Opinião

Filosofia Waldorf amplia aprendizado de crianças e adolescentes

Diário da Manhã

Publicado em 29 de novembro de 2016 às 01:02 | Atualizado há 8 anos

Diante da crise existencial na educação, precisamente, na do ensino médio, onde professores, especialistas e a sociedade organizada estão em pé de guerra com o governo federal, buscando melhor adequação para a Medida Provisória 746/2016, outros métodos pedagógicos crescem no país.

Um deles é a pedagogia Waldorf, a qual utiliza a filosofia de ensino centrada na atividade física e aprendizado por meio de tarefas práticas e criativas. Aparentemente, esse novo método parece ser um bicho de sete cabeça, por ser diferente do que a maioria das pessoas tem como referência de escola. Entretanto, a pedagogia tem muito a nos ensinar.

De fato, ele é encarado do ponto de vista físico, anímico e espiritual, e o desabrochar progressivo desses três constituintes de sua organização é abordado diretamente na pedagogia. Assim, por exemplo, cultiva-se o querer (agir) através da atividade corpórea dos alunos em praticamente quase todas as aulas; o sentir é incentivado por meio de abordagem artística constante em todas as matérias.

Além disso, ela conta com atividades artísticas e artesanais, específicas para cada idade, cultivado paulatinamente desde a imaginação dos contos, lendas e mitos no início da escolaridade até o pensar abstrato rigorosamente científico no ensino médio.

O fato de não se exigir ou cultivar um pensar abstrato, intelectual, muito cedo é uma das características marcantes da pedagogia Waldorf em relação a outros métodos de ensino. Assim, não é recomendado que as crianças aprendam a ler antes de entrar na primeira série.

Outra característica marcante nessa filosofia é a de que nas escolas Waldorf não utiliza computadores como forma do saber antes do ensino médio, pois acreditam que o computador força um pensamento lógico-simbólico.

As escolas Waldorf são totalmente livres do ponto de vista pedagógico, pertencendo em geral a uma associação beneficente sem fins lucrativos. Idealmente, a administração escolar é feita pelos próprios professores ou pais. Esses contribuem também para o saber dos pequenos. Cada escola é independente da outra. A única filosofia que as unem é o ideal de concretizar e aperfeiçoar a pedagogia de R.Steiner, visando formar futuros adultos livres, com pensamento individual e criativo, com sensibilidade artística, social e para a natureza, bem como com energia para buscar livremente seus objetivos e cumprir os seus impulsos de realização em sua vida futura.

Na prática, durante os oito anos do ensino fundamental cada classe tem um único professor que dá todas as matérias principais, isto é, fora artes, artesanato, educação física e línguas estrangeiras, as quais são consideradas como de suma importância para o seu desenvolvimento. Já no ensino médio há um professor que, durante os quatro anos, assume o papel de tutor da classe. O médico escolar tem nas escolas Waldorf um papel fundamental de apoio médico-pedagógico aos professores, e deve conhecer profundamente a pedagogia.

Conforme dados do Ministério da Educação, no Brasil há mais de 100 escolas Waldorf ou de inspiração Waldorf (sem contar jardins de infância isolados), sendo sete só em São Paulo (três com ensino médio). A mais antiga, existente desde 1956, é a Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo, que tem cerca de 850 alunos e 75 professores. Agregado a ela há o curso mais antigo de formação de professores Waldorf no Brasil, reconhecido oficialmente.

Em 2010, segundo o site da Federação das Escolas Waldorf no Brasil, há um total de 73 escolas Waldorf reconhecidas por ela, com 2050 professores e 2500 alunos de jardim de infância, 4180 alunos no ensino fundamental, 580 no ensino médio.

No Brasil, espera-se que os formados no ensino médio ainda façam um semestre ou um ano de cursinho para entrar nos cursos superiores mais concorridos, se bem que tem havido muitos casos de aprovação no vestibular nas melhores universidades, sem cursinho. Em geral, os ex-alunos entram em faculdades de procura média sem necessidade de preparo adicional.

A Pedagogia Waldorf foi introduzida por Rudolf Steiner em 1919, em Stuttgart, Alemanha, inicialmente em uma escola para os filhos dos operários da fábrica de cigarros Waldorf-Astória (daí seu nome), a pedido deles. Distinguindo-se desde o início por ideais e métodos pedagógicos até hoje revolucionários, ela cresceu continuamente, com interrupção durante a 2ª guerra mundial. Essa filosofia é eficiente, pois permite com que a criança e/ou adolescente exercite o intelecto, criando maneiras práticas para obter resultados lógicos, sejam eles pessoais ou profissionais. Para se ter ideia, atualmente, esse ensino conta conta com mais de 1.000 escolas no mundo inteiro.

 

(Acaray M. Silva, jornalista, pós-graduado em comunicação em marketing digital, [email protected])

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