Cultura

“Gosto de pintar como se estivesse fotografando sonhos”

Diário da Manhã

Publicado em 10 de agosto de 2016 às 02:26 | Atualizado há 4 meses

Zdzislaw Beksinski nasceu em Sonak, no sul da Polônia. Ele é mais conhecido por seu trabalho como pintor, ma também traz em sua obra fotografias, ilustrações, escultura e design gráfico. Autodidata, Beksinski não teve uma educação formal no campo das artes. Graduou-se em engenharia arquitetônica e fez mestrado em ciências técnicas. É conhecido principalmente por sua história de vida cheia de momentos trágicos, seu humor excêntrico, e por suas obras que transmitem obscuridade, principalmente as do “período fantástico”, que durou até meados dos anos 1980. Sua família é bastante conhecida na Polônia. O artista foi morto em 2005, aos 75 anos, pelo filho de seu cuidador, depois de se recusar a emprestar cerca de 300 reais ao assassino.

Começou a ficar conhecido como pintor no início dos anos 1960. Antes disso, nos anos 1950, passou alguns anos exercendo sua profissão acadêmica nas cidades de Cracóvia e Resóvia, trabalhando para uma construtora de ônibus. Ele era responsável pelo design do corpo dos veículos. Sua primeira exposição de sucesso foi realizada em Varsóvia, capital da Polônia, no ano de 1964. Na ocasião, todas as suas pinturas expostas foram vendidas. A maioria de suas obras foi feita a óleo, em painéis de fibra que ele mesmo confeccionava. Beksinski se recusava a criar títulos para seus trabalhos, e não organizava suas próprias exposições. Ele creditava a música como sua maior fonte de inspiração. Teve algumas de suas obras usadas como capa de discos de metal.

Apesar da arte de Beksinski apresentar um teor agressivo, o pintor era conhecido por ser uma pessoa simpática, agradável e com um senso de humor afiado. Em 1984 firmou contrato com um negociador de artes da França, que ficou encarregado de promover suas obras por vários anos. O “período fantástico” de sua carreira, que durou até a metade dos anos 1980, é sua fase mais reconhecida internacionalmente. Nesse período, ele criou imagens bastante perturbadoras, mostrando ambientes surreais e pós-apocalíticos em cenas cheias de detalhes. Os trabalhos dessa época lidam com temas como morte e apodrecimento, através de paisagens preenchidas com esqueletos, figuras deformadas e desertos.

Tais pinturas trazem muitos detalhes expressivos, revelando a grande precisão e perfeccionismo de Beksinski. Nos anos 1980, ele chegou a afirmar: “Gosto de pintar como se estivesse fotografando sonhos.” A partir do fim daquela década, o pintor passaria a dedicar-se a um estilo mais abstrato de pintura, o qual manteve até o fim de sua vida. A influência da descoberta do computador e da internet é uma das temáticas que ele abordava nessa fase. Os anos 1990 foram bastante difíceis para Beksinski. Sua esposa Sofia faleceu em 1998. Um ano depois, na véspera do Natal de 1999, seu filho Tomasz, um célebre radialista na Polônia, cometeu suicídio. O filme The Last Family, do diretor Jan P. Matuszyński, lançado no último dia 4, foca no relacionamento entre a família de Beksinski.

Legado

O artista foi assassinado em seu apartamento em Varsóvia em fevereiro de 2005 pelo filho de seu cuidador, um jovem de 19 anos. O pintor foi esfaqueado após se recusar a emprestar dinheiro a ele (cerca de 300 reais). O assassino, Robert Kupiec, que mais pouco tempo depois confessaria o crime, foi julgado e condenado a 25 anos de prisão. Também foi preso Lukasz Kupiec, cúmplice do crime, que foi sentenciado a cinco anos de prisão. Beksinski tinha 75 anos. Sua última pintura, “Y”, foi concluída no dia de sua morte.

Beksinski não se considerava muito influenciado pelo cinema, pela literatura, ou pelo trabalho de outros artistas, e declarava que não ia com muita frequência a museus ou exibições artísticas. O artista admitia que nem ele mesmo entendia completamente o resultado de seus trabalhos, o que tornava-os abertos para qualquer interpretação. A maior coleção de trabalhos do artista encontra-se exposta no Museu Histórico de Sanok, gerenciado por Weslaw Banach, um amigo de longa data do pintor. A banda norueguesa de metal cristão Antestor utilizou a pintura “O trompetista” como capa de seu disco Omen, lançado em 2012. “Nossa música representa os sentimentos mais monstruosos de nossa condição humana, como na pintura”, afirmaram os membros da banda.

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