Parque onde menino morreu eletrocutado não tem alvará
Diário da Manhã
Publicado em 9 de novembro de 2015 às 06:50 | Atualizado há 9 anosRIO — O Looping Parque, onde uma criança morreu e outra ficou ferida ao receber uma descarga elétrica na entrada de um brinquedo na noite deste domingo, não tem autorização para funcionar, segundo o advogado Hugo Novaes, que defende o estabelecimento. O parque de diversões foi instalado recentemente no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. O acidente aconteceu por volta das 21h, segundo parentes das vítimas. Samuel Goulart Freire dos Santos, de 6 anos, chegou a ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da comunidade, mas não resistiu aos ferimentos.
— O parque não tem alvará. Não possui autorização da prefeitura. Por isso, não estava operando normalmente. Estava em fase de testes há duas semanas. Mas um funcionário acabou abrindo o parque. Ainda não sei o motivo. O parque não vai fugir de suas responsabilidades — garantiu o advogado. — Estamos preocupados única e exclusivamente, neste momento, com as famílias, para que tenham esse momento de sofrimento reduzido. Vamos cuidar do funeral. Precisamos saber a causa da morte da criança, o que a levou a óbito. A empresa se solidariza com os parentes e se colocou à disposição para arcar com todos os prejuízos emocionais que eles estão sofrendo neste momento. Já conversamos com os responsáveis e nos colocamos à disposição para resolver qualquer problema e eventuais despesas financeiras e burocráticas.
Peritos da Polícia Civil estão analisando o local do acidente na manhã desta segunda-feira. O parque fica localizado na Avenida Itaoca e estava há cerca de duas semanas no terreno. De acordo com a mãe de Samuel, a dona de casa Paula Andreia Freire Costa, de 38 anos, eles estavam prestes a ir embora, quando o menino quis ir em um último brinquedo chamado Surfe. Ela disse que, após Samuel receber a descarga elétrica, ainda tentou tirar o filho do local, mas não conseguiu.
— Quando subiu as escadinhas ele ficou agarrado. Eu peguei o Samuel, puxei e tomei um choque. Tentei de novo, mas quando ele caiu (no chão) acho que já estava morto — lamentou a mãe do menino, que estava com a outra filha, de 9 anos. Ela também viu a cena. — Eu tinha um casalzinho, mas Deus me levou um.
Paula relatou ainda que viu fios no chão na área do parque próximo ao brinquedo. O material não estava desencapado. Mesmo assim, de acordo com ela, deu medo já que havia chovido no local.
— Eles (o parque e os funcionários) precisam estar preparados para isso. Talvez o local devesse estar fechado — afirma ela, antes de, emocionada, falar sobre o filho. — O Samuel estudava e era bem falante. O xodó do pai e dos avós.
Já Arlex Jorge, de 29 anos, pai de Guilherme Furtado Jorge, de 8 anos, que ficou ferido pela descarga elétrica, contou que não hesitou em salvar o menino. Arlex disse que a criança chegou a perder momentaneamente os movimentos das pernas:
— Meu filho estava preso à descarga. Em questão de segundos, dei um ou dois passos para trás e me joguei até meu filho, consegui tirá-lo de lá e o levei para o hospital.
O menino também foi socorrido na UPA do Complexo do Alemão. De acordo com o Arlex, o médico da unidade disse que a perda do movimento teria sido causada pela eletricidade. Mas ele já dava sinais do retorno da locomoção.
O caso foi registrado na 44ª DP (Inhaúma). Durante a madrugada desta segunda-feira, os responsáveis pelas crianças foram até a unidade policial para prestar depoimento. Nos dois casos, os pais afirmaram que nenhum representante do parque atuou no socorro dos meninos. O advogado do parque Hugo Novaes também compareceu à delegacia.