufragas e histórias de corpos em constante deslocamento

Redação

A Galeria Sibasolly, em sua contínua missão de promover diálogos artísticos relevantes, apresenta, até 13 de agosto, a exposição "Teologia Natural", da artista Alina Duchrow. Esta mostra, selecionada na categoria nacional do Programa de Exposições, estreia no Brasil após sua bem-sucedida apresentação em Rabat, Marrocos, durante o centenário da Independência do país africano, em 2022. A mostra fica aberta à visitação de segunda a sexta, das 9h às 18h.

Alina Duchrow, arquiteta e artista visual nascida em Fortaleza, Ceará, e atualmente radicada em Rabat, traz em sua obra uma narrativa poderosa que transcende fronteiras e tempos. Com uma sólida formação acadêmica, incluindo uma pós-graduação em Artes Visuais pela Universidade Alanus Hochschule, na Alemanha, e doutoranda no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da UNB, Alina utiliza sua arte para explorar temas profundos e complexos.

"Teologia Natural" é uma exposição que convida o espectador a uma profunda reflexão sobre a relação entre o homem, a natureza e a história, afirma sua curadora, Yana Tamayo. Com instalações, desenhos, vídeos e micronarrativas, a artista mergulha nos vestígios do colonialismo, desenterrando eventos esquecidos ou deliberadamente negados pelo discurso oficial. O título da exposição faz referência à crença cristã de que a natureza existia para a melhoria do homem, uma ideia que contrastava com a exploração desenfreada dos recursos naturais em prol dos interesses mercantis.

Um dos destaques da mostra é a instalação simbólica que representa a restituição da seiva para o mundo, desafiando a lógica mercantilista e buscando trazer de volta a floresta por meio desse elemento vital. Além disso, o vídeo apresentado preserva a memória dos migrantes cearenses na Amazônia, enquanto a instalação "UM", realizada no Marrocos, narra a jornada dos judeus em busca do Eldorado da borracha na Amazônia, conectando mundos distintos e memórias que se entrelaçam.

No filme "A Semente", Alina inicia com a pergunta "Por onde começar a contar uma história?", aproximando-nos da essência de "Teologia Natural". “A exposição, através de seus diversos meios, tece um debate atual sobre natureza, extinção, memória e produção histórica, conectando-os à memória familiar da artista e a eventos históricos marcantes, como a extração do látex para a produção de borracha”, afirma Alina Duchrow.

A instalação "Eldorado" apresenta uma série de desenhos e imagens híbridas que emergem da interação onírica de relatos, seres, corpos, mitos, objetos e sensações postas em contato através da borracha da floresta. “A busca pelo Eldorado, transformada no que Isabelle Stengers chamou de "feitiçaria capitalista", é central para a compreensão da violência colonial extrativista”, relata Tamayo.

Outra obra, "Medicina", reúne finas membranas de látex moldadas a partir do contato com superfícies industriais de borracha e plástico, criando uma nova paisagem que nos coloca diante da memória espectral da matéria vegetal. Esta obra busca ser um antídoto, um contrafeitiço que subverte a lógica mercantilista e restaura a seiva ao mundo vivo e sagrado de onde foi retirada.

"UM", fruto da colaboração entre Alina Duchrow e o artista marroquino Ziad Naitaddi, é uma instalação multimídia que conecta memórias de inícios e deslocamentos. Baseada em uma carta que narra a história de judeus marroquinos que migraram para a Amazônia em busca da prosperidade dos seringais, a instalação sobrepõe duas histórias e mapas, criando uma justaposição de realidades espaciais e temporais.

Para o curador do Programa de Exposições e coordenador da Galeria Antônio Sibasolly, Paulo Henrique Silva, “a exposição ‘Teologia Natural’ não é apenas uma mostra, mas uma provocação para repensarmos nosso papel como seres humanos e nossa relação com o meio ambiente e a história”. Segundo ele, Alina Duchrow convida o espectador a refletir sobre os traumas históricos e a ressignificá-los por meio da linguagem artística, em uma jornada que transcende fronteiras geográficas e temporais.

Serviço

‘Teologia Natural’ – Alina Duchrow

Local: Galeria Antônio Sibasolly – Praça Bom Jesus, nº 101 – Centro – Anápolis (GO)

Período de visitação: 10 de junho a 13 de agosto

Horário: 9h às 18h

Entrada gratuita

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