O imbróglio envolvendo a disputa pela direção estadual do PMDB pode estar longe do fim. As eleições, que estavam marcadas para acontecer nesta quinta-feira, na sede do partido, na Avenida Paranaíba, foi impedida pela Justiça. O ex-deputado estadual José Essado entrou com liminar na Justiça para barrar a realização do pleito. Erros formais na elaboração da ata de convocação das eleições teriam motivado o pedido. Com a eleição cancelada, a decisão sobre a direção do partido em Goiás pode ser remetida ao Diretório Nacional, que, ao invés de eleição, irá definir uma comissão provisória, que dará posse uma executiva, que terá prazo para promover uma eleição do diretório.
Esta pendenga jurídica motiva troca de acusações entre apoiadores dos três candidatos. Partidários do deputado José Nelto vêem no adiamento uma iniciativa para beneficiar o deputado federal Daniel Vilela. Aliados do ex-prefeito Nailton Oliveira defende a realização do pleito enquanto correligionários de Vilela desmentem as especulações.
A demanda jurídica é mais um fato que demonstra as dificuldades internas no PMDB, que nesta semana assistiu a tentativa fracassada de apresentar o ex-prefeito Iris Rezende como nome de consenso. O mesmo Iris um ano antes, sofreu desgastes na disputa com o empresário José Batista Júnior (Jr.Friboi) pela indicação na chapa majoritária. Como se vê as feridas na luta interna ocorrida nas eleições ao governo do Estado ainda não estão curadas.
Ontem, o ex-deputado federal Sandro Mabel saiu atirando contra a chapa de Nailton Oliveira, dizendo que este não havia cumprido um acordo. Ao DM, Nailton disse que não fez acordo algum, e que seu nome continua na disputa, e espera angariar o número necessário de votos para ser eleito.
O juiz Abílio Wolney Aires Neto determinou a suspensão da realização da convenção estadual. O advogado Dyogo Crosara informou que houveram várias irregularidades na convocação da convenção, o que motivou a ação, ajuizada pelo ex-deputado estadual José Essado. Em caso de descumprimento, a multa diária será de R$ 3 mil.
Na liminar, o juiz acata as alegações de Crosara. O advogado aponta que, entre outras irregularidades, não houve publicação no prazo correto do edital de convocação, vetando o conhecimento dos filiados ao evento. A direção do PMDB tem até 15 dias para apresentar recurso.
Reclamações
Vários peemedebistas – independente da facção ou candidato a que estão ligados -, reclamam que falta voz de comando por parte dos principais líderes da legenda, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela e o ex-prefeito Iris Rezende. “Líder é para decidir. Por que Maguito e Iris não convocaram uma reunião e jogaram água fria nesta disputa costurando o consenso? Não fizeram nada e aí o clima agora é de atrito”, reclama um delegado peemedebista.
A disputa interna no PMDB deverá ser decidida por 180 membros com direito a voto. O maior número de eleitores está em Goiânia que tem 30 delegados, seguida por Aparecida de Goiânia, com 13 e Trindade com 4. Um total de 36 prefeitos, além dos cinco deputados estaduais e dois federais têm direito a votar.
Candidatos
Nailton Oliveira é o candidato que tem apoio do casal Iris Rezende e Iris Araújo. Ex-prefeito de Bom Jardim por três mandatos ele foi presidente da AGM (Associação Goiana dos Municípios), ex-presidente e fundador da FGM (Federação Goiana de Municípios). Em tese seriam dele a maioria dos votos que Iris controla no PMDB de Goiânia e Trindade, tendo que buscar a maioria no interior do Estado, junto aos prefeitos e delegados.
Líder da bancada do PMDB na Assembléia Legislativa, José Nelto tem o apoio de quatro dos cinco deputados da legenda. Experiente, exercendo o seu quinto mandato de deputado, além de outros três como vereador da capital, José Nelto tem focado seu mandato como deputado de oposição na fiscalização do governo do Estado. Para tanto, organizou um site – Goiás Real -, onde são feitas cobranças e denuncias contra a administração do governador Marconi Perillo (PSDB). Desde que assumiu, tem feito périplos pelo interior do Estado, reorganizando a legenda. Foi o principal defensor da expulsão do PMDB dos prefeitos e vereadores que apoiaram a reeleição do governador Marconi Perillo.
O deputado federal Daniel Vilela está no seu terceiro mandato, sendo um como vereador por Goiânia, um mandato na Assembléia Legislativa e atualmente no exercício parlamentar na Câmara Federal. Tem posições claras como opositor ao governo do Estado. Na Câmara Federal tem se aliado aos setores mais conservadores da bancada peemedebista, sendo relator de projeto que muda a CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas, estabelecendo a possibilidade de terceirização de vários categorias na iniciativa privada e no serviço público. Tem o respaldo da ala maguitista do PMDB e é visto como um nome do PMDB para a sucessão estadual em 2018.
Sinal de alerta
Quais serão as consequências para o PMDB, caso se confirme uma nova divisão no partido? O racha na escolha da direção estadual pode refletir nas disputas municipais, atrapalhando os projetos de Maguito Vilela e de Iris Rezende? Estas são cobranças que estão sendo feitas aos principais líderes do partido. Dividido, o maior partido de oposição em Goiás é presa fácil para o governo do Estado.