Título de primeira página do DM de ontem: “Caiado lidera, Maguito é a surpresa e Lula vence em Goiás”. Não há dúvida de que tal verificação feita pela Paraná Pesquisas/TV Record significa tendência para mudança. O senador Ronaldo Caiado personifica essa tendência em razão da sua coerência. Já nas eleições de 2014 elegeu-se senador como candidato da oposição, suplantando o candidato das forças governistas Vilmar Rocha, por boa margem. O eleitorado rural, como todos sabem, lhe é francamente favorável, tanto que a liderança da bancada ruralista lhe foi confiada há vários anos.
A surpresa da pesquisa, como o próprio DM assinala, é a posição do ex-governador de Goiás e ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Maguito Vilela, que figura em segundo lugar com 26,8%. Sem Maguito no levantamento das intenções de voto Ronaldo ganharia já no primeiro turno. Com Maguito na disputa a decisão ocorreria em segundo turno.
A surpresa Maguito Vilela se explica pelo bom desempenho que ele teve à frente da prefeitura de Aparecida de Goiânia. Deixou-a com enorme índice de aprovação e fez o seu sucessor, Gustavo Mendanha.
Digna de registro é a vitória de Lula em Goiás revelada por essa pesquisa. Já afirmei aqui neste espaço que a vitória de Lula na sucessão presidencial de 2018 foi a principal causa do golpe civil de 2016. Eleita Dilma Rousseff no pleito de 2014 os derrotados, que tudo fizeram para evitar a eleição dela, realizaram uma pesquisa relativa as intenções de voto dos eleitores brasileiros em todos os Estados, tendo tal pesquisa dado como resultado a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva por grande diferença sobre qualquer candidato do PSDB. Tal verificação teve como consequência a articulação e a concretização do golpe civil de 2016. As classes dominantes não queriam e nunca quererão as ascensões da classe média e sobretudo dos trabalhadores na estrutura econômica do país. Como os quatro anos de Dilma seriam sucedidos por quatro de Lula, articulou-se e concretizou-se, como já afirmei linhas volvidas, a manobra que derrubaria Dilma e evitaria o retorno de Lula à presidência da República. Para tal concretização o golpismo contava como veio a contar com grande maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. A democracia brasileira viu-se aviltada e mais que isto estrangulada. O brilhante sociólogo Jessé Souza publicou recentemente o livro A radiografia do golpe no qual relata e analisa os acontecimentos que culminaram com a presença de Michel Temer na direção do país. Comentarei esse livro, que é irrefutável, proximamente.
Voltando à política estadual, impõe-se assinalar que o levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas/TV Record mostra uma ausência absoluta de posições ideológicas no processo político. Não temos em Goiás o mínimo de atuação oposicionista com matizes de ideologias. Não há segmentos partidários e populares que atestem presença das esquerdas. A luta ideológica não mais existe, aqui e me parece que em todos os Estados brasileiros. Mas parece haver, como já dito por mim inicialmente, tendência para a mudança em Goiás.
(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal às quartas e sextas-feiras – E-mail: eurico_barbosa@hotmail.com)