Uma das grandes invenções de meados do século XX, penso eu que foi a televisão. Foram três importantes meios de comunicação nos últimos dois séculos. O telégrafo no XIX, a televisão e a internet no XX. Detalhe, o telégrafo foi empregado exclusivamente como recurso de comunicação a distância. Uma curiosidade sobre a telegrafia: a última companhia de telégrafo existente no mundo foi desativada em julho de 2013. Ela ficava em Mumbai, na Índia, e parou de funcionar por uma baixa demanda. A empresa, foi fundada em 1850. Eram apenas 1000 telegramas por mês, nos últimos anos, num país com 1 bilhão e 250 milhões de habitantes. A Companhia se transformou em museu. O que selou mesmo o fim das comunicações telegráficas foi o surgimento da telefonia móvel e da internet.
Interessante de se considerar é como o nascimento de um recurso ou ferramenta decreta o fim ou anulação do antecessor de mesmo gênero; outros, no entanto, resistem bravamente. É o caso por exemplo do rádio, com a massificação e popularização da TV. Mesmo com o aprimoramento da televisão a radiofonia mantem o seu uso de destaque. É outro exemplo bem singular a tentativa de abolir o livro impresso pelas plataformas digitais com os instrumentos de mídia como os tablets, os Ipads e outros meios de informática a exemplo de o e-book.
A depender de mim o livro físico em seus vários formatos e cheiros reinará eternamente. Eu sou da época da datilografia mas, vivo hoje rodeado por adeptos da internet e da virtualidade. Procuro fazer uma interface entre a tradição e a modernidade. E a meu sentir, tenho me dado muito bem lidando com esses dois mundos, o tradicional e o moderno.
A televisão de nossa era da informática e dos recursos digitais se tornou um instrumento de comunicação difícil de ser superado e substituído por outras invenções. E isto se deve também ao seu aprimoramento técnico e de qualidade. No início, ela era em imagens em preto e branco, não havia videotape. Depois veio a era em cores. Hoje temos as imagens digitalizadas (HD). As transmissões, sejam ao vivo ou gravadas, não deixam escapar os menores detalhes (redundância) dos objetos e das pessoas. Há poucos dias, por exemplo, um médico do Sul diagnosticou um pelo encravado em um paciente que estava no Amazonas, isto pelas imagens de TV. Olha quanta utilidade nessa tecnologia para a saúde.
As empresas (redes) que exploram esse ramo de negócio também aumentaram significativamente. Um exemplo do quanto avultaram esses negócios são as opções de TV por assinatura. Faz-se um contrato do gênero e têm-se lá, opções de dezenas de canais nos mais variados temas e interesses. Cinema, música, esporte, notícias, documentário, etc. Tem inclusive as futilidades e imoralidades para quem gosta, reality show de baixo calão, sexo explicito e ilícito e outras putrefações do gênero .
As chamadas TVs abertas, acessíveis a todos, constituem uma concessão do governo. A empresa de TV tem uma licença pública para funcionar. São uma modalidade de permissionários (licenciados) do Estado. Não conheço as regras e cláusulas dessas concessões. Mas, uma que penso não existir se refere ao conteúdo, ao teor, à qualidade daquilo que é veiculado e levado ao público, às famílias, às crianças e aos adolescentes.
Sobre o conteúdo e qualidade. Eu sou de opinião de que esta é uma questão grave. Temos que considerar que a televisão é um poderoso veículo de massa sobre cultura, lazer e entretenimento. Ela exerce uma poderosa influência nos costumes e nos hábitos das pessoas. Lamentavelmente as crianças e adolescentes são as principais vítimas do baixíssimo nível da programação da TV brasileira. Salvam-se poucas coisas de que se pode tirar algum proveito de bom e de útil. Alguns canais por assinatura oferecem opções de boa qualidade. No mais, quanto à TV brasileira, todas indistintamente se igualam por baixo em exibir futilidades, violência, reality-shows de baixaria e erotismo e tantas outras abobrinhas e platitudes que nada acrescentam à cultura e entretenimento das pessoas.
O PT, partido que atualmente governa o País, reiteradamente, tem tentado controlar a imprensa, estabelecer regras e limites para os órgãos de comunicação. Tentativas e desejos contrários à nossa constituição e à liberdade de imprensa e expressão.
Eu deixo aqui uma ideia, uma sugestão. Não seria melhor normas e cláusulas que vedassem toda forma de baixaria, violência e outras exibições de mau gosto e baixo nível em todos os canais de televisão? Já que não dá para ter escolas e ensino de forma televisionada, que pelo menos as TVs melhorassem a qualidade do que elas chamam de diversão e entretenimento. Isto já seria um bom começo!
(João Joaquim, médico e articulista do DM - [email protected] / www.jjoaquim.blogspot.com)