Divania Rodrigues,Da editoria de Cidades
Emoção e tristeza acompanharam nos últimos dois dias a vida de goianos e mesmo de vários brasileiros. A televisão deu destaque e transmitiu, ao vivo e em rede nacional, o passo a passo da morte ao enterro de Cristiano Araújo, 29 anos, e sua namorada Allana Moraes, 19 anos. Os fãs e curiosos seguiram as notícias nos meios de comunicação e compartilharam, pelas redes sociais, fotografias com o ídolo e imagens de seu último adeus.
No velório, de acordo com estimativa da Polícia Militar (PM), cerca de 50 mil pessoas renderam homenagens ao cantor que estava no auge da carreira. Na manhã de ontem, depois de cortejo de 15 quilômetros em carro aberto do Corpo de Bombeiros, Cristiano Araújo foi enterrado sob o olhar de pelo menos três mil pessoas conforme a PM.
Muitos fãs de Cristiano aguardavam no Cemitério Jardim das Palmeiras desde cedo e acompanharam o sepultamento de Allana, que ocorreu por volta das 10h30. Familiares e amigos da jovem se mostravam consternados com a perda.
Para Miguelina Peixoto, 59 anos, que estava no cemitério para acompanhar os sepultamentos, a tristeza era grande e cogitava que as famílias deviam estar muito abaladas e por isso queria mostrar solidariedade. Junto com as amigas, tinha sido liberadas do trabalho para estar no local.
Espera
Enquanto o cortejo não chegava, vários fãs já se aglomeravam ao redor do cordão de isolamento montado pela polícia para dar mais privacidade a familiares e amigos. A fila de carros, que acompanhou, o cantor saiu do Centro Cultural Oscar Niemeyer, onde o corpo de Cristiano foi velado por mais de 15 horas. Sob o sol forte, muitos tentavam guardar lugar para conseguir ver de mais perto o sepultamento do artista. Outros aproveitavam o tempo para registrar o momento por meio de gravações, celular e selfies do local onde descansará o ídolo.
Nos grupos de pessoas que se formavam, o assunto girava em torno da tragédia e dos lamentos pela vida de dois jovens promissores ter sido interrompida de maneira brusca. Laila Carvalho, 28 anos, explica que acompanhava a carreira do cantor desde o início e que estava sentindo imensa tristeza, não só porque ele era seu ídolo: “Eles tiveram os sonhos interrompidos”.
Ela fala que o cantor era talentoso, humilde e estava desabrochando na carreira, com um futuro pela frente. “Talvez, ele quisesse ficar só um pouco de tempo em casa, mas aconteceu isso”, conjectura sobre a trágica viagem de Cristiano para Goiânia, vindo de Itumbiara logo depois de um show.
Eli de Sousa, 57 anos, veio com a família toda e disse acompanhar o cantor por causa da filha que seguia sua carreira. Para ela, era um momento de muita tristeza principalmente para os familiares: “Os dois estão bem agora, com papai do céu, mas fico pensando nas famílias, nas pessoas próximas a eles”.
Últimos Aplausos
Em frente ao cemitério, as fãs gritavam o nome do cantor quando o cortejo se aproximou, como faziam antes de Cristiano entrar no palco. O enterro, que estava marcado para acontecer às 11h, ocorreu por volta das 12h. Depois da chegada, muitos fãs correram para entrar no cemitério e conseguir acompanhar a cerimônia de enterro.
Com olhos vermelhos pela noite mal dormida e pelo choro incontido, amigos, colegas de trabalho e familiares se consolavam na área resguardada pela polícia e seguranças. Seu pai, João Reis de Araújo, se mostrava emocionado durante o enterro. Ele segurava nas mãos a miniatura de um violão em homenagem ao filho. Zenaide Melo, mãe do cantor, passou mal durante o velório e não compareceu ao enterro. Os filhos de Cristiano, de 7 e de 2 anos, também não foram levados ao cemitério.
Durante o sepultamento, os presentes cantaram músicas de Cristiano e aplaudiram o artista durante a descida do caixão e o encerramento do túmulo. O caixão de Cristiano estava coberto com uma bandeira do Brasil e com uma do time de coração, o Vila Nova. Depois de encerrados, os túmulos de Cristiano e de Allana foram cobertos com inúmeras coroas de flores.