A dualidade entre corpo e mente vem dando lugar a uma correlação profunda entre ambos. A mente age de maneira vigorosa sobre o corpo, produzindo sensações e sentimentos, enquanto que este influencia poderosamente as emoções e o pensamento, tornando-se poderosa fonte de informações.
A depressão é uma doença que nasce na alma, é “elaborada” na mente e, consequentemente, instalada no corpo físico. O ser humano é um feixe de emoções, no seu complexo fisiológico, cada vez mais sensível à medida que evolui e adquire amplas e profundas percepções, especialmente aquelas que vão além dos sentidos físicos, das manifestações sensoriais. As emoções determinam nossa vida no corpo material.
Escreve-nos Pastorino: “A interação mente e corpo físico é indiscutível, porquanto todos os fenômenos orgânicos são resultados das operações dela resultantes. Mesmo aqueles automatistas estão centrados nas suas sedes geradoras.” “Os processos mentais ocorrem mediante induções do Espírito através de ondas específicas, agindo sobre a grande rede neuronial que se encarrega de decodificá-las, tornando-se ou não os seus significados...” O cérebro é o decodificador de nossos pensamentos e emoções.
Através da influência do mundo moderno: computadores, internet, competições desordenadas e desonestas, corre-corre do dia a dia, têm aumentado, assustadoramente, os processos depressivos de toda ordem. Embora se diga que a depressão é uma doença do século, temos que Hipocrates, o Pai da Medicina, já se preocupava com a mesma sob o nome de “melancolia”. Onde o espírito sopra em desequilíbrio lá está ela a emergir.
Por se tratar a depressão de uma doença que estanca a vida e, a tarefa da vida corpórea é ajudar na evolução e burilamento do Espírito, podemos constatar que, ao paralisarmos a vida pela depressão, estamos também impedindo a evolução do Espírito.
Não existe uma única causa que nos leva à depressão; mas um conjunto de causas, como: o desconhecimento de si mesmo, a falta de religiosidade, o desamor, a dificuldade que temos em agradecer, a quase total falta de fé, os nossos medos criados pela nossa mente em conflito, orgulho, egoísmo, autocobrança, “síndrome de vitimismo”, o pessimismo pela falta de humor com a vida e o viver, dificuldade de pensar, dentre outros. São esses mecanismos que sob a ação dos ideais interfere na mente quântica, estimulando o cérebro a gerar novas imagens, que irão facultar a saúde ou a doença. Somos o que nós pensamos.
Torna-se indispensável que um aprofundamento mental e emocional ocorra em torno do ser integral – espírito, mente e corpo – a fim de que se possa organizar terapêuticas favoráveis à plenitude do Ser, utilizando-se da interação mente-corpo-espírito, de modo que nova contribuição para a área da saúde se apresente viável e duradoura.
O conhecimento da realidade que se é favorece o descobrimento de recursos preciosos que alteram o comportamento, facultando novas conquistas que se inserem no ser em forma de valores abençoados para a sua felicidade. Uma vez que da mesma forma que o Espírito pode ser gerador de doenças, tornar-se-á um gerador de saúde.
Nesse ínterim, as lições terapêuticas apresentadas pelo Rabino da Galiléia, na singeleza do amor, do perdão, da humildade, proporcionam o descobrimento de forças que fazem adormecidas no Ser, impulsionando-o para a ascensão, mediante a qual liberta-se da escravidão do sofrimento, das injunções penosas do processo evolutivo, passando a experienciar os processos da ventura plena. O Ser que liberta pelo amor incondicional.
Ninguém vem ao mundo sem os recursos indispensáveis à autoiluminação, à conquista do mundo interior – o espírito. Necessário, portanto, investir em esforço e continuado labor de renovação pessoal, superando as dificuldades iniciais, que se tornam sempre menores à medida que são ultrapassadas, porquanto a própria experiência de vivenciá-las oferece forças novas para os futuros empreendimentos.
A mente é usina poderosa que se encontra em ação permanente, mesmo durante o sono físico, por sediar as mais elevadas expressões do Ser espiritual, convertendo-se em dínamo gerador incessante, conforme a tônica dos pensamentos que sejam mantidos pelo agente eterno – o espírito. Desfazer do homem velho.
Um fator significativo que venho observando entre as pessoas depressivas é a dificuldade de acreditar na cura processual, através da mudança de pensamento e atitudes que exige sacrifício, esforço e, principalmente, disciplina; acreditando, ilusoriamente, na cura “milagrosa”, sem esforço, sem sacrifício, sem nenhum comprometimento com a própria cura, deixando-a, muitas vezes, a mercê dos medicamentos e do profissional. O desejo sincero da cura é o início do processo.
Tenho tentado ajudar as pessoas depressivas através da parceria, da responsabilidade individual de cada um – paciente e profissional – deixando claro que, farei apenas aquilo que me compete fazer, quanto à responsabilidade do paciente e familiares mostro-lhes vários caminhos e tarefas a serem seguidas, apenas como sugestão e orientação; mas não como compromisso do profissional ou da medicação que não age sozinha. Dando ao paciente a certeza de que, se cada um fizer a sua parte chegaremos à cura desejada. Claro está que, muitos profissionais não acreditam na cura da depressão, porém, devemos ter em mente que a cura esta dentro de nós e na maneira como vamos ou estamos lidando com a vida. A doença tem igualmente um significado emocional muito grande e útil, qual seja o de despertar o Ser para situações irregulares que vigem no seu comportamento ou que se encontram latentes no seu mundo íntimo, desencadeando os fenômenos perturbadores. Ela é o despertador de que algo desconcertante vem ocorrendo e necessita de reparação urgente. Eis porque, não apenas o tratamento convencional, mas para complementar, que é fundamental, a de natureza espiritual, por meio de reflexões saudáveis, de novos compromissos com a vida, de estruturação dos objetivos elevados para a existência, da convivência com leituras produtivas de emoções superiores, de realizações fraternas solidárias... A mente é reservada a tarefa terapêutica de criar novos significados, graças a essa conduta renovada, para recompor a função orgânica em estado de desequilíbrio. Somos frutos de nossos pensamentos.
Quando o ser se dá conta desse mecanismo absolutamente regular, descobre-se como Ser imortal, constituído de elementos supramentais que, em síntese, constituem o Espírito. O espírito sopra onde quer e onde se apraz até seu retorno à casa do Pai.
Sendo o Espírito, portanto, a causa de todos os fenômenos que se manifestam na existência física, emocional e psíquica. O espírito da vida ao corpo.
Finalmente, podemos afirmar que toda doença deve ser compreendida primeiro (diagnóstico) e tratada em seguida (prognóstico), através do aprendizado sobre o bem e o mal sofrer, enfatizando que a vida na Terra é sempre o efeito das estruturas profundas do ser espiritual e do mundo causal, que não podem ser postos à margem nas reflexões e estudos da vida e suas manifestações. O estímulo do processo de esperança, de alegria de viver mesmo que sob injunções de sofrimento, de amar, de orar, todo esse arsenal de emoções age em forma de estímulos saudáveis no sistema nervoso central que o irradia para todas as células, através do sistema endocrinológico e do imunológico, dando surgimento ou continuidade à saúde, ao bem-estar, à felicidade... Contribuindo para o despertar do Espírito que habita em cada Ser. Disse o Mestre: “Cuidar do corpo e do espírito.”
(Dr. José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico. Psicoterapeuta espiritualista. Parapsicólogo. Filósofo clínico. Especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo. Escritor e Palestrante. Emails.: [email protected] e/ou [email protected])