Desde que o deputado federal e presidente estadual do PMDB, Daniel Vilela, foi citado por delatores da Odebrecht de receber, via caixa dois, doações financeiras da empreiteira para campanha eleitoral, lideranças expressivas do PMDB admitem a filiação do senador Ronaldo Caiado (DEM) ao partido como alternativa para a disputa ao governo de Goiás nas eleições do ano que vem.
Os prefeitos Adib Elias (Catalão), Ernesto Roller (Formosa) e Paulo do Vale (Rio Verde) e políticos próximos ao prefeito Iris Rezende, como a primeira dama Iris Araújo e o ex-prefeito de Bom Jardim e ex-presidente da legenda, Nailton Oliveira vêem como “bons olhos” a filiação de Ronaldo Caiado ao PMDB.
Os defensores da alternativa Caiado sustentam que o deputado federal Daniel Vilela está “fragilizado” como pré-candidato ao governo de Goiás desde que seu nome apareceu na lista de Fachin – políticos que receberam doações não legalizadas na campanha eleitoral de 2014.
Adib Elias foi o primeiro peemedebista a defender a filiação de Ronaldo Caiado para buscar respaldo a uma candidatura ao governo de Goiás pelo principal partido de oposição, o PMDB. “Fui o primeiro a vir a público dizer que catitu fora do bando é comida de onça. Caiado caminhou conosco em 2014 e o PMDB foi decisivo na sua eleição para o Senado. O correto é aglutinarmos a oposição e o senador filiar-se ao nosso partido”.
Ernesto Roller reconhece que o DEM tem pequena representatividade no interior do Estado e que o correto é Ronaldo Caiado filiar-se ao PMDB e buscar respaldo à sua pré-campanha ao Palácio das Esmeraldas. “Ronaldo Caiado é um parlamentar atuante, faz dura oposição em Goiás e reúne todas as condições de tornar-se um candidato competitivo ao governo”.
Paulo do Vale também aprova uma possível filiação de Ronaldo Caiado ao PMDB para ser candidato a governador em 2018. “Caiado é um líder nato, carismático e combativo. No DEM, sua candidatura a governador não teria a força como se representasse o PMDB”.
O prefeito Iris Rezende, em entrevista ao Portal Diário de Goiás, defendeu o ingresso de Ronaldo Caiado ao PMDB. A primeira dama Iris Araújo, nas conversas com lideranças do PMDB, em seu escritório político, diz aprovar a filiação do senador ao partido.
Crítico da atuação de Daniel Vilela no comando do PMDB de Goiás, Nailton de Oliveira (ex-prefeito de Bom Jardim e ex-presidente do partido), reconhece em Ronaldo Caiado uma das mais expressivas lideranças da oposição no estado e que o correto é “aglutinar forças” no mesmo partido. “Caiado tem adeptos, votos e fortalece a oposição ingressando no PMDB”.
Vai aguardar
Ronaldo Caiado tem dito que o DEM vai caminhar com o PMDB na sucessão estadual de 2018, mas prefere não avançar em relação a uma possível troca de legenda. O democrata tem ligações políticas estreitas com o prefeito Iris Rezende: em 2016, foi a primeira liderança oposicionista a defender candidatura do peemedebista à prefeitura de Goiânia e não esconde sua gratidão pelo apoio que recebeu à campanha, em 2014, para o Senado. “Nunca foi esquecer o apoio decisivo que tive do PMDB de Iris Rezende”, frisa o senador.
Há algumas semanas, Ronaldo Caiado fez questão de ressaltar, durante conversa com Daniel Vilela, Maguito Vilela, Iris Araújo e deputados estaduais, que, em 2018, o DEM vai aliar-se ao PMDB, independente de quem for o candidato a governador. “Vamos caminhar juntos nas eleições de 2018 porque o nosso projeto é derrotar o grupo político do governador que está no poder há 20 anos”.
Nas conversas internas com lideranças do DEM, Caiado tem dito que a oposição, depois de perder cinco eleições seguidas para o PSDB do governador Marconi Perillo, precisa, em 2018, aglutinar-se e preparar uma “forte e competitiva” chapa para governador, senadores, deputados federais e estaduais, reunindo o DEM, PMDB e demais legendas aliadas. “Não podemos nos dispersar, ao contrário, teremos que estar unidos para alcançarmos a vitória nas urnas, em todos os níveis”.
Sonho antigo
Ronaldo Caiado confirma ser um “sonho antigo” o de governar Goiás. Em 1994, o democrata disputou as eleições para governador, começou em primeiro lugar, mas não chegou ao segundo turno, disputado por Maguito Vilela (PMDB) e Lúcia Vânia (PP).