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OPINIÃO

Uma análise sistemática e psicológica

Vivemos atualmente um amontoado de relacionamentos que poderíamos chama-los de relacionamentos frustrados ou que não deram certo. Mas de quem é a culpa: minha ou do outro? Qualquer relacionamento deve ter no mínimo duas pessoas, portanto, jamais se sinta o único responsável por um relacionamento que não deu certo. Tente sempre tirar o melhor daquele relacionamento e buscar corrigir onde você supõe ter falhado ou busque ajuda profissional para que você aprenda a conhecer a si mesma. Para se relacionar com outra pessoa é necessário que aprendamos primeiro, relacionar com nós mesmos. Isso é um fato, uma realidade, não uma simples opinião.

Todas nossas reações são de origem consciente, mesmo aqueles rações que denominamos de estado de inconsciência. Pois o consciente, sub consciente e inconsciente estão intrínsecos nos mecanismos psíquicos que são processados através dos diversos níveis de consciência. A maturidade psíquica é o conhecimento dos estados de consciência em seus diversos níveis ou a identificação do individuo com níveis de profundidade com a sua consciência e adequação às frustrações sugeridas pelo mundo externo.

Frequentemente, algumas correntes de querer contraditório produzem um curto-circuito na superfície, o que se manifesta como falta de consciência ou entorpecimento. A consciência diminui na superfície, mas continua sob ela. Seus produtos se manifestam como experiências de vida tangíveis e você se sente perdido, acreditando que o que a vida oferece é totalmente independente de seu próprio querer e saber. Qualquer caminho de desenvolvimento verdadeiro deve fazer emergir todos os desejos, crenças e conhecimento interiores, são às vezes, confusos e contraditórios, para que as circunstancias da vida apareçam na sua luz verdadeira como criação do eu. Esta compreensão lhe dá o poder de recriar, corrigir, repensar e lidar melhor com as frustrações.

Querer, decidir, formular, conhecer, sentir e perceber, são ferramentas de nossa consciência criadora oriunda de nossa maturidade psíquica. Existem pessoas que sabem disso e usam essas ferramentas deliberadas, criativa e construtivamente; outras não percebem isso e estão constantemente criando destruição sem mesmo o saber. São aqueles que tomam atitudes em primeiro plano e pensam depois.

Relacionamentos nascem da convivência e da oportunidade que cada um dá ao outro para se conhecerem. Porém, dizemos em outras oportunidades que para amar o próximo necessário se faz aprender amar a si mesmo. Quando você se vê na posição “absurda” de implorar o amor e a aceitação de uma pessoa a quem você julga amar e de quem se ressente por tê-lo negado esse amor, desperta em si o sentimento de rejeição inerente à nossa condição humana. Essa insistência unilateral a em ser amado por uma pessoa de quem se ressente profundamente por te negar esse amor e por isso cresce a necessidade de puni-la aumenta a culpa, nascendo o desejo de vingança. Não raro, o sentimento de posse, gerando ciúme patológico e de difícil acesso ao amor verdadeiro e incondicional. Porque a sempre vigilante presença de seu eu verdadeiro transmite sua reação a uma mente que é incapaz de interpretar e de selecionar as mensagens provenientes dele e separá-las daquelas que provêm da criança interior doente e exigente.

O fato de que sua necessidade não é satisfeita pelo outro também enfraquece sua convicção de que você tem direito ao prazer que tanto deseja. Nasce em seu interior a necessidade de aniquilar a criança insatisfeita por começar a pensar que não tem o direito de ter prazer. Como a lei natural pela sobrevivência é despertada você desloca a necessidade e o desejo originais, naturais, de prazer para outros canais em que estes são sublimados – os vícios. Entretanto, quando na presença do objeto que despertou estes sentimentos confusos e contraditórios, não existe sublimação; mas concretização dos desejos através de impulsos destrutivos que passam a existir. No entretempo você fica premido entre a força da necessidade original – na figura do outro - profundamente oculta e a dúvida de que tenha direito à sua realização – destruição do alvo que despertou a dor. Estes momentos são acrescidos da vergonha de se despir diante de si mesmo e mostrar aos outros o seu verdadeiro Eu.

Quanto mais você duvida, mais dependente se torna da confirmação por uma autoridade exterior – um pai-substituto, a opinião pública, autoridades, ou certos grupos de pessoas que, para você, representam a última palavra em termos de verdade. Motivo pelo qual, muitos que se encontram acuados pela sua dúvida interior suplicam a presença de uma autoridade no local e que muitas vezes ocorre o mais trágico: o ego vence o eu e a vergonha de se expor acaba por aniquilar o objeto e em seguida não sentindo alívio do autotormento, percebe que matou uma ilusão e então se mata. Tragédias vistas, infelizmente, todos os dias em nossa sociedade doente e enfermiça.

Quanto mais esse círculo vicioso continua, menos prazer permanece na psique, e mais desprazer se acumula. Uma pessoa assim vai gradativamente aumentando seu desespero com relação à vida e de que a realização seja possível.

Não existe um único ser humano que não abrigue dentro de si uma área frágil como essa, pelo menos até certo grau. Nesse lugar oculto, você se sente desamparado e dependente, e ao mesmo tempo profundamente envergonhado. A vergonha advém de métodos que você emprega para acalmar a pessoa que em determinadas circunstancias deve supostamente desempenhar o papel da autoridade e prover-lhe do que necessita em termos de prazer, de segurança e de respeito para consigo mesmo. A busca no externo para suprimir a carência psicoafetiva interna.

Uma pressão interna diz “não posso falhar”, “não posso fracassar” e você exige que os outros sejam, sintam e façam o que você necessita e quer. Sua inabilidade ou dificuldade em se afirmar de modo saudável é resultado direto de ter de esconder a corrente de pressão subjacente vergonha e ameaçadora. Ela é ameaçadora porque você sabe muito bem que se ela se expuser abertamente, atrairá censura e desaprovação possivelmente até mesmo rejeição manifesta. O gatilho de tudo isso pode ser um simples não.

Finalmente, um relacionamento que é rompido paralisa aquele que recebe “o fora” impedindo-o de mover-se na direção de seu próprio núcleo, o espaço onde se concentram toda promessa realista e todo potencial para qualquer espécie de realização e prazer. Inadvertidamente, você se submete a dependência nos outros, o que desperta ódio em você. Descobrir o tesouro de seu próprio núcleo, ao contrário, torna-o livre. Então o contato com os outros se torna um deleite prazeroso que estimula o amor e fortalece o relacionamento.

Um relacionamento frustrado começa dentro de cada ser em sua relação defeituosa consigo mesmo despertando as pressões interiores para se sentir vivo. Os gatilhos de pressões podem ser a complacência, a resistência passiva, o despeito, o retraimento, a recusa em cooperar, a agressão externa, a intimidação e a persuasão através da força falsa e da imposição de uma função autoritária. No fundo todos eles significam: “Você deve me amar e me dar aquilo de que necessito”. Mas quando isso é negado... ocorre, na maioria das vezes,  o pior.

(José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico, psicoterapeuta espiritualista, parapsicólogo, filósofo clínico, artista plástico, prof. Educação Física,  especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo, escritor e palestrante)

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