Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) revelaram um preocupante aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera terrestre, que chegou a 403.3 partes por milhão (ppm) no ano de 2016. Em contrapartida, seja pelo Acordo de Paris ou pelos ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas), os esforços para diminuir a emissão do gás, que é o maior causador do efeito estufa no planeta, têm sido muitos. E é neste cenário que uma tendência, que já é realidade em países como Noruega e Alemanha, tem ganhado cada vez mais força: a dos carros elétricos.
Atualmente temos dois tipos de carro elétrico: o híbrido, que mistura combustão e eletricidade, e o totalmente elétrico. Dentre os principais benefícios da utilização desses veículos, vale destacar a não emissão de poluentes, a mudança de consciência em relação ao consumo de energia e a diminuição nos custos de abastecimento.
Principais barreiras
Apesar dessa questão estar ganhando força também no Brasil, pode se dizer que, por aqui, a abordagem ainda é muito pequena. O avanço dos carros elétricos no país esbarra em três questões: tributação, infraestrutura e análise financeira. Até pouco tempo atrás, os veículos movidos por eletricidade eram tributados de forma mais cara do que os carros de combustão, mas atualmente aconteceu uma pequena redução das tributações.
A segunda questão, que é uma preocupação tanto dos fabricantes quanto de pessoas responsáveis por demais setores como, por exemplos, edifícios comerciais ou corporativos, é o desenvolvimento de infraestrutura para atender a essa demanda. É preciso se preparar para que haja postos de recarga suficientes, o que contempla não só um carregador para veículos, mas também disponibilidade de energia no local onde o mesmo estiver instalado.
Se você tomar como exemplo os grandes centros comerciais de São Paulo, para o aumento da demanda de energia em um prédio há uma certa burocracia e um custo elevado, pois são zonas que já estão saturadas na questão do consumo de eletricidade. Porém, a longo prazo, é possível ter um notável retorno, não só ecológico como também financeiro. Existem alguns estudos que revelam que o carro elétrico, apesar do inicial preço elevado, é um investimento muito mais vantajoso do que um veículo a combustão, uma vez que seu combustível tem menor custo.
Valoração
Muita gente se pergunta como é feita a tarifação da recarga de carros elétricos, mas vale ressaltar que isso é algo muito mais relacionado com a infraestrutura de abastecimento do que com a quantidade de consumo. Dependendo da tecnologia utilizada, cada usuário recebe um cartão de liberação, que mede o consumo da energia no eletroposto, direcionando o custo diretamente para sua conta. Desse modo, é possível fazer um rateio do consumo.
Em um condomínio, por exemplo, é viável ter um único carregador, com sistema de medição próprio, sem a necessidade de colocar um medidor por casa. Não é uma estrutura física e sim uma configuração do próprio equipamento. Assim, é possível separar o consumo por usuário, evitando conflitos internos.
E para facilitar ainda mais essa questão, recentemente a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) determinou regras para a regulamentação da recarga de carros elétricos, o que prevê um mercado livre. Dessa forma os carregadores passam a ser prestadores de serviço e não de venda de energia.
Quilometragem
Outra dúvida recorrente em torno dos carros elétricos está relacionada à questão da quilometragem. Esse tipo de veículo, a princípio, é pensado para circular na cidade, mas, atualmente, sua autonomia pode chegar a até 400km. Falando de um país com o tamanho do Brasil, é algo que funciona para viagens curtas, possibilitando a chegada de um estado a outro, por exemplo.
Mas, pensando em suprir essa necessidade, uma concessionária no sul do país está desenvolvendo uma rede de recarga rápida ao longo das rodovias. Então quando o motorista do carro elétrico parar no posto para realizar uma refeição, também poderá reabastecer a bateria. São recargas extremamente rápidas, que levam cerca de 30 minutos para que se complete o “tanque”.
Com tantos benefícios, mais do que uma tendência, pode se dizer que a utilização de carros elétricos já é uma necessidade. Na Schneider Electric, líder global na transformação digital em gestão da energia elétrica e automação, além da oferta de carregadores da linha EVlink, contribuímos junto aos principais órgãos regulamentadores da parte de equipamentos elétricos, em favor dessa questão. Mais do que lucratividade, nosso objetivo é a expansão e avanço dessa nova tecnologia que veio para beneficiar o planeta.
(Patricia Cavalcanti é diretora de Retail da Schneider Electric Brasil)