A idílica Ilha de Caldey, situada na costa do País de Gales, foi palco de um dos mais chocantes casos de abuso infantil da história recente do Reino Unido. Um relatório independente, divulgado recentemente, revelou uma série de abusos cometidos por monges contra crianças ao longo de quatro décadas.
Caldey, uma ilha de 540 hectares com apenas 40 habitantes, incluindo oito monges, é conhecida por sua tradição monástica que remonta ao século VI. A abadia atual, construída em 1906 por monges beneditinos, foi vendida à ordem cisterciense em 1925. Ironicamente, este local de aparente paz e espiritualidade se tornou um refúgio para predadores sexuais.
O relatório indica que, entre 1960 e 1992, pelo menos 54 crianças, algumas com apenas três anos de idade, foram vítimas de abusos sexuais por parte dos monges. Muitas dessas vítimas eram turistas ou estudantes de escolas católicas em visita à ilha. Os abusos variavam em gravidade, chegando até mesmo a casos de estupro.
O foco principal do relatório é o Padre Thaddeus Kotik, conhecido como "Padre Thadd". Kotik abusou de várias crianças nas décadas de 1970 e 1980, escapando da justiça até sua morte em 1992. Ele usava estratégias complexas para atrair suas vítimas, incluindo o uso de animais de estimação para despertar a curiosidade das crianças.
O relatório, conduzido por Jan Pickles, ex-comissário adjunto de polícia, destaca que as vítimas enfrentaram negação e acusações de mentira quando tentaram denunciar os abusos. Essa atitude levou a Abadia de Caldey a ser vista como hostil e cruel.
Continuidade dos Abusos
Mesmo após a morte de Kotik, a ilha continuou sendo um refúgio para pedófilos. Em 2011, o Padre John Shannon foi condenado por posse de imagens indecentes de crianças. No mesmo ano, Paul Ashton, um pedófilo foragido, foi descoberto vivendo na ilha sob um nome falso.
Após uma ação civil em 2017, seis vítimas receberam indenizações. O atual abade, Padre Jan Rossey, pediu desculpas publicamente pelas falhas da instituição. O relatório de Pickles apresentou 12 recomendações, incluindo a cessação de contato informal entre monges e visitantes e a verificação obrigatória de antecedentes criminais para novos residentes da ilha.