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OPINIÃO

Como gerar empregos na crise? 

Caldas Novas apareceu no ran-king do Ministério do Trabalho e Renda como o município goiano que mais gerou novos postos de trabalho durante todo o ano de 2015. Os dados, compilados através de informações cedidas pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento, mostram que os índices de geração de empregos com carteira assinada – portanto, postos formais e legais – de Caldas Novas são maiores que os da Capital, Goiânia, e de cidades altamente industrializadas, como Aparecida, Anápolis e pólos regionais, como Catalão, no Sudeste, Porangatu, no Norte, e Itumbiara, no Sul.

O tema foi abordado em reportagem de capa do Jornal O Popular do último domingo, 31 de janeiro, com a seguinte manchete: “O quente da carteira assinada: Caldas Novas lidera geração de empregos.” Entrevistado pela reportagem do impresso das Organizações Jaime Câmara, expliquei os fatores primordiais que levaram a almejada medalha de ouro na geração de empregos.

Como recebi muitos telefonemas e pedidos via “Whatsapp” de gestores, parlamentares, e de ex-colegas da Assembleia Legislativa que hoje se tornaram prefeitos requisitando a “receita do sucesso” durante a crise econômica que permeia o País, decidi escrever este artigo para detalhar os pormenores que nos levaram ao primeiro lugar de Caldas Novas no pódio do desenvolvimento estadual.

É evidente que há peculiaridades que só podem ser aplicadas ao contexto histórico e social do município. Eis exemplo: no final do ano de 2012, no fatídico episódio do ‘Caldas Country’ daquela época, a cidade apareceu negativamente em praticamente toda a mídia estadual e nacional com perversas cenas de violência, veículos incendiados, libertinagem em logradouros públicos e um verdadeiro ato de vandalismo, sob o teto da cabine de uma equipe da Polícia Militar, que se tornou viral em todo o mundo via redes sociais.  O cenário outrora era de desolação total.

Recebi, via sufrágio universal, a incumbência de modificar aquela realidade, que era caótica. Quando o cenário é de crise e a desconfiança permeia as instituições públicas, é preciso propor um pacto com a sociedade civil organizada. Esse é o passo 1, firme e definitivo. Só uma congruência de forças suprapartidárias leva ao sucesso social e financeiro. Foi exatamente isso que fiz, com a construção de um slogan simples, sintético, que batizamos como a “Cidade da Família”, um símbolo remoto que vislumbrávamos e sonhávamos.

Em dezenas reuniões com as entidades representativas do Turismo local e nacional, setores da Construção Civil, com grupos comunitários nos bairros, igrejas, associações como Rotary, Lojas Maçônicas e Rotary Club, chegamos ao seguinte denominador comum: era preciso excluir de Caldas Novas o que chamamos a grosso modo de ‘turismo de baderna’. A decisão era unânime. Era preciso revigorar a economia local, com um público ordeiro, instigante, que acrescentasse valores culturais e financeiros ao morador local. Esse, portanto, era o passo 2. Consolidar um modelo crível de Turismo, sólido e transformador.

Se o objetivo dois era melhorar a oferta de recursos externos, primeiro se fazia necessário fortalecer a identidade municipal. Eis, portanto, a terceira fase da fórmula – fundamental para o sucesso econômico da equação – que foi criar um modelo desburocratizante para a emissão de alvarás, taxas e licenças sob responsabilidade da Prefeitura.

Nesta feita, centralizamos todos os órgãos municipais em um único espaço físico, o “Poupa Tempo”, para permitir que o contribuinte tomasse todas as decisões em um único lugar, com agilidade e rapidez. Classifico esta ação como o ‘fator decisivo’ para fornecer condições para o empreendedor abrir sua empresa.

Como liberal de ideologia e progressista de legenda, acredito piamente que a base do sucesso social está nas empresas, no setor de serviços, que geram novas vagas, formatando produtos viáveis até em tempos de crise. Creio que só a pujança econômica pode fortalecer os Poderes Públicos, que, se bem administrados, traçam linhas de desenvolvimento com infraestrutura, logística e energia.

Essa foi a quarta etapa necessária para alcançar a liderança: oferecer capacitação para a mão de obra, melhoria do transporte de cargas e pessoas – por via terrestre e aérea, com nosso aeroporto, o segundo melhor de Goiás em tamanho, voos e acesso de passageiros –  e acesso a eletricidade sem picos ou intermitências.

Em aliança com o Governo de Goiás, foi possível melhorar os serviços de transmissão de energia via Celg, fazendo a ligação da cidade de Caldas Novas com as centrais da Usina de Corumbá, instalada no município. Na área de transportes, melhoramos substancialmente as vias periféricas, criando um inédito anel viário, e restauramos estadas vicinais para o transporte de grãos, milho, carne, soja e leite. O segundo maior elemento da balança comercial de Caldas Novas, depois do Turismo, é o segmento hortifrutigranjeiro, parte importante e tradicional da economia local.

O quinto passo foi desdobrar os elementos da etapa anterior, fazendo-a prática. Celebramos assim, parcerias com o Sistema S; Senai, Sebrae e Senac; que atuam continuamente no treinamento dos lojistas, no atendimento ao cliente, no vitrinismo, nas otimizações das vendas, na criação de novos e úteis profissionais ao mercado de trabalho, como técnicos em segurança, corretores de imóveis, vendedores de cotas e guias turísticos.

Por fim, o sexto e último elemento para a construção de uma economia forte foi a total aliança com o setor produtivo. Hotéis, restaurantes, pousadas, empresas dos mais variados segmentos, desde multinacionais à pequenas lojas, companhias aéreas, foram convidadas a participar – e assim divulgar – o conceito da “Cidade da Família”. O município ganhou, assim, as páginas dos jornais e “cases de sucesso” em publicações especializadas. O processo de desenvolvimento pelo qual passa Caldas Novas é contínuo e intermitente. Os avanços, como se vê, são relativamente rápidos, durante um período inferior há quatro anos. Se coordenados com sabedoria e empenho, são aplicáveis a qualquer realidade. Basta boa vontade política, agilidade administrativa e cooperativismo do setor produtivo. Quer período melhor que uma crise nacional para estimular a boa criatividade do povo goiano e brasileiro?

(Evandro Magal, prefeito de Caldas Novas pelo terceiro mandato, ex-deputado estadual e ex-presidente da Metrobus)

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