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Reestruturação cerebral materna durante a gravidez

Uma pesquisa inovadora revelou mudanças extensas no cérebro materno durante a gravidez, estabelecendo um marco significativo na compreensão da "matrescência"

Imagem ilustrativa da imagem Reestruturação cerebral materna durante a gravidez

A maternidade é um período de profundas transformações, não apenas físicas, mas também neurológicas. Uma pesquisa inovadora revelou mudanças extensas no cérebro materno durante a gravidez, estabelecendo um marco significativo na compreensão da "matrescência" - o conceito da gravidez como uma etapa de desenvolvimento na vida adulta.

Durante a gestação, o cérebro materno passa por um refinamento neuronal significativo, especialmente em áreas associadas à cognição social e ao processamento emocional. Esse processo envolve uma diminuição no volume da matéria cinzenta, que os pesquisadores sugerem ser um "ajuste fino" dos circuitos cerebrais, semelhante às mudanças observadas durante a puberdade.

A redução no volume da matéria cinzenta, que ocorre à medida que a produção hormonal aumenta durante a gravidez, é considerada um aprimoramento da especialização cerebral para tarefas parentais. Além das alterações na matéria cinzenta, a gravidez também afeta a integridade da matéria branca. Os principais tratos de matéria branca, que facilitam as conexões entre diferentes regiões cerebrais, mostram evidências de aprimoramento durante a gestação.

Essas alterações na matéria cinzenta e branca são consideradas melhorias na eficiência do cérebro para processar sinais relacionados ao bebê e promover comportamentos maternos. Notavelmente, algumas dessas mudanças neurais persistem por pelo menos dois anos após o parto, destacando o impacto de longo prazo da gravidez na estrutura e função cerebral.

Matrescência como Estágio de Desenvolvimento

A matrescência, termo cunhado pela antropóloga Dana Raphael na década de 1970, descreve a profunda transição para a maternidade como um estágio de desenvolvimento distinto, semelhante à adolescência. Este período é caracterizado por uma neuroplasticidade significativa, com o cérebro materno passando por uma extensa reestruturação para se preparar para as demandas da parentalidade.

O processo envolve não apenas mudanças físicas, mas também emocionais, psicológicas e sociais à medida que as mulheres se adaptam ao seu novo papel. As alterações cerebrais durante a matrescência incluem reduções no volume da matéria cinzenta, particularmente em regiões associadas à cognição social e à rede de modo padrão.

Essas adaptações neuroanatômicas são consideradas um aprimoramento dos comportamentos maternos e do processamento de sinais infantis. As transformações persistem além da gravidez, com algumas mudanças durando pelo menos dois anos após o parto, destacando o impacto de longo prazo da maternidade na estrutura cerebral.

Reconhecer a matrescência como um estágio de desenvolvimento normativo pode ajudar a desestigmatizar os desafios enfrentados pelas novas mães e promover uma compreensão mais holística da saúde mental materna.

Alterações Anatômicas Cerebrais no Pós-parto

O período pós-parto é marcado por mudanças anatômicas significativas no cérebro materno, com padrões distintos de alterações no volume de matéria cinzenta (VMC). Imediatamente após o parto, as mães exibem diminuição do VMC em várias regiões-chave, incluindo amígdala, hipocampo, córtex pré-frontal e ínsula.

Essas reduções são mais pronunciadas durante as primeiras 6 semanas pós-parto, um período caracterizado pela diminuição dos níveis de progesterona e reestruturação cerebral massiva. O volume da amígdala logo após o parto pode distinguir de forma confiável os cérebros maternos dos cérebros de nulíparas.

Algumas regiões cerebrais, como o córtex pré-frontal dorsomedial, não retornam aos níveis pré-gravidez mesmo 12 semanas após o parto. Aumentos no VMC são observados em partes do lobo parietal, córtex pré-frontal e mesencéfalo durante o início do período pós-parto.

Essas mudanças estruturais estão associadas ao apego materno e ao comportamento em relação ao bebê. Importante ressaltar que muitas dessas alterações cerebrais induzidas pela gravidez persistem a longo prazo, com estudos mostrando que a maioria das reduções de VMC ainda está presente seis anos após o parto.

Isso sugere que a gravidez pode levar a alterações permanentes na estrutura cerebral, potencialmente aprimorando comportamentos maternos e cognição social por anos.

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