Goiânia e Aparecida saem da lista de cidades mais violentas do mundo
Diário da Manhã
Publicado em 10 de março de 2018 às 01:04 | Atualizado há 4 meses
O ranking das cidades mais violentas do mundo, realizado com base nos números de homicídio em 2017, foi divulgado no início desta semana. Para Goiás, a novidade é que as cidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia não figuram mais na lista, que elenca as 50 cidades que possuem as maiores taxas de homicídio por habitante. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO), as duas maiores cidades de Goiás somaram 676 casos de homicídio em 2017. Com uma população total de 2 milhões de habitantes, as duas cidades juntas apresentaram uma taxa de 33,66 homicídios para cada 100 mil habitantes. A cidade mais violenta do mundo no ano de 2017, segundo o levantamento, é Los Cabos, no México, com uma taxa de 111,33.
A ONG Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública y Justicia Penal, da Cidade do México, que realiza a pesquisa, explica que calcula conjuntamente o índice de Goiânia e Aparecida porque elas formam um único aglomerado urbano, diferente de outras regiões metropolitanas. Mesmo que as duas cidades de Goiás tenham saído do ranking de violência, a taxa de homicídios ainda é considerada alta e está muito próxima da última cidade da lista. Cúcúta, na Colômbia, tem um índice de 34,78 homicídios para cada 100 mil habitantes e aparece na posição 50. O número da cidade colombiana é apenas 3% maior que Goiânia e Aparecida. O levantamento só considera cidades com mais de 300 mil habitantes.
No relatório de 2015, as cidades goianas apareciam entre as 30 mais violentas do mundo, na 29ª colocação. Naquele ano, 847 homicídios foram registrados, o que resultou em um índice de 43,89 homicídios para cada 100 mil habitantes, número 30% maior que o atual. Na época, a SSP-GO informou, por meio de nota, que o material produzido pela ONG “fundamenta-se em levantamento totalmente equivocado e que não se presta para análise séria e de conteúdo”. O órgão argumentou que, em 2014, quando o levantamento de Goiânia era feito sem os números de Aparecida, a capital estava na 23ª posição e que, em 2015, após somar os números das duas cidades, elas caíram para a 29º posição.
Já no levantamento de 2016, as cidades apareceram na 42ª posição, com 782 mortes contabilizadas e taxa de 39,48 homicídios para cada 100 mil habitantes. No relatório do ano passado, divulgado no início dessa semana, Goiânia e Aparecida não apareceram na lista das cidades mais violentas e o discurso da SSP sobre a pesquisa mudou. Por meio de nota, a pasta informou que “o estudo mostra que as ações do Governo de Goiás, por meio da SSP, para coibir o crime, estão no caminho certo”. O órgão disse ainda que “a atuação ostensiva das polícias, o serviço de inteligência e as ações de integração são fatores determinantes para a queda da criminalidade”.
No relatório, a ONG diz que o objetivo do ranking é pressionar os poderes públicos de cada cidade para a garantia de segurança da população. ““Fazemos esse ranking com o objetivo político cidadão manifesto de chamar a atenção para a violência nas cidades, particularmente na América Latina, para que os governantes possam se ver pressionados a cumprir seu dever de proteger os governados, para garantir o seu direito de segurança pública”. Dos 50 países mais violentos, 43 são da América Latina. O Brasil é o país que tem mais cidades na lista: 17. Fortaleza é a mais violenta do Brasil e a sétima no mundo, com 83,48 homicídios para cada 100 mil habitantes. Outro fator que chama atenção é que das 17 cidades brasileiras, 11 são nordestinas.
A ONG também ressalta que o relatório não é totalmente seguro, por conta do pouco tempo para levantamento dos dados. “O ranking não é 100% exato e, se fosse, perderia o sentido ou oportunidade principal. O ranking talvez seria 100% preciso se fosse feito dentro de 10 ou 20 anos. Desse modo, teria um valor para pesquisa histórica, mas não exerceria pressão sobre os cidadãos nem produziria mudanças nas políticas públicas”. A principal queixa da ONG sobre a coleta de dados das cidades brasileiras é quanto à falta de transparência das secretarias de segurança pública.
O Brasil registrou 61,6 mil mortes violentas em 2016, de acordo com o Anuário Brasileiro da Segurança Pública. O número, que contabiliza latrocínios, homicídios e lesões seguidas de morte, representa um crescimento de 3,8% em comparação com 2015, sendo o maior patamar da história do país. Em média, foram contabilizados 7 assassinatos por hora. Com o crescimento do número de mortes intencionais, a taxa de homicídios no Brasil por 100 mil habitantes ficou em 29,9.
Uma meta baixada em 2011 para concluir os inquéritos de homicídios abertos até 2007 em todo o país resultou num arquivamento em massa dessas investigações. No Estado do Rio de Janeiro, 96% dos inquéritos foram para os arquivos da Justiça, sem que as autoridades descobrissem quem foram os autores desses homicídios.