Em uma reviravolta surpreendente no conflito sírio, o líder rebelde Abou Mohammed al-Joulani concedeu sua primeira entrevista em anos à CNN, revelando os objetivos e visão de seu grupo, o Hayat Tahrir al-Sham (HTS). Esta entrevista ocorre em um momento crucial, com os rebeldes avançando rapidamente em direção a áreas estratégicas do país.
Os rebeldes islâmicos sírios estão progredindo com velocidade impressionante. Após conquistarem Aleppo, agora se encontram a poucos quilômetros de Homs, última grande cidade antes da capital Damasco. Al-Joulani, em suas declarações, foi enfático ao afirmar que o objetivo final é derrubar o regime de Bashar al-Assad. "O regime sempre carregou consigo as sementes da derrota", declarou Al-Joulani, acrescentando que, apesar das tentativas de apoio do Irã e da Rússia, "este regime está morto".
Al-Joulani buscou tranquilizar a população civil, afirmando que não devem temer a chegada dos rebeldes, independentemente de etnia ou religião. Ele argumentou que o medo da governança islâmica se deve a aplicações errôneas ou incompreensão do conceito. O líder rebelde prometeu, caso consigam derrubar o regime, estabelecer um governo baseado em instituições e "governança eleita pelo povo".
A família Assad governa a Síria há 53 anos, sendo responsabilizada pela morte de centenas de milhares de pessoas desde o início da guerra civil em 2011. O regime de Damasco enfrenta acusações de múltiplas violações de direitos humanos e crimes de guerra.
Controvérsias e desafios futuros
Apesar das promessas de Al-Joulani, o HTS, formado em 2017, tem um passado controverso. O grupo, originado da fusão da ex-Frente al-Nusra (afiliada à Al-Qaeda) com outros grupos rebeldes, ainda é considerado uma organização terrorista pela ONU e EUA. Grupos de direitos humanos expressam preocupação, citando acusações recentes contra o HTS de repressão brutal a manifestações e maus-tratos a dissidentes.