Inimigos que cada um traz dentro de si
Diário da Manhã
Publicado em 16 de março de 2018 às 23:06 | Atualizado há 7 anos
Todos temos nossas dificuldades e defeitos frente à sociedade e à vida; mas também, claro, todos temos nossas qualidades e virtudes. Quais pesam mais na balança, os defeitos ou as virtudes?… Eis a questão.
O quadro das deficiências que o ser humano apresenta, desde criança à fase adulta ou até o final de sua vida, poderia parecer desalentador, em muitos casos. Entretanto, isso não deve abater o ânimo de ninguém, pois é preferível conhecer que inimigos temos dentro, para combatê-los com lucidez mental, a ignorá-los, enquanto ficamos à mercê de sua influência, suportando docilmente a maioria dos desgostos e depressões que eles nos acarretam.
Esse é um tema que exige cuidados de quem o expõe, pois os exageros podem contribuir para criar ou aumentar um possível complexo de inferioridade em quem quer que seja. Por isso é importante que, ao se falar de defeitos, contemple-se também os meios para desembaraçar-se deles; e, ainda, que se abra o devido espaço para as virtudes.
Para os que se interessam pelo tema, há um livro que relaciona, lado a lado, os principais defeitos psicológicos do ser humano e as virtudes que os contrapõem. O mais importante: mostra os recursos para que o leitor possa superar suas possíveis deficiências.
Dentre os recursos que o autor apresenta há os que visam “neutralizar o complexo de superioridade que a maioria das pessoas apresenta em sua psicologia, que dissimula as falhas psicológicas que tanto afetam o desenvolvimento das possibilidades mentais e espirituais que todo ser humano possui”.
O livro a que nos referimos intitula-se Deficiências e Propensões do Ser Humano, do pensador e educador González Pecotche, e que pode ser baixado gratuitamente no site www.logosofia.org.br. Nessa obra, ele destrói a inconsistente afirmação de que pau que nasce torno morre torto, “pois que, ao modificar as causas que determinam a defeituosa configuração psicológica do indivíduo, modifica-se também a vida na totalidade de seu conteúdo”.
Quem acredita no ditado popular acima, ou na outra versão de que pau que nasce torto até a cinza é torta, estende um véu sobre sua própria realidade interna, fechando-se às possibilidades e oportunidades de se corrigir e enobrecer sua conduta, “sem perceber que tal coisa implica negar-lhe todo direito ao aperfeiçoamento e, do mesmo modo, negar a Lei de Evolução”.
Explica o autor que o fato de uma pessoa considerar que padece desta ou daquela deficiência nem sempre prova que esteja certa, já que com frequência isso provém do desconhecimento que tem de si mesma. Mas há também o lado oposto, em que alguns preferem ignorar seus defeitos.
A ciência criada por Pecotche, ao introduzir o homem em seu próprio mundo interno, faz com que perceba o erro de insistir em atitudes que entorpecem seu desenvolvi¬mento moral. Pouco a pouco ele compreende quão nociva é essa postura e quão valioso é o cultivo das qualidades que surgem espontâneas da alma, após a superação dos defeitos que a oprimem.
(Dalmy Gama, escritor, professor, docente de Logosofia)