Em tempos de ecologia, meio ambiente e acessórios vinculados, é comum notar a preocupação de muitos com o leão-pardo-da-montanha, com a baleia-rosa-em-flor, com a perereca azul-gritante e outros espécimes notáveis desse mundo afora – são cartazes e passeatas pelo direito à vida e liberdade desses animais – com os quais concordamos, digo de passagem para evitar mal entendidos ou acusações político-corretas do chatismo vigente .
Entretanto, o cachorrinho sarnento, o gatinho deficiente, o cavalinho idoso, o passarinho emudecido na gaiola, parecem não ter o mesmo tratamento “humano” – são abandonados, sem dó ou piedade pelas ruas da cidade, isso quando não são espancados ou torturados nas vielas dessa vida.
Talvez porque sejam muitos, as pessoas não pensem que sejam importantes na ordem das coisas, não acreditem que esses seres dependam tanto de nós, até porque levamos séculos domesticando-os, escravizando-os.
Obviamente existem algumas almas bondosas, sozinhas ou organizadas, que assistem bem estes nossos amiguinhos, muitas vezes no limite de suas forças, como convém a esse tipo de tarefa “menor”, mas não deveria ser assim, devemos ser todos responsáveis pois nunca será “menor” preservar uma centelha da pura amizade.
Ninguém é obrigado a ter um animal doméstico, porém se o tiver, aja com honradez para com ele, a paga recebida é muito maior que qualquer “enorme” sacrifício da nossa parte, se um dia constatar que já não tem condições de cuidar bem, procure alternativas pensando no bem estar do seu amigo, não o abandone jamais à própria sorte, eles são como crianças – nesse mundo onde até mesmo crianças são largadas nos esgotos, precisamos dar exemplo, ainda que mais simples.
O justo cuida dos seus animais domésticos, admoesta o livro de Provérbios, logo, não sejamos propagadores da injustiça, independente do tamanho de nossos gestos.
(Olisomar Pires, escritor - olisoblog.com)