Os criadores de peixes de todo o País disporão de um parâmetro para a sua atividade. Trata-se o Plano Safra de Pesca e Aquicultura, destinado a fomentar a pesca, que está prestas a ser lançado em Brasília. A proposta do Ministério da Pesca é de amparar os pescadores com recursos financeiros e ampliar a assistência técnica. O lançamento está previsto para ainda este mês. Anúncio, neste sentido, foi feito ontem (26), pelo coordenador geral de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura Continental em Estabelecimentos Rurais e Áreas Urbanas do Ministério da Pesca e Aquicultura, Jackson Luiz da Cruz Pinelli, durante participação na audiência pública sobre Fortalecimento da Cadeia Produtiva da Aquicultura e Piscicultura em Goiás.
O deputado Jean Carlo dos Santos disse acreditar no regime de integração para a solução das cadeias de produção piscícola. Com os dados colhidos durante o evento, o parlamentar formatará um documento para ser encaminhado aos órgãos competentes do governo de Goiás. O encontro reuniu autoridades do Ministério da Pesca, representantes da Secretaria de Desenvolvimento do Estado e da sociedade civil organizada.
O Plano Safra da Pesca e Aquicultura é uma linha de crédito que financia projetos para aumentar a produção e gerar renda em todo o Brasil. Com taxas de juros reduzidas e prazos de carência maiores, beneficia pescadores profissionais, marisqueiras, aquicultores de peixes, camarões, ostras, mexilhões e vieiras, algas, peixes ornamentais, além dos agricultores familiares que desejem utilizar seus reservatórios no cultivo de peixe.
Gargalos na linha
Para o vice-presidente da Comissão de Aquicultura da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, Gustavo Furtado, o maior problema da atividade pesqueira é o comércio, seguido da capacidade frigorífica e impostos para exportação de produtos. “Atualmente, Goiás produz 22 mil toneladas de pescado por ano. Não adianta colocarmos o goiano para consumir todo o pescado”, observa.
Pescador da região de Uruaçu, Antônio Machado apontou as dificuldades que os pescadores enfrentam, apresentou reivindicações e deu um alerta: os pescadores não são criminosos, eles produzem alimentos e vivem dessa atividade há muito anos.
O zootecnista e mestre em Aquicultura Continental Guthemberg Kirk da Fonseca Ribeiro apresentou dados sobre a atividade pesqueira no Norte do Estado, especificamente no complexo de lagos de Serra da Mesa e Cana Brava. Guthemberg faz um levantamento da realidade do que já foi vivido e uma avaliação da presença e do impacto da criação de tilápia na região. Segundo ele, Serra da Mesa é o maior reservatório em volume de água do Brasil, são mais de 54 bilhões de metros cúbicos de água.
“Serra da Mesa fará 20 anos em 2016 e nesse período não existiu nenhuma política para cuidar da região e suas demandas, com exceção da Cota Zero”, vaticinou. De 1994 a 2009, a produção de tilápia aumentou muito no local. Só em 2009, segundo ele, foram produzidas 140 mil toneladas do peixe.
Provocar o debate
O deputado Jean Carlo dos Santos, presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, destacou a importância do encontro para trazer o debate e tornar público as dificuldades enfrentadas no Estado pelos piscicultores. Ressaltou que iniciativas como essas podem ampliar a organização de uma cadeia produtiva em todo País, que hoje importa anualmente mais de 300 mil toneladas de peixe, principalmente do Chile.
“A piscicultura, especialmente, é uma cadeia produtora de alimentos muito importante, nós temos em nosso Estado um potencial muito grande, para desenvolver bons projetos. A iniciativa de debatermos esse assunto partiu de manifestação de criadores de peixes da região de Uruaçu, região da Serra da Mesa em geral, que vem encontrando entraves para desenvolver suas atividades, principalmente por questões de licenciamento ambiental”, informou Jean.
Para o superintendente da Pesca, Valdeci Mendonça, a principal dificuldade na piscicultura do País se deve às questões ambientais, pois os criadores muitas vezes não consegue financiamento junto aos bancos e financiadores. Mas Valdeci prevê um cenário otimista para o ano de 2015, dizendo que o segundo semestre é de muita expectativa. Recentemente, o ministro Helder Barbalho (Pesca) informou que o Brasil está mapeando sete Estados para fazer um incentivo maior.
Mestre em Aquicultura Continental, o zootecnista Paulo Roberto apresentou dados em relação à pesca no País. Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB) pesqueiro é de R$ 5 bilhões e a atividade movimenta 800 mil profissionais e gera 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. “A cadeia piscícola tem enorme capacidade de geração de renda, além de fornecer um alimento que adquire espaço na mesa dos brasileiros.”
Discussão em Brasília
“É um momento de otimismo que a cadeia irá ganhar um incentivo muito grande nesses próximos meses. Nos dias 2 e 3, estaremos em Brasília para discutir todas as ações que serão feitas junto aos nossos parceiros, a cadeia de piscicultura terá um grande incentivo daqui para frente. Agora a tendência é melhorar”, destacou o superintendente da Pesca.
O superintendente de Agricultura da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Antônio Flávio Camilo Lima, ressaltou o grande potencial que o Estado tem para produção de piscicultura, com a disponibilidade de água, clima favorável e pessoas capacitadas.
“Além das questões ambientais, nós precisamos que a cadeia se fortaleça, o setor onde o produtor produz, mas não encontra a indústria para transformar, a indústria tem dificuldade de colocar o seu produto no varejo, acaba tendo dificuldades em alavancar sua cadeia produtiva”, resumiu Antônio Flávio, sobre os aspectos que preocupam os produtores de peixes em Goiás.