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Câmara Federal

Nelto quer candidato forte em Goiânia e Congresso contra corrupção

Deputado diz ao DM que pretende buscar candidatura viável na base de Ronaldo Caiado que possa vencer em Goiânia. Ele defende prisão em segunda instância

Considerado parlamentar tarimbado e que joga bem na situação e oposição, José Nelto (PP), que também é advogado, nunca está neutro em polêmicas. Seu primeiro cargo foi conquistado em 1983, quando se elegeu vereador por Goiânia através da era de ouro do PMDB. De lá para cá, jamais ficou sem uma cadeira na casa de leis ou administração pública. Para a Câmara Federal, se elegeu pelo Podemos em 2018. Em 2022, se reelegeu, agora no PP, após o antigo partido perder competitividade nas urnas. Em seu discurso de despedida na Assembleia Legislativa de Goiás, em 2018, foi emotivo. Disse que dificilmente retornaria como parlamentar àquela casa.

Assumiu o primeiro mandato federal ainda no rescaldo da comoção pela tragédia de Brumadinho (MG), quando o colapso de uma barragem da Vale deixou centenas de vítimas. Não demorou a se posicionar contra a corrupção dentro das mineradoras.

Nelto integrou a base que elegeu o ex-presidente Bolsonaro, mas jamais defendeu ideais antidemocráticos. Ao contrário, foi um dos primeiros parlamentares a condenar os atos terroristas de 8 de janeiro de 2023: “Sempre tive uma posição muito convicta sobre regimes totalitários, que, para mim, só servem para aumentar a corrupção, fazer o povo sofrer a partir do momento que neutraliza os direitos humanos. Não há nada mais justo e civilizado que a democracia”.

Em entrevista ao Diário da Manhã, ele fala das eleições municipais, do atual momento do presidente Lula e da expectativa de que o Brasil adote a prisão após a condenação de segunda instância.

DM - Os atos de 8 de janeiro impactaram o Congresso?

José Nelto - A democracia voltou mais forte do que nunca. Vencemos os atos terroristas e do trauma restaram instituições mais fortes e mais coesas. Sempre lutei, nas décadas de 60, 70 e 80, pelo fim do regime militar e não seria agora diferente. Devemos dizer em alto e bom som: 8 de janeiro, o dia da intentona golpista fracassou. Todo o meu apoio às medidas do ministro Alexandre de Morais. Nunca escondi isso!

DM - Como o senhor avalia os primeiros meses do governo Lula?

José Nelto - Lula tomou posse em um momento de polarização e isso é difícil. A primeira coisa que tem que ser feita é unir novamente o Brasil. Ele precisa encarnar o Nelson Mandela, evitar discursos inflexíveis e unir os brasileiros para que paremos de brigar.

DMQuais desafios e prioridades para o Brasil sob a ótica do parlamento?

José Nelto - Desafios são muitos, mas o principal deles é diminuir o tamanho do Estado, que hoje está obeso, inchado e quem paga por isso é a sociedade. Acho de extrema importância que consigamos fazer a reforma administrativa, que se ataque altos salários em todas as esferas do poder. Um exemplo são os vários tribunais existentes que podem tornar-se Varas de Justiça; é só copiar o modelo americano, pois sendo a Justiça uma só por que tantos tribunais? Também temos que focar na Reforma Tributária e Administrativa para que o país possa andar.

DM - Como está o projeto de lei de sua autoria que taxa as grandes fortunas do Brasil?

José Nelto - O Projeto de Lei Complementar 268/2020 está em trâmite na casa e apresentei por entender ser o Brasil um país rico, mas muito desigual. É devido a essa desigualdade que a gente vê hoje tragédias como a de São Paulo...pessoas são empurradas para morar em locais sem qualquer condição e em casas sem segurança. Não tenho nada contra os super-ricos, ao contrário, inclusive queremos fazer com eles um pacto social, pois o momento é deles também darem sua parcela para termos um país melhor. É o momento de ajudar quem fica oito, dez meses esperando na fila por uma cirurgia ou atendimento médico especializado. Precisamos gerar empregos, criar moradias acessíveis e dignas e saúde na hora que o cidadão precisa. Para mim, uma boa saída é investir em cursos técnicos. Temos que preparar o jovem, antes mesmo dele entrar na universidade, para que seja independente, seja uma pessoa que garanta seu sustento.

DM - A prisão após condenação em segunda instância tem chances de virar realidade. Qual sua posição sobre o tema?

José Nelto - Para mim, a PEC da 2ª Instância é tão importante que já devia ter sido aprovada no último mandato da Câmara. O Brasil não aguenta mais impunidade, que tem como consequências a violência e a corrupção que afetam diretamente a vida de todos. Em minha opinião, são três medidas muito importantes para o País e que precisam ser legalmente implementadas: a aprovação da PEC da 2ª Instância, o fim do foro privilegiado e o fim da remissão de pena e progressão de regimes para os chamados crimes hediondos. Nesses casos, o bandido deveria ser punido com 40 anos de prisão em regime fechado, sem direito a saída.

DM - Temos hoje um Congresso Nacional que, em grande parte, se elegeu na esteira bolsonarista. Como tem sido a convivência com o radicalismo?

José Nelto - Não acredito que os chamados ‘bolsonaristas’ cheguem a atrapalhar o andamento dos trabalhos. Além do mais, os parlamentares já lidaram, anteriormente, com uma parcela da chamada esquerda radical. Sempre tem, porque radicalismo existe, sempre existiu. Acontece que, com o passar dos dias, eles se ajustam. Também acho importante ter oposição clara. Só não podemos é aceitar o radicalismo cego. O interesse maior tem que ser o Brasil e não os partidos ou ideologias.

DMComo serão as eleições para prefeito de Goiânia?

José Nelto - Será bem disputada, porque, mais do que nunca, Goiânia precisa de um bom prefeito... um que seja moderno e arrojado. Goiânia tem hoje toda a sorte de problemas, o que faz com que caia a qualidade de vida da população e aumente os riscos de desastres. Um exemplo, Goiânia hoje é uma cidade impermeabilizada por asfalto e concreto e o resultado são córregos transbordando com as fortes chuvas. A população sofre com os transtornos causados a partir disso. Precisamos de novas saídas para o trânsito. A saúde municipal está na UTI. A Prefeitura de Goiânia é arcaica, funciona como em 1930, pilhas e pilhas de processos, secretarias com gestões ultrapassadas... a coisa não anda. E o Centro está um lixo, ninguém quer morar lá, acontece que o povo gosta, sim, de morar no Centro. Então é criar políticas para que o bom comércio e o morador retornem para o local. Precisamos pensar em um nome forte, para ganhar eleição...alguém que tenha visão moderna, não tenha medo de grandes desafios. Esperamos que o governador Ronaldo Caiado convide a base aliada para discutir e chegarmos, em consenso, a este nome. Goiânia clama por isso!

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