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Uma análise sistemática sobre o uso abusivo de álcool: doença psíquica, influência espiritual ou ambas? Parte I

Atualmente uma das doenças sociais mais devastadoras e geradoras de tragédias é, sem dúvida, o alcoolismo. Ninguém pode negar que a cada dia a juventude começa a beber cada vez mais precoce. Iniciando nas pequenas reuniões sociais e se alastrando para quase todas as reuniões para em seguida frequentar restaurantes, bares e botequins.

Muitas pesquisas já foram efetuadas em torno do que poderíamos chamar de herança genética ou orgânica de onde denominaríamos de hereditariedade que possa justificar o processo da doença do alcoolismo, mas nada fora detectado antes que o individuo já esteja comprometido com a doença, ou seja, inicialmente não existe nenhum fator que possa ser identificado em exames de laboratórios.

Para os médicos organicistas o alcoolismo é puramente orgânico e com grande carga de influência psíquica.

Durante o desenvolvimento deste artigo, buscarei levar ao leitor o que realmente acontece na doença do alcoolismo de acordo com estudos e prática sobre o tema.

Não pretendemos, portanto, monopolizar ou radicalizar, como sendo uma coisa ou outra; mas, principalmente, mostrar que a doença do alcoolismo como toda doença é processual e vários fatores contribuem para o desenvolvimento da mesma. Assim,  o alcoolismo deixa de ser uma doença de simples interpretação para se tornar e abrir procedimentos para estudos cada vez menos simplista para ajudar aqueles que dela padece.

O alcoolismo é grave problema de natureza médica, psicológica, psiquiátrica e, principalmente, espiritual e merece assistência urgente, como também se apresenta como terrível dano social, em face dos prejuízos orgânicos, emocionais, mentais e espirituais que opera no indivíduo e no grupo social ao qual pertence.

Existem vários tipos de bebedores, uns se embriagam somente em ocasiões especiais, outros bebem todos os dias sem se embriagarem e existem aqueles que bebem diariamente para ficarem embriagados, dentre outros tipos menos específicos.

Vejamos um pequeno resumo de um desabafo de uma mulher que padecia da doença do alcoolismo: “No dia em que chequei ao fundo do meu alcoolismo, caí de joelhos. Não acordei naquela manhã e disse para mim mesma: ‘Hoje eu vou me render.’ A experiência da impotência absoluta veio rolando para minha vida e me derrubou. Fui rendida por uma força maior do que a parte de mim que se estava segurando fazia tempo. Naquele dia, na sala mal iluminada e rosa do centro de tratamento para dependência química, entreguei-me. Enquanto uma tempestade invernal uivava do lado de fora, abandonei a ilusão de que estava tudo bem, de que eu era diferente, que não tinha os mesmo problemas que os outros ao meu redor, que lutavam contra os seus vícios. Abandonei a miragem que me dizia que eu não tinha problemas com a bebida, embora cada aspecto da minha vida se estivesse desintegrando.

O alcoolismo me olhou diretamente nos olhos. Sou uma alcoólatra. Havia compreendido meus piores medos: Sou como eles. Senti o fundo do meu estômago cair. Sou como essas pessoas nojentas, fedorentas, barulhentas e desleixadas que sempre desprezei. Não sou diferente dos alcoólatras que conheci na vida, nos filmes e nas ruas, que julguei e odiei durante anos. Nas profundezas da humilhação intensa, senti minhas resistências, condenações e defesas ruírem à medida que eu olhava para minha situação com mais clareza do que nunca. Estou completa e inteiramente fora de controle. Estraguei a minha vida. Estou cansada e doente. Não posso continuar assim.

Sentada chorando na cama, joelhos pressionados contra o peito, senti mi9nha vida escapar. Com imagens mentais em cores e com um forte fluxo de emoções fluidas, vi-me senti-me desaparecer. De uma vez só, os papéis que interpretei no mundo, o meu trabalho, as ilusões, jogos e as negações que limitavam minha loucura de viciada fora para longe, caindo em algum buraco negro sem fundo. A casca de quem eu era estava apodrecendo, indo embora. Eu já não conseguia segurar-me. Estava total e inequivocamente derrotada. Chorei diante desse terrível evento. Chorei de medo do que aconteceria em seguida. Lamentei a perda de uma identidade que era familiar, a personalidade que havia sido percebida como eu. E logo as lágrimas de tristeza e medo se tornaram um dilúvio de alívio, alívio de já não precisar jogar o jogo do alcoólatra. Eu já não precisava fingir.” (...) Trecho do livro de Christina Grof – Sede de Plenitude.

Escuta essas confissões e lamentos quase sempre em meu consultório, de pacientes das mais variadas classes sociais e econômicas.

Esse processo de chegar ao fundo, de acabar com a ilusão de controle da situação, é um passo necessário para sair da dor do vício. A experiência da rendição é a chave para a redenção, o portal para a recuperação, a cura e a descoberta do nosso potencial espiritual.

Como já colocamos antes o alcoolismo é um processo e não se pode deixar de levar em conta nenhuma fase ou episódio da vida do paciente. Mas o presente artigo vai além da infância à vida atual do paciente; mas antes mesmo dele aqui chegar, ou seja, suas vidas passadas. Como nos escreve nosso companheiro de jornada Brian Weiss: Muitas Vidas e Uma só Alma.

Tendências existem e externam-se como preferência, gosto, vontade, desejo, que a mídia encarrega-se de induzir, atrair, instigar, provocar. Ou a própria sociedade expondo hábitos e costumes viciosos, nocivos, destrutivos, que consomem os indivíduos, que se deixam consumir por não enxergarem outras alternativas.

Podemos afirmar que vícios são males da civilização e expressam nossa inclinação para o mal. Deixa claro nossa possa mente inferior, que nos leva a preferencias prejudiciais, negativas. São prazeres momentâneos que geram dores e sofrimentos quase eternos. Somos levados aos prazeres e gozos como atributos de felicidade e superioridade. Isto denota também a nossa imaturidade espiritual.

Cremos, muitas vezes, que já estamos em alto grau evolutivo em virtude de nossas descobertas tecnológicas e intelectuais, acreditando que somos superiores aos antigos e atuais selvagens. Nossa realidade externa não condiz com nossa verdadeira realidade interna.

Quantos crimes têm sido cometidos em consequências do uso abusivo do álcool. Quantas pessoas tem se deixado “enlouquecer” por fazer uso de uma substância que abre as portas de sua mediunidade. Quantos não se lembram do dia anterior de embriaguez.

Nos dias atuais o consumo de álcool e adornado e enfeitado com promessas de momentos de felicidade e o famoso: “curtir a vida”. De prazer ao máximo, do auge da excitação quando a adrenalina invade o organismo dando uma sensação de potência, de superioridade e poder. Por se tratar de uma assunto complexo o dividimos em partes, portanto leiam a continuação.

(Dr. José Geraldo Rabelo. Psicólogo holístico. Psicoterapeuta espiritualista. Parapsicólogo. Filósofo clínico. Especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo. Escritor e palestrante. Emails.: [email protected]  e/ou [email protected])

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