Vicente Vecci ,Especial para Opinião Pública
Feliz é aquele que não se locupleta com o dinheiro público, pois não terá que acertar contas com o Altíssimo. É com Ele mesmo, uma vez que se depender da nossa Justiça, passa impune. Veja o que aconteceu com o José Genoíno e os outros mensaleiros e poderá ocorrer a mesma situação com os envolvidos no petrolão. Está ficando claro que no Congresso Nacional pode estar localizado um arquipélago de corruptos com extensão até o Executivo. Roubar dinheiro público é pior que nos assaltar e nossos lares. Quando se furta dinheiro público o dano é muito maior e atinge nós todos que carecemos de assistência à saúde, educação, segurança,empregos, etc. Quem faz uso do dinheiro público em proveito próprio está abaixo dos marginais das esquinas e dos traficantes de drogas. E vendo permanecer a impunidade, está sendo despertada a Serpente da Revolta em nossa sociedade. O panelaço no dia 8 passado e a manifestação do 15 de março são exemplos do que poderá vir ainda.
Locupletar-se com dinheiro público não é somente fazer uso da corrupção. É também aumentar o próprio salário e amealhar outras vantagens como tem feito o Legislativo e o Judiciário. Vem a ser um acinte e um desrespeito com o cidadão brasileiro, principalmente com aqueles que recebem mensalmente um salário mínimo. É um acinte também com a nossa classe empresarial que trabalha e gera empregos, distribuição de rendas, pagando elevadíssimos impostos para sustentação desses supersalários. Apesar de algumas empresas serem obrigadas a pagar proprina a agentes públicos para conseguir serviços. Esse acinte é extensivo também para determinados órgãos de imprensa que não sobrevivem sem recursos do erário, numa venalidade a favor de quem está no poder, e ainda se rotulam de paladinos da liberdade.
Existe remuneração no Judiciário que passam dos 32 mil reais mensalmente. Valor muito superior ao lucro mensal de uma empresa que gera até 50 empregos. É aonde motiva a denominação pejorativa de nossos país de Belíndia. Padrão de vida para poucos igual ao da Bélgica e de miséria para muitos, igual ao da Índia. Os recursos públicos que remuneram esses supersalários, fazem falta para atender a nossa população de baixa renda com melhores hospitais, escolas, saneamento básico, moradias, transportes,segurança, etc. Daí a necessidade de rever essa exagerada concentração de renda às custa do erário e diminuir essa vantagem pecuniária. Seria mais ético se partisse dos próprios beneficiados, numa autocrítica em favor do bem comum e aproveitem, façam valer o rigor da lei contra a corrupção. Na china e em alguns países, a corrupção é punida com a pena de morte, independente do status quo do corrupto.
Mas se a situação continuar como está, com certeza o distanciamento dessa classe com a população tende aumentar e a repercussão está atiçando a Serpente da Revolta, trazendo insegurança pública para eles e para nós.
N.A. - O termo Serpente da Revolta é título de um épico artigo de autoria do jornalista Fábio Nasser, um dos fundadores do Diário da Manhã (in memoriam)
(Vicente Vecci, associado à AGI, edita em Brasília há 31 anos o Jornal do Síndico)