Passagem pela terra
Diário da Manhã
Publicado em 12 de dezembro de 2015 às 23:21 | Atualizado há 9 anosDesde a antiguidade existe a teoria da Reencarnação. Originou-se do Leste, mas também é encontrada na Grécia.
Ela ensina que a alma entra nesta vida, não como uma criação recente, mas depois de um longo curso de existências prévias, nesta terra e em outros lugares… e que está à caminho de futuras experiências.
A preexistência do Espírito com relação ao corpo vivificado por ele é a base fundamental para a Teoria da Reencarnação.
Querendo saber sobre o objetivo da encarnação, verifique no Livro dos Espíritos de Allan Kardec, FEB Editora, várias questões sobre o tema.
No capítulo II da primeira parte, da referida obra, fala-se da encarnação dos Espíritos. Na questão 132 fica claro o objetivo dessa didática divina da evolução: aperfeiçoamento, porque crescer, progredir, é lei da vida.
Pode ser imposta para acelerar a perfeição, mas pode também ser uma missão.
Poderá funcionar com uma espécie de castigo – na verdadeira acepção do termo: tornar casto, tornar puro. Nesta situação, o Espírito sofre constantes percalços na existência. Estará expiando, sentindo na própria experiência de vida os males que impôs a quantos prejudicou. Mas não é sempre assim.
Há ocasiões em que o Espírito aprende a suportar a parte que lhe toca, na obra da criação. Para que isso ocorra, em cada mundo onde vive a experiência necessária ao seu adiantamento, estará ele imbuído de recursos que facilitarão o cumprimento das ordens de Deus.
Dessa forma, ele se adianta. E estará contribuindo para a marcha progressiva do Universo, pois a ação dos seres corpóreos é necessária à já referida marcha evolutiva.
É uma forma do homem aproximar-se do Pai Celestial, pois tudo é solidário na Natureza.
Não tendo alcançado a perfeição durante a vida corpórea, como poderá a alma elevar-se? Só através de uma nova experiência no corpo. . .
E a alma passa por muitas experiências corporais. Há muitas opiniões contrarias a essa afirmação, que parte do desejo de que ela não seja verdadeira, por puro medo de ter que se confrontar com a sua inevitável realidade.
Afinal foi o medo exacerbado da imperatriz Teodora, ex– cortesã, mulher do César romano – Justiniano que fez desaparecer dos textos do cristianismo primitivo as alusões à reencarnação. Leia sobre o Concílio de Constantinopla II, no ano de 553 dC e informe-se mais sobre essa trama feminina.
O que se busca alcançar com a reencarnação, como vimos, é o melhoramento progressivo da humanidade.
O progresso de cada um dependerá do maior ou nenhum esforço que cada qual fará, por se adiantar.
Vai a criatura de Deus caminhando segundo a sua vontade, pois irá em busca de sua bem-aventurança e depois de sua última encarnação, será um bem-aventurado Espírito puro, não mais sujeito a reencarnar-se. Confira essa informação entre as questões 166 e 170 do livro acima referido.
Allan Kardec foi preciso nos relatos dos “cases” do livro O Céu e o Inferno, onde analisa, com a inferência dos instrutores espirituais a situação precária, perigosa ou vitoriosa trazendo vários relatos que esclarecem bem a situação dos vários tipos de encarnação. Encarnação feliz ou expiação e prova. Relataremos o caso de um menino , Marcel, que consta do livro O Céu e o Inferno:
Internado num hospital de província , um menino de 8 a 10 anos impressionava por sua deformidade inata. Muito magro, em chagas, corpo contorcido, dominado pela dor constante, apresentava inteligência notável. O médico que o assistia tornou-se seu amigo ,pois ele não tinha parentes e quase ninguém o visitava.
Um dia o garoto pediu ao doutor que lhe desse mais vezes o comprimido para aliviar-lhe a dor, pois tinha dificuldade em orar a Deus a quem pedia forças para não incomodar os outros enfermos e para dormir, pois só assim não incomodava ninguém. O médico não entendia como uma alma nobre habitava um mísero corpo. Os últimos pensamentos desta criança, ao desencarnar, foram para Deus e para o caridoso médico que dela se condoeu.
Decorrido algum tempo, sendo seu Espírito evocado, foi-lhe perguntado se seus sofrimentos eram expiação de faltas anteriores.
Respondeu: “Não seriam uma expiação direta, mas asseguro-vos que todo sofrimento tem uma causa justa. Aquele a quem conheceste tão mísero, foi belo, grande, rico e adulado. Com muitos haveres, fui fútil e orgulhoso.
Anteriormente, reneguei a Deus, prejudiquei meu semelhante, mas expiei, cruelmente, primeiro no mundo espiritual e depois na Terra.
“ Os meus sofrimentos de alguns anos apenas, nessa última encarnação, suportei-os eu anteriormente, por toda uma existência que raiou pela extrema velhice. Por meu arrependimento reconquistei a graça do Senhor, o qual me confiou muitas missões, inclusive a última, que bem conheceis. E fui eu quem as solicitou, para terminar a minha depuração”.
Ao final desta etapa, livre de todas as impurezas da matéria, não mais subjugado pela dor, informou o comunicante: “Todos que me observaram, viram que a criança não murmurava; hauriram nesse exemplo a calma para os seus males e seus corações. Se tonificaram na suave confiança em Deus, pois outro não era o fim da minha curta passagem pela Terra”.
(Elzi Nascimento, psicóloga clínica e escritora / Elzita Melo Quinta, pedagoga, especialista em Educação e escritora. São responsáveis pelo Blog Espírita: luzesdoconsolador.com. Elas escrevem no DM aos domingos – E-mail: [email protected] / (062) 3251-8867)