Cultura

Crônicas de uma viagem. Parte I: Londres

Fernando Boeira Keller

Publicado em 28 de julho de 2022 às 17:26 | Atualizado há 3 anos

Há três anos havia planejado uma viagem à Europa, com três destinos: Londres, Paris e Lisboa. Passagens compradas, hotéis reservados e, surpresa, uma pandemia cancelou todos os meus planos, que fez com que eu aguardasse ansiosamente por 2022, quando finalmente consegui pisar em solo estrangeiro em pleno verão no hemisfério norte.

A cidade de Londres me recebe com todo seu charme e exuberância, uma grande metrópole que desfruta de um clima ameno e trânsito organizado. Ao andar pelas ruas de Paddington, bairro onde me hospedei, me senti em um filme – as vias contavam com casas antigas, porém conservadas, e arandelas que iluminavam o caminho.

Os ônibus de dois andares da cidade e seus táxis pretos pareciam, sutilmente, remeter ao passado, ao manter o charme de uma cidade que abraça o presente e moderniza seu passado. É como se fosse uma viagem para séculos atrás, com alguns toques futurísticos.

Em Piccadilly Circus, o futuro abraça o passado, os grandes telões exibindo propagandas dividem espaço com prédios históricos do século XVIII, ao caminhar pela região, vê-se lojas internacionais e locais, restaurantes, pessoas conversando em diferentes idiomas e artistas anônimos a cantar nos grandes cruzamentos, com suas vozes que dão uma trilha sonora à cidade, impossível não pensar em Adele quando se está em Londres, por isso pedi que um dos cantores cantasse ‘Easy on me’, novo single da cantora britânica.

O Big Ben, à beira do Rio Tâmisa, marca a essência de Londres, a grande torre com o relógio no topo revela a singularidade da cidade ao longo do tempo e, através de seus ponteiros, vê o crescimento da cidade desde 1859. Seus vários museus contam histórias e ilustram, através de seus quadros, a potência artística a nível mundial, é impossível não se encantar com o Hyde Park – incrivelmente enorme e verde, onde pessoas aproveitam os dias mais longos para passear com os pets e ficar conversando sentadas na grama.

A diversidade cultural e a presença de diferentes etnias compõem uma Londres que acolhe e que representa cidades globais, é assim que a cidade toca para frente, com seus habitantes, nascidos lá ou não, denotando as múltiplas facetas dentro de uma mancha urbana com mais de oito milhões de moradores. Indianos, turcos, brasileiros, mexicanos, chineses, o mundo inteiro está lá.

Até me arrisquei a andar de bicicleta no parque, mas me perdi no meio do caminho e acabei em uma rua que não conhecia, mas como não havia pressa, vesti meu lado londrino e passeei por alguns bairros de bike e apreciava cada imagem, havia muitas mulheres de burca, homens voltando do trabalho vestidos de terno e gravata em bicicletas, bares cheios, os ruas com sentidos invertidos, museus, igrejas, pequenas praças, me senti dentro de um quadro exposto em galeria.

Como turista, observei também a vaivém no gigantesco metrô de Londres, onde a maioria dos passageiros liam atentamente os jornais que estampavam em suas capas a renúncia do primeiro-ministro Boris Johnson. De fato, um verão acalorado na Inglaterra.

Outro fato curioso sobre a cidade, o silêncio no metrô e o respeito ao próximo são levados a sério, não se ouve pessoas falando alto ou depredações, para uma cidade de 8 milhões de habitantes, me causou grande surpresa ver os túneis antigos bastante conservados e sem pichações.

O cheiro dos restaurantes nas ruas de Paddington é um paraíso para os amantes da culinária, restaurantes italianos ficavam ao lado de restaurantes indianos, brasileiros, ingleses, franceses, e por aí vai. Me aventurei em cada um, e não, não tenho um favorito, todos são incríveis para o paladar. Porém, a minha familiaridade com a comida italiana se aflorou mais ainda quando experimentei o verdadeiro ‘Gnocchi’, uma massa italiana, feita apenas molho de tomate e pouco tempero.

Após o jantar, vamos ao pôr-do-sol, eram 21h quando a cidade começava a escurecer e o sol se punha gradativamente, dando boa noite à cidade mais charmosa que visitei até então. Era minha última noite em Londres, mal dormi de tanta alegria por estar vivenciando uma realidade completamente diferente. Mas a história não termina aqui, próxima parada: Paris.

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