Pacificação
Diário da Manhã
Publicado em 13 de outubro de 2018 às 23:47 | Atualizado há 7 anos
Entendo por pacificação o reestabelecimento da paz. Tenho certeza também que esse é um clamor silencioso de muitas pessoas que já não consegue ter tranquilidade com os intensos bombardeios em função do atual momento político brasileiro.
Tenho acompanhado via redes sociais, televisão e diversos meios sejam digitais ou impressos o que eu chamo de momento negro. Há ataques disparados vindo dos dois lados dessa atual disputa presidencial. Outro dia me manifestei nas minhas contas de rede sociais que não me enviassem material de cunho político-partidário em canais privados de comunicação. Isso para mim é uma baita falta de respeito. Eu não quero ser subjugado por ditas “opiniões verdadeiras” vindos dos eleitores de ambos os candidatos. Quero ter a coerência e exercer de forma democrática o debate para a escolha. Um debate onde seja imperativo o diálogo amistoso, respeitável e acima de tudo esclarecendo dúvidas e questionamentos. Isso é muito diferente de quando alguém simplesmente se irrita caso você não partilhe de mesma opinião e tenta lhe subjugar e a todo custo provar que você está errado.
As pessoas esquecem que nós somos uma construção contínua de ideias, pensamentos, ideologias por toda a vida e isso começa no berço. Se a partir do momento em que você compreende o outro em suas diferenças e aceita suas divergências a propositura deve ser de um diálogo em que se tenha consenso afim de promover pacificação social e democrática.
Não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que não discuto política. Discuto sim, mas entre os meus, no meu círculo familiar e íntimo. Ás vezes fico nervoso, chateado e acabo dizendo um pouco além, mas no fim, a unidade familiar, o respeito, o entendimento sempre prevalece. É nessas horas que a gente aprende que o ser humano é uma máquina fantástica. Lhe provoca as mais diversas sensações, desde empatia e sentimentos de não empatia. Isso é normal e inerente ao ser humano. As diferenças existem e elas são fundamentais para que nós possamos entender melhor o mundo, as pessoas e a partir daí saber usar isso em benefício próprio na construção de um saber mais evoluído e embutido com as mais diversas opiniões, sejam semelhantes ou diferentes.
Tenho acompanhado com muita tristeza ataques de natureza pessoal, difamatórias feitas por milhares de pessoas de ambos os lados nesse momento delicado. Mas tenho visto raramente alguém que se pronunciasse de forma neutra, tentando promover a paz social e construindo pontes para o diálogo em meio a tantas diferenças.
Pode parecer utopia o que desejo. Mas o que eu entendo por democracia é a construção de um diálogo entre pessoas de diferentes credos e vertentes políticas em que cada um expõe suas formas de ser e ver o mundo sem que haja ataques a dignidade humana. Entendo por democracia uma sociedade justa, fraterna, coerente e com responsabilidade para com todos, independente de sua opção política.
Houve um tempo, anos atrás, em que eu publicava nas minhas redes sociais materiais de cunho político-partidário. Houve um tempo em que eu fazia parte de pessoas que queriam impor e só aceitar a própria opinião. Os tempos passam e o amadurecimento vem na forma de desejar somente que nosso país seja um lugar melhor para se viver, independente de quem está no poder. Desejo que o Governante aja com sabedoria, respeito e busque um diálogo de entendimento para com seus adversários. Que não seja corrompido pelas facetas enigmáticas do poder. Que resgate no seu âmago um desejo de um Brasil melhor, resgatando a inocência de uma criança que não enxerga diferenças. Enxerga paz, fraternidade e desejo de união.
Façam a escolha do seu candidato, mas lembrem que os seus semelhantes não precisam pensar como você. Basta que o pensamento comum de todos nós seja a pacificação social e procurar o verdadeiro exercício da cidadania e democracia.
Redes sociais para mim, nas palavras do meu pai, são inutilidades diárias em que nos divertimos e podemos nos distrair um pouco em meio ao nosso intenso dia-a-dia. Cada um tem liberdade de fazer o que quiser. Obviamente, 90% ou mais das publicações nas redes tem sido sobre política. Fico feliz pelo interesse, mas reprovo veemente a maneira como tem acontecido, a ponto de abalar relações pessoais. É preciso repensar a própria postura, antes de criticar a escolha do outro. Você tem o direito de discordar, mas jamais de ferir a dignidade humana do outro. Que possamos viver em paz. Recebam o abraço de um desconhecido como eu que somente lhe deseja que você esteja em paz e livre para fazer suas escolhas.
(Ricardo Carneiro Rocha Licenciado e Bacharel em Educação Física)