Ao longo dos últimos 20 anos o Brasil tem experimentado de forma inevitável a revolução digital que foi iniciada com a chegada da internet ao país. Duas décadas de experiências, adaptações e avanços nas mais diversas áreas como saúde, educação, segurança, enfim, em praticamente todas as relações sociais e profissionais da sociedade brasileira.
Esse advento tecnológico relativamente jovem reconfigurou várias esferas sociais. Em esforços conjuntos de governo e iniciativa privada, a rede se expandiu, atingindo regiões remotas do país e inserindo neste novo espaço virtual pessoas e empresas com as mais diversas aspirações e objetivos. E à medida dessa expansão, surgiram novos desafios, mais oportunidades e todo um mercado de soluções para obstáculos que surgiam nesse mundo conectado.
É difícil precisar o exato momento em que a hiperconectividade se tornou cotidiana. Sabe-se, com certeza, que as tecnologias que surgiram durante as primeiras décadas de internet no Brasil redesenharam a noção de tempo e espaço – tudo está às mãos no intervalo de um clique, de forma quase instantânea. Assim sendo, novas demandas surgiram para otimizar serviços de tecnologia e implementar soluções para esse novo mercado que nascia. Nesse momento, os profissionais da Tecnologia da Informação encontraram seara fértil para trabalhar.
De acordo com dados do IBGE divulgados no final de março último, o percentual de domicílios com acesso à internet no Brasil (48%), está abaixo da média dos países da Europa (76,2%) e da América (54,6%). A pesquisa é de 2013. Em um país democrata jovem com mais de 200 milhões de habitantes, no entanto, depreende-se que metade de um longo caminho já foi vencido em um período relativamente curto – uma tarefa hercúlea, inimaginável alguns anos atrás. No passo dessa evolução, uma outra: 11,5% dos lares brasileiros acessam a internet apenas por celular e tablet, mostrando a importância do fator mobilidade, imprescindível nesse novo cenário global, e outra seara fértil para a Tecnologia da informação.
Essa reconfiguração de relações interpessoais gera demandas cada vez mais específicas. Hoje, o profissional de Tecnologia da Informação se depara com um mercado em franca expansão, carente de soluções para problemas que surgem dia após dia, de acordo com necessidades criadas pelo próprio organismo vivo que é a tecnologia. A sociedade se acostuma com respostas cada vez mais rápidas e eficientes de gestores, sejam de entidades públicas ou privadas, para desafios que surgem nos ambientes real e virtual.
Mesmo que a evolução da sociedade hiperconectada seja ampla, cada área ou região do país apresenta desafios específicos àquele recorte de realidade. Ao mesmo tempo que a tecnologia tenta envolver a todos como humanidade, também cuida de cada ponto característico, de cada necessidade e costume de um povo ou sociedade. Soluções para uma megalópole como São Paulo certamente serão diferentes das necessárias no interior de Goiás, por exemplo. E é necessária ao profissional de TI a sensibilidade para identificar problemas e projetar soluções para aquela realidade específica.
O cuidado na formação e instrução desses profissionais pode significar um avanço muito mais rápido da inclusão digital no Brasil nos próximos anos. Se em duas décadas praticamente metade dos brasileiros já usufrui da internet e da série de benefícios disponibilizados por esse advento, incentivos e planejamentos referentes à qualificação de profissionais e empresas de TI podem significar um salto no que se refere à inclusão digital, de forma plena, com todo o avanço social, cultural e educativo que circunda a questão.
Mais lares conectados significam a necessidade de novas soluções, diferentes formas de relacionamento, novos empregos e outras oportunidades. Para absorver todos esses benefícios, são bem-vindas políticas de governo e da iniciativa privada com visão voltada para essa nova realidade social, para a cultura de uma inclusão digital real, eficiente e que abre suas portas para um futuro promissor. Dessa forma, o Brasil dará um passo enorme e de extrema importância para vencer o problema que mais atrasa o desenvolvimento de sua sociedade: a desigualdade social, um desequilíbrio de oportunidades que atrasa o progresso sobremaneira.
(Luiz Gustavo de Oliveira Camozzi, gerente de Planejamento e Marketing da Red&White Solutions)