Quem só pensa em economizar sempre paga mais caro e gasta mais tempo.
Poupar é uma atitude sábia e austera: economizar é criar e alimentar o desespero obsessivo de perder.
O ato de poupar ou guardar refletem uma saúde mental e uma inteligência emocional apuradas.
Isso é um hábito criado com a repetição impulsionada na crença de que é necessário acumular para ter fôlego financeiro.
A diferença entre o hábito saudável de poupar e a obsessão paranoica de economizar é imensa: quem poupa pesquisa para não pagar valores exorbitantemente mais elevados, mas o bom poupador sabe que qualquer coisa muito abaixo do preço médio de mercado é algo questionável, de baixa qualidade, ilegal ou com péssima durabilidade e até descartável.
Enquanto isso o obsessivo por economizar considera o dinheiro o bem final da negociação e desconsidera os valores mais importantes do processo de obtenção de bens e serviços, dentre eles, a qualidade. Para quem pensa no dinheiro como fim e não como meio a qualidade não é nem levada em conta na aquisição do item desejado.
Dessa forma quem quer economizar se vê na ilusão de que está “gastando menos” ao comprar algo que esteja num valor bem abaixo do preço médio de mercado estipulado para aquela mercadoria pelas simples leis de oferta e procura que regem o preço médio daquele item específico.
Esse é o princípio básico que norteia a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993 (Lei Geral das Licitações), que determina a contratação ou obtenção por parte de órgãos da administração pública de bens e serviços fornecidos por empresas ou profissionais.
Esse princípio é bem simples: no leilão existe o preço médio de mercado já aproximadamente conhecido para aquela negociação específica. As empresas que trouxerem orçamentos muito acima da média do preço de mercado perdem o contrato por motivos óbvios de trazer um orçamento muito caro, portanto, fora da realidade.
As empresas que trouxerem orçamentos muito abaixo do preço médio praticado no mercado para aquele item ou serviço que o poder público quer adquirir também perdem o contrato por motivos óbvios de trazer um orçamento que também está fora da realidade do mercado, com preços muito baixos, o que evidencia materiais de baixíssima qualidade, mão de obra não qualificada, economias, cortes e gastos em itens ou etapas essenciais à execução do serviço com o mínimo de qualidade exigida para atender à população.
Em linhas gerais o princípio é bem simples: se estiver muito barato pode ter certeza de que não presta!
Quem procura preço não está nem um pouco preocupado com a qualidade. É uma pessoa que não se importa com a perfeição, se importa em “gastar pouco”, acreditando que com isso esteja economizando.
Na verdade quem tem o péssimo costume de “economizar” está sempre adquirindo serviços de péssima qualidade, produtos sem os mínimos padrões de durabilidade, segurança e design.
São pessoas que se sentem satisfeitas com “gambiarras”. A sabedoria é provada válida por seus frutos: uma obra construída com materiais de baixa qualidade vai começar a dar defeitos dentro de 1 ou 2 anos depois de entregue, porque os responsáveis pela obra pensavam que estavam economizando ao se preocupar com o preço baixo. Comprar barato, abaixo do preço médio, nunca é economia!
Pequenas variações no preço médio não comprometem a apresentação do mesmo padrão de qualidade, mas algo que esteja bem abaixo do preço médio certamente não é economia, é gasto em dobro, pois é algo de baixa qualidade.
Essa verdade é muito mais evidente na contratação de mão de obra. Um prestador de serviços que tenta se nortear pelo código de ética do seu conselho de classe ou de seu sindicato vai ter condições de apresentar diferenciais importantes na prestação do seu serviço, enquanto que aquele “profissional curioso”, ou seja, o famoso “boquêta”, “resolve-tudo” sempre vai cobrar bem mais barato para fazer “o mesmo serviço” e o cliente que não se importa com a qualidade sempre procura o profissional mais barato acreditando que está economizando.
O que esse cliente não percebe é que essa “economia” que ele está fazendo agora vai trazer graves consequências no futuro, pois o curioso que se diz “profissional” e cobra baratinho vai fazer um serviço de péssima qualidade que vai precisar da intervenção de um profissional de verdade, que vai cobrar o mesmo preço normalmente para corrigir os erros do curioso que cobrou barato. Então, somando-se o prejuízo do cliente espertinho que pensou em pagar mais barato: ele vai ter que pagar pela prestação de serviços do curioso, que é em média 50% a 75% do valor médio de um profissional sério e depois esse cliente vai ter que pagar cerca de 25% ao profissional sério para corrigir os erros do curioso e mais 100% para que o profissional faça o serviço da forma padronizada, que deve ser feita para que fique correto, que é a forma perfeita. Ou seja, aquele que achou que estava economizando, evitando pagar os 100% do profissional sério acabou pagando 200%, porque quis “economizar”.
Nada mais verdadeiro do que a expressão: “o barato sempre sai caro”.
Basta comprar um badulaque eletrônico importado da China, proveniente de uma fábrica desconhecida que não segue os padrões internacionais de regulamentação de pesos e medidas, estocagem, qualidade dos materiais, origem, metodologia de produção, design e acabamento e em menos de um mês a pessoa entende porque aquela mercadoria é tão barata.
Um aparelho de telefone celular fabricado dentro das normas internacionais de padronização de produção tem uma ótima durabilidade média, além de uma performance bem mais robusta do que um aparelho de telefone celular quase descartável, que funcione por 3 a 6 meses, produzido em fábricas que não seguem o mínimo controle de qualidade e produtividade.
Durante um período de 3 anos alguém que comprou um celular de alto padrão e pagou mais “caro” vai estar realmente economizando a longo prazo: economizando o transtorno de perder tempo e dinheiro procurando e comprando 2 celulares de baixo padrão por ano, ou seja, 6 celulares em 3 anos, que totalizarão os mesmos 200% do montante de ter adquirido um único celular no valor de 100% que funcione bem por 3 anos.
Por mais contraditório que pareça, quem realmente quer economizar tem que pagar mais caro. Quem procura o mais barato está procurando qualquer coisa, com qualquer qualidade. Quem procura o mais caro está procurando o melhor, com a máxima perfeição de qualidade possível que seu orçamento permite.
Dessa forma se distingue quem quer preço e quem quer qualidade.
Quem se preocupa com preço não está preocupado com a qualidade, porque são grandezas diametralmente opostas. Nunca algo barato será bom e nunca algo caro será ruim.
Se um profissional é barato é porque ele sabe que não pode oferecer o mínimo de perfeição em sua prestação de serviço.
Se um profissional é caro é porque ele detém conhecimentos ocultos que fazem toda a diferença no resultado final visando à perfeição do serviço.
Definitivamente a economia é a base da porcaria. Até a gasolina mais cara (aditivada) é mais cara porque preserva a durabilidade das peças do motor e apresenta um rendimento de potência bem acima da gasolina comum, o que, no final das contas, considerando-se o cenário à longo prazo apresenta economias reais de quilômetros por litro rodado, além do benefício da preservação das peças do motor, em comparação com o baixo rendimento e o desgaste do motor promovido pelo uso da gasolina comum (mais barata): portanto, quem pagou mais caro à longo prazo foi quem realmente economizou!
(André Luís Neto da Silva Menezes, pseudônimo: Tiranossaurus Rex – publicitário, inventor, filósofo, músico, integrante da Royal Society Group e vice-presidente da Associação Canedense de Imprensa - [email protected])