Entretenimento

Riscos da nanotecnologia para o trabalhador

Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 21:53 | Atualizado há 7 anos

Segundo a Organização In­ternacional do Trabalho (OIT), até 2020 cerca de 20% de todos os produtos manu­faturados no mundo serão base­ados no uso da nanotecnologia. Se por um lado esse avanço cien­tífico trará benefícios à humani­dade, como TVs, computadores e celulares cada vez mais mo­dernos, por outro vem deixando pesquisadores da área de saú­de e segurança dos trabalhado­res em alerta quanto aos riscos dessas novas tecnologias. “Hoje, inclusive, existe um ramo da to­xicologia chamado de nanoto­xicologia. Esse conhecimen­to científico tem que chegar aos trabalhadores, porque eles ain­da têm pouca informação sobre esses riscos”, explica Arline Syd­neia Abel Arcuri, pesquisadora da Fundacentro, instituição liga­da ao Ministério do Trabalho.

O uso amplo e diversifica­do de nanomateriais na indús­tria dificulta estimativas sobre o número de trabalhadores ex­postos aos efeitos ambientais e de saúde dessas tecnologias. Ainda há pouco conhecimento sobre os perigos, mas estudos técnicos apontam que estão associados a insumos e produ­tos intermediários utilizados na indústria, como dióxido de titânio, fulerenos, nanopartí­culas de ouro, nanopartículas de prata, nanotubos de carbo­no e polímeros, e a produtos fi­nais, como chips eletrônicos, displays, filtro solar, roupas in­teligentes e sensores gustati­vos, entre outros.

Os nanotubos de carbono, por exemplo, são úteis para in­dústrias de materiais plásticos, nas conduções térmica e elétri­ca, na construção civil, na pro­dução de carros e aeronaves e até mesmo na medicina. No en­tanto, seu potencial canceríge­no é semelhante ao do amian­to. “O nanotubo de carbono é muito tóxico”, alerta a pesqui­sadora da Fundacentro. Ou­tros nanomateriais, segundo ela, podem ser aspirados pelas narinas e chegar ao cérebro do trabalhador. “São riscos signifi­cativos”, diz Arline.

MUDANÇAS

Os avanços tecnológicos tam­bém estão por trás de mudan­ças no mercado de trabalho. De acordo com a pesquisadora, com a industrialização e a mecaniza­ção do trabalho, hoje se vê a ro­botização em várias atividades.

Da mesma forma, novos ti­pos de trabalho, como o es­tilo Home Office (em casa), também são favorecidos pelas tecnologias modernas, mas podem ter impactos na saúde do trabalhador. “Tanto os tra­balhadores quanto as empre­sas que estão começando a usar novas tecnologias devem se preocupar com o que vai acontecer daqui para a fren­te”, diz Arline.

FÓRUM

Essa preocupação levou a Fundacentro a iniciar ações nesta área, como o “Estudo preliminar dos impactos da nanotecnologia para a saúde dos trabalhadores”, que vem gerando pesquisas bibliográ­ficas, eventos e palestras para ampliar a discussão e o conhe­cimento dos trabalhadores so­bre o assunto.

A instituição também reali­zou o Pré-Fórum Mundial Ci­ência e Democracia – Ciência, Tecnologia e Democracia em Questão, no último dia 7 de fe­vereiro, em São Paulo. O objetivo do evento foi propiciar a discus­são do tema, com a participação de pesquisadores, trabalhadores envolvidos com as novas tecno­logias e estudantes, abordando três eixos de debate: “Avaliação e governança das novas tecnolo­gias”, “Ciência e tecnologia para o desenvolvimento social” e “Pesquisa científica – para que e para quem”. O debate deve pros­seguir com a participação de re­presentantes da Fundacentro no Fórum Mundial Ciência e De­mocracia, de 13 a 27 de março, em Salvador (BA).

 

EXEMPLOS DE NANOMATERIAIS

  1. a) Insumos e produtos in­termediários

– Dióxido de titânio

– Fulerenos

– Nanopartículas de ouro

– Nanopartículas de prata

– Nanotubos de carbono

– Polímeros

  1. b) Produtos Finais

– Chips eletrônicos

– Displays

– Filtro solar

– Roupas inteligentes

– Sensores gustativos

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias