Frank Aguiar: “Agora quero ser só artista”

Para quem cresceu no auge dos programas de auditório de domingo, Frank Aguiar é uma figura bastante marcante pela irreverência, presença de palco, chapéu e cabelão. Dono do gritinho que é marca registrada em suas apresentações, revelou por telefone ao DmRevista as últimas andanças de sua carreira de mais de 25 anos, com passagens como político e como apresentador de programa.

Seu mais novo CD, Um show de sucessos, lançado no último dia 11, traz boa parte dos hits imortais de sua carreira com arranjos atuais e uma pegada mais moderna. “É importante reacender a história. Hoje em dia as coisas estão bem diferentes, os temas mudaram e a linguagem atual é muito rápida. É preciso acompanhar a tendência e reviver temas imortais para as novas gerações”, afirma.

Para chegar ao resultado de seu novo trabalho, Frank conta que passou por uma fase de pesquisa para encontrar no próprio público uma continuidade para sua carreira. “Fizemos reuniões com públicos de várias idades. Desde os mais velhos até os mais jovens, pra discutir sobre o que as pessoas querem ouvir. Além dos sucessos antigos também experimentamos algumas novas canções”.

Referências

Desde o lançamento de seu primeiro disco, em 1992, Frank passou por muitas mudanças na sua forma de enxergar o mundo, em meio às viagens e novidades. “Me orgulho em ser uma referência no forró. Já levei o forró pros Estados Unidos, pra China, pro Japão… No início, quando eu saí do nordeste, ainda existia muita discriminação. Encarar a cidade grande é um desafio pesado, exige muita fé e determinação. É chuva, é frio, os obstáculos são muitos”.

Sobre as origens, ele ressalta a admiração por Luiz Gonzaga. “Sempre enxerguei nele um ídolo. As pessoas nunca se esquecem, mesmo com o passar do tempo. É o que eu queria pra mim, ser lembrado pelo meu trabalho”. Perguntado sobre o que anda escutando ultimamente, ele fala do sertanejo e do forró como uma combinação de prazeres. “O Brasil é um país continental, é preciso ter união para que as coisas funcionem. Gosto muito da música sertaneja, meu próximo DVD vai ter participação de Jorge & Matheus”.

Sobre a realidade da fama, o cantor lembrou que ela não deixa de ter seu lado negativo. “Percebi que eu era realmente famoso depois de aparecer Faustão. O número de pessoas nos shows aumentou muito. Houve ocasiões em que não havia espaço para todos. Já tentaram me assaltar várias vezes, era preciso andar com seguranças e muita gente não entende isso, pensa que o artista perde a humildade quando fica famoso. Tem as calúnias, a falta de liberdade, a saudade da família. É preciso ter muito foco e vontade de trabalhar para lidar com tudo isso”.

Fora dos palcos

Frank Aguiar justifica seu trabalho fora dos palcos como uma forma de retribuir o sucesso e o carinho do público. “O amor pelas origens, pela solidariedade é o que me fazem buscar novos meios de ajudar. É nisso que se sustenta minha carreira como político e como apresentador de programa”. Através do Programa Frank Aguiar, veiculado no Piauí pelo canal Meio Norte, adquiriu a alcunha de Gugu do Nordeste. “Esse apelido está ligado ao caráter social do programa. Toda semana uma família participa e nós ajudamos com algumas dificuldades”.

Sobre política, ele diz que não se arrepende de ter entrado, mas que passou por várias dificuldades. “A polícia me trouxe muitos prejuízos. As pessoas acabam generalizando a má imagem da classe, e você acaba se queimando. Existe inveja e existe calúnia. Minha intenção era de retribuir o sucesso de alguma forma. Acabei fazendo uma faculdade prática na política, e aprendi muito com isso. Mas não quero pra vida inteira. Agora quero ser só artista”. Ainda durante a entrevista, ele falou do carinho que sente por Goiânia e promete voltar em breve depois de concluir seu próximo DVD, que será gravado em dezembro.