O paciente, diagnosticado com HIV em 2009, desenvolveu leucemia mieloide aguda em 2015. Sem encontrar um doador de células-tronco com mutações em ambos os alelos do gene CCR5, os médicos optaram por uma doadora com apenas uma cópia mutada. Em 2015, ele recebeu o transplante e, após um mês, suas células-tronco foram substituídas pelas da doadora. Ele interrompeu a terapia antirretroviral em 2018 e, quase seis anos depois, não há evidências de replicação do HIV no paciente
A maioria dos transplantes de células-tronco de doadores com genes CCR5 normais resultou no reaparecimento do vírus em semanas ou meses. No entanto, este paciente, assim como um caso anterior conhecido como "paciente de Genebra", permaneceram livres do vírus por períodos prolongados sem terapia antirretroviral. Cientistas propõem que o tratamento antirretroviral reduz significativamente o vírus no corpo e que a quimioterapia antes do transplante elimina muitas células imunes hospedeiras, onde o HIV residual se esconde.
Este caso sugere que a cura do HIV pode não depender exclusivamente da mutação no gene CCR5. A substituição rápida e completa das células-tronco do hospedeiro pelas do doador pode ser um fator crítico. Além disso, o sucesso deste caso amplia o pool de doadores potenciais para transplantes de células-tronco, um procedimento arriscado geralmente reservado para pacientes com leucemia.
A descoberta abre novas possibilidades para tratamentos de HIV, incluindo terapias de edição genética como CRISPR-Cas9, que visam remover o receptor CCR5 das células de um paciente. Embora essas terapias ainda estejam em estágio inicial, elas podem ter um impacto significativo mesmo sem atingir todas as células infectadas.
O caso do "próximo paciente de Berlim" desafia a visão estabelecida sobre a cura do HIV e oferece novas esperanças na luta contra o vírus. Os cientistas continuam a investigar os mecanismos por trás desses sucessos, buscando ampliar as opções de tratamento para milhões de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo.