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OPINIÃO

O fazer artístico e a sociedade: filosofias livres...

Neste mês de celebração ao dia mundial do Teatro e também dia nacional do circo esta arte milenar que se completa com suas especificidades, e dados historiográficos ao longo dos tempos. Ao que sabemos O teatro, expressão das mais antigas do espírito lúdico da humanidade, é uma arte cênica peculiar, pois embora tome quase sempre como ponto de partida um texto literário (comédia, drama, e outros gêneros), exige uma segunda operação artística: a transformação da literatura em espetáculo cênico e sua transformação direta com a plateia. A origem do teatro pode ser remontada desde as primeiras sociedades primitivas, em que acreditava-se no uso de danças imitativas como propiciadores de poderes sobrenaturais que controlavam todos os fatos necessários à sobrevivência (fertilidade da terra, casa, sucesso nas batalhas etc.), ainda possuindo também caráter de exorcização dos maus espíritos. Portanto, o teatro em suas origens possuía um caráter ritualístico. O rito acompanha a humanidade desde os primórdios. O circo por exemplo poderíamos afirmar que  dos chineses aos gregos, dos egípcios aos indianos, quase todas as civilizações antigas já praticavam algum tipo de arte circense há pelo menos 4 000 anos – mas o circo como o conhecemos hoje só começou a tomar forma durante o Império Romano. O primeiro a se tornar famoso foi o Circus Maximus, que teria sido inaugurado no século VI a.C., com capacidade para 150 000 pessoas. A atração principal eram as corridas de carruagens, mas, com o tempo, foram acrescentadas as lutas de gladiadores, as apresentações de animais selvagens e de pessoas com habilidades incomuns, como engolidores de fogo. Destruído por um grande incêndio, esse anfiteatro foi substituído, em 40 a.C., pelo Coliseu, cujas ruínas até hoje compõem o cartão postal de Roma.

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Com o fim do império dos Césares e o início da era medieval, artistas populares passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas. “Nasciam assim as famílias de saltimbancos, que viajavam de cidade em cidade para apresentar seus números cômicos, de pirofagia, malabarismo, dança e teatro”, afirma Luiz Rodrigues Monteiro, professor de Artes Cênicas e Técnicas Circenses da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Enfim Os dados históricos nos convence que esta arte Milenar são processos transformadores de uma sociedade. Diante dos aspectos de um tempo em plena discussão das “chamadas crises” percebemos a arte em segundo plano nos projetos governamentais e até mesmo do calendário da população. Em épocas de liquidez social  e os fast foods do pensamento a arte se tornou um movimento de resistência que há décadas é escudo de atos de reflexão. Seja nos grandes movimentos de protestos ao longo da história, seja nas peças/espetáculos que traz um cunho politico/reflexivo. O episódio do espetáculo Roda viva nos fortalece esta expressão que seja na antiguidade e na atualidade nossas “rodas vivas” reacende o teatro como força de uma sociedade.  A peça Roda viva foi escrita por Chico Buarque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Este espetáculo foi proibido de estar em cena em plena Ditadura Militar. Mas acima de tudo  se teatro “é diversão” para Brecht o que seria diversão numa sociedade tão idiotizada e recheada de valores supérfluos? Segundo Adorno & Horkheimer  a afinidade original entre os negócios e a diversão mostra-se em seu próprio sentido: a apologia da sociedade. Divertir-se significa estar de acordo. Isso só é possível se isso se isola do processo social em seu todo, se idiotiza e abandona, desde o início, a pretensão inescapável de toda obra, mesmo da mais insignificante, de refletir em sua limitação o todo. Divertir significa sempre: não ter que pensar nisso, esquecer o sofrimento até mesmo onde ele é mostrado. A impotência é a sua própria base.  É na verdade uma fuga, mas não, como afirma uma fuga da realidade ruim, mas da última ideia de resistência que essa realidade ainda deixa subsistir. A liberação prometida pela diversão é a liberação do pensamento como negação. Ponto. Acima de quaisquer afirmações celebremos os rituais artísticos que ainda é um grande antídoto para as possíveis mudanças sociais e transformação do ser.

Carpe Diem

(Rafael Ribeiro Blat é mestrando em História Cultural/PUC GO, diretor teatral, coach artístico, produtor cultural, professor do curso superior em Produção Cênica do  ITEGO Basileu França, diretor do grupo arsênicos carpintaria Cênica)

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