Da Redação/Agência Globo
Os credores da Grécia propuseram a Atenas um pacote de 15,5 mil milhões de euros até fim de novembro, caso haja um acordo hoje, para fazer face às obrigações financeiras para com o FMI e o BCE. Segundo fontes diplomáticas, para que esta proposta vá em frente, é esperado, antes de mais, que a Grécia chegue a um acordo com os credores hoje mesmo sobre as medidas a executar e, depois, que essas mesmas medidas consigam passar no parlamento helénico, domingo ou segunda-feira.
Caso tal aconteça, Atenas receberá no imediato 1,8 mil milhões de euros de emergência, referentes aos lucros feitos pelo Banco Central Europeu (BCE) com a dívida pública helénica, para que possa reembolsar a tempo os 1,5 mil milhões de euros devidos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) até 30 de junho e evitar o descumprimento ou “default”.
Além deste dinheiro, segundo fontes europeias, estão também previstas mais verbas ao longo dos próximos cinco meses, tempo em que o programa de resgate deverá ser estendido, mas que só chegarão aos cofres helénicos – agora depauperados – à medida que Atenas for executando as medidas eventualmente negociadas.
Do fundo de resgate da zona euro deverão vir duas tranches – uma de 4 mil milhões de euros em meados de julho e outra de 4,7 mil milhões de euros no início de agosto – referente a dinheiro que até agora estava reservado para recapitalizar a banca grega em caso de urgência.
Outra parcela, de 1,5 mil milhão de euros de lucros com dívida pública feitos ao longo deste ano, poderá ser também libertada, neste caso após o verão. A somar a estes 12 mil milhões de euros das instituições europeias, o FMI poderá ainda financiar Atenas com mais 3,5 mil milhões de euros, sendo sempre esse dinheiro sujeito a condicionalidades.
A questão do financiamento do Estado grego é crucial uma vez que, mesmo com um saldo orçamental io (diferença entre receitas e despesas, excluindo os juros da dívida) positivo, como querem os credores que o governo helénico consiga este ano, o país tem de fazer face nos próximos meses a vários compromissos importantes, nomeadamente os reembolsos de dívida ao FMI e ao BCE.
Para tudo isto é necessário que haja acordo no Eurogrupo deste sábado, o que inclui medidas como aumentos no IVA ou redução das pensões. Se não acontecer, deverá haver uma cimeira de emergência da zona euro sobre a Grécia no domingo e começará a ser discutido o chamado “plano B”.
Um acordo entre a Grécia e os seus credores, que poderá evitar o incumprimento financeiro, deverá ser encontrado hoje para de seguida poder ser aprovado pelos parlamentos nacionais, disse hoje o líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
“Temos de encontrar uma solução amanhã (hoje) pela simples razão de que precisa ser aprovado pelos parlamentos: primeiro, o Parlamento grego e, em seguida, pelos parlamentos dos vários Estados-membros”, defendeu ontem Dijsselbloem, em declarações aos jornalistas em Haia.
Acordo
O Eurogrupo volta a reunir-se, em Bruxelas, hoje, às 17h (16h em Lisboa) para uma nova ronda de negociações sobre a questão da Grécia, noticiou hoje a AFP, citando fonte comunitária.
Um eventual acordo com os credores hoje fará desbloquear para a Grécia 1.800 milhão de euros de lucros que o BCE fez com a dívida pública helénica, a tempo de pagar a 30 de junho a dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo uma fonte europeia, a oferta dos credores impõe que, para a Grécia receber os 1,8 mil milhões de euros correspondentes aos lucros do BCE com obrigações gregas, o governo grego tenha não só de chegar a acordo na reunião do Eurogrupo este sábado sobre as medidas a executar no país, como também fazer passar essas medidas no parlamento, domingo ou segunda-feira. O importante é que tudo seja feito até terça-feira, data em que o país tem de pagar 1.600 milhão de euros ao FMI.